Voltando ao passado
Era uma noite gostosa entre 1982 e 1983 (não lembro exatamente o ano), eu com meus 8 anos estava lá na velha Baixada, sim aquela antiga, que muitos (inclusive eu) têm saudades. Era um jogo contra o Londrina; o Atlético venceu por 2 a 1 e até hoje eu não sei por que tenho esse jogo gravado na minha memória. Sinceramente, não lembro se esse dia foi o primeiro, de tantos outros, que eu pisaria no Santuário Rubro-negro.
De lá pra cá, mais de 20 anos se passaram. Lembro bem do título de Campeão Paranaense de 1988 contra o Pinheiros, os jogos no Erton Coelho de Queiroz e no Pinheirão, lembro do título de 1990 em pleno Alto da Glória, lembro dos seguidos Atletibas com mais de 50.000 pagantes do Estádio Couto Pereira… Aquilo era adrenalina pura, calar o estádio deles com muito menos torcedores e vendo o time se superar em campo era simplesmente mágico, uma magia indescritível.
Vi e convivi com times tecnicamente muito fracos, muito piores do que temos em 2007. Estive por muitos anos no Pinheirão, aquele lugar fétido e horrível, lugar que serviu como nossa casa. Toda minha juventude futebolística foi no Pinheirão, mas nada paga a alegria de voltar à nossa Baixada, antes Joaquim Américo, hoje Kyocera Arena por motivos comerciais. Mas tudo bem, o que importa é que a nossa casa precisa voltar a brilhar, voltar a ser aconchegante e voltar a estremecer as suas estruturas. Se relembrar as festas e a força da nossa torcida no Pinheirão e no Couto Pereira me faz bem, imaginem lembrar de todas as festas que aconteceram e podem acontecer dentro da Arena da Baixada.
Em 1999, no dia do meu casamento, o Atlético goleava impiedosamente o Cruzeiro na final do Torneio Seletivo por 3 a 0 em plena Arena da Baixada. Eu mentiria se falasse que estava lá; estava em casa, tenso e me preparando para um dos dias mais importantes da minha vida. No jogo da volta perdemos em Belo Horizonte, mas conquistamos a vaga para a disputa da nossa primeira Taça Libertadores da América.
Depois desse feito inédito, outras conquistas vieram, mas alguns jogos ficarão eternamente gravados em minha memória. Os jogos da fase final do Campeonato Brasileiro de 2001 eu jamais esquecerei, aquele memorável 5 a 2 contra o São Caetano em 2004, o jogo contra o Chivas em 2005, todos esses e muitos outros não citados tem uma pitada diferente, em todos eles a torcida do Atlético mostrou que dentro de casa o time era imbatível, em todos eles o show mostrado nas arquibancadas ultrapassou as fronteiras inter-estaduais e até intercontinentais.
Em 2005 surgiram os mosaicos, uma forma diferente de reverenciar o time e mais do que isso uma forma diferente de se torcer. A estréia foi contra o São Paulo, o primeiro de todos; fomos os pioneiros no Brasil. Sim, a nossa torcida é diferente, a nossa torcida tem um plus, só nós sabemos a força que tem a torcida do Atlético. Os jogos contra o Nacional e contra o River Plate foram sensacionais, pela plástica dos mosaicos, pelo futebol apresentado em campo e pela festa proporcionada pela fanática torcida atleticana.
O jogo do próximo domingo contra o Atlético Mineiro passa longe de ser uma final de campeonato ou uma partida que defina quem se classificará numa competição sul-americana, mas tenho certeza que a festa que a torcida do Furacão vai proporcionar será digna das melhores feitas dentro da Arena da Baixada. Faixas, bandeiras, bateria, isso tudo pode fazer eu voltar ao passado e lembrar como era bom torcer pelo Atlético dentro do Joaquim Américo, dentro da velha e mágica Baixada. Tudo isso em sintonia para empurrar o Atlético para cima do clone mineiro e conseguir uma arrancada para definitivamente espantar o fantasma do rebaixamento.