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9 set 2007 - 19h02

Recordar é viver

Este meu texto, vou fazer questão de escrever o meu passado, vou citar 3 jogos memoráveis do nosso Furacão, e junto deles, os acontecimentos ocorridos comigo.

Em 1997 eu estava no Exército, pobre soldado, louco para que passasse aquele ano logo, eu tinha alergia daquela farda, não sei o porque, os médicos diziam que era o tecido, para mim, o responsável era aquelas horríveis cores, não combinava comigo. Eu servi no 27º BLog, aqui pertinho de casa, tirava serviço como louco. Em um belo final de semana, eu estava de folga, que maravilha, eu poderia ir assistir o meu querido Furacão e fazer uma visitinha para a minha eterna vózinha no Hospital Cajuru, pois ela havia sofrido um acidente, mas nada grave, teria somente quebrado o joelho.

O jogo de domingo era entre Atlético e Paraná. Eu e meu pai saímos de casa cedo, passamos no hospital visitar a vó Cema e depois fomos até o Pinheirão assistir o jogo. Chovia demais, nós temíamos que o jogo seria cancelado, não deu outra, o trio de arbitragem entrou em campo e viu que aquele campo não tinha condições de jogo. Pronto, o jogo foi cancelado. A noite, nos programas esportivos anunciaram que o jogo estaria marcado para a noite de segunda-feira. Eu fiquei puto da vida, com ódio, pois na segunda-feira eu estava na escala de serviço e como todo mundo já conhece, o regime militar é complicado, seria impossível eu sair naquele dia para ver o meu Furacão.

Eu fui dormir pensando o quê fazer, mas sem pensar acabei dormindo. Acordei pela manhã, e fui ao quartel. Me apresentei ao comandante de dia com a minha FAO e começei o serviço. Na hora do almoço, fui até o rancho e começei a conversar com o soldado Rodrigues. Ele era um laranjeira, morava no quartel. Eu chamei ele em um canto e disse:

-Rodrigues, será que você poderia tirar o serviço para mim a partir do expediente? eu tenho um compromisso muito grave para resolver. Ele me respondeu:

-Sem problemas Dalazuana, só que você vai ter que avisar o Comandante da Companhia.

Ufa, até aí tudo, bem, o pior estava por vir que era convencer o Comandante da Companhia para me liberar à noite. Eu sabia que tinha que falar algo que tocasse em seu coração, algo emocionante, pois se eu falasse a verdade, iria escutar um NÃO na cara, fora a gozação dos antigão, seria um caso de colocar em um Boletim Informativo para toda a Companhia saber, pois um soldado teria pedido ao Comandante o afastamento do serviço para ir assistir um jogo de Futebol! (risos)

Como a minha vó estava internada no hospital, resolvi colocar a pobre vó Cema na história, que sacanagem, que ela e Deus me perdoe pela minha história que eu tive que contar para o Comandante. Vou tentar contar todos os detalhes da nossa conversa, olhem só o que aconteceu.

Cheguei na sala do comandante, continência e falei: -Com licença comandante, preciso falar com o senhor. Entre Soldado Dalazuana, o que você tem a me dizer?

-Pois bem Tenente Ostan, hoje eu estou de serviço só que me ocorreu um imprevisto, tenho que sair as pressas após o expediente. A minha avó acaba de falecer em Ponta-Grossa, toda a minha família está indo para lá, eu não posso deixar de ir, preciso me despedir do minha avó.

Primeiramente, o Tenente Ostan me deu as condolências, na hora eu tinha que demostrar tristeza, mas por dentro eu estava vibrando de alegria, pois se ele me disse isso, ele vai me liberar:

-Meus pêsames Dalazuana, quantos anos a sua vó tinha? – 71 Tenente. Do que que ela faleceu? Infecção generalizada. Onde ela morava mesmo? Ponta-Grossa Tenente, perto do quartel e da Coca-Cola. Tudo bem soldado, você pode ir sim, só que você terá que arrumar alguém para ficar em seu lugar. Em polgado mas sem poder demostrar eu respondi: -Sim senhor, eu já arrumei. O soldado Rodrigues vai assumir após o expediente.

O Tenente se levantou, me deu a mão, me comprimentou, me desejou uma boa viagem e falou: -Dalazuana? só não esqueça do Atestado de Óbito, isso aí você terá que me apresentar quando chegar, pode ser uma fotocópia. Ui, fui rápido e respondi: -Nossa senhor, me decepcionei agora, poid eu venho te fazer um pedido, pois estou passando por um momento triste e o senhor tem a capacidade de duvidar das minhas palavras, pedir o atestado de óbito é sacanagem, meus tios ficaram indignados com a postura imposta pelo senhor. O Comandante olhou nos meus olhos, pensou uns 3 segundos e respondeu: -Esqueça Dalazuana, pode ir!

Continências, eu me virei, saí da sala e fui obrigado em ir até o banheiro, já com o sorriso estampado no rosto, lavei as minhas mãos e minha boca e pedi perdão a Deus. Eu olhei no espelho e começei a dar risada do momento. O que a gente não faz pelo Atlético.

O expediente acabou, peguei a minha bicicleta e me mandei para casa. O jogo era entrada franca, já liguei para o meu primo Edu, peguei o meu pai e fomos para o jogo. Na ida falei para o meu pai e meu primo: -Caso o time perder hoje, vai ser um castigo que Deus vai me dar, pois a minutos atrás, tive que inventar uma histporia cabeluda para o Comandante. Entramos no estádio, o Pinheirão lotado, foi uma grande festa. O Paraná abriu o placar com um gol de Tico. Meu primo olhou para mim e disse: -Olhe aí Elirian, ninguém mandou você mentir? Eu respondi: -Calma Edu,de virada é mais gostoso. Este jogo era o primeiro jogo do Paulo Miranda jogando contra o seu ex-time e era a estréia do Luisinho Neto e do Fabio Mello que vieram do São-Paulo na troca pelo lateral Alberto.

Não deu outra, em uma falta batida pelo canhão Andrei, o goleiro Rpegis espalmou a bola na frente do matador Paulo Rink, 1 à 1. Ainda no primeiro tempo, após uma cobrança de escanteio, o Andrei que estava no segundo pau, pegou de primeira o rebote da zaga e fez um golaço, 2 à 1. No segundo tempo, fechamos o caixão com um gol de Oseias que entrou com bola e tudo. Atlético 3 à 1, festa da torcida atleticana.

No outro dia eu fui para o quartel, não aconteceu nada, o Tenente não me procurou, foi tudo normal, ainda bem, porque se o tenente me chamasse ele iria perceber que eu estava rouco, sem voz de tanto vibrar.

Este foi o apuro que eu passei naquele ano de 1997. Dois anos depois, em 1999, teve aquela famosa Copa Sul. Quem não embra daqueles dois Atletibas no Cocho Pereira. Agora eu vou contar mais uma historinha em que novamente a protagonista foi a minha querida vó Cema.

Eu era catequista da Igreja Católica, em nosso grupo, tinha um amigo nosso que estava passando por dificuldades, ele tinha câncer no Fígado. Depois de muitas orações, bingos para arrecadar dinheiro, nossa, nos doamos por uns 6 meses somente para ver esse nosso amigo viver novamente, pois a situação dele era de chorar, mas, um belo dia, o médico anunciou que o seu figado estaria de formando novamente, ele não precisaria operar, somente continuaria a tomar alguns remédios, uma quimioterapia bem tranquila. Nossa minha gente, isso foi um milagre, o Ari estava recuperado, não deu outra, fizemos uma grande festa para comemorar a VIDA do nosso amigo.

Neste dia ocorreu o primeiro Atletiba, aquele show, 3 à 0 ficou barato. Infelizmente eu tive que deixar o meu Atlético de lado, eu não fiu para o estádio, fui comemorar a VIDA junto do meu amigo. Tive que me contentar em ouvir o jogo no rádio. Estavam nesta festa os únicos netos da minha vó Cema, todos integrantes do grupo de catequese; eu, minha irmã Andreia, meu primo Edu e sua irmã Ana Paula. A festa rolava normalmente, eu e meu primo contentíssimo, pois o Atlético goleou, era só alegria, até que recebemos uma notícia desagradável, tinhamos que ir para casa, pois a minha avó estava passando mal. Pegamos o carro e fomos até a casa da vó, chegando lá, vimos o meu vô sentado em sua cadeira de balançoe o médico ao lado aplicando uma injeção nele. A gente perguntou: -Cadê a vó, não era ela que estava passando mal?

Quando eu me dei conta, ohei para o lado e ví a minha vó deitadinha no sofá dormindo, aquele sono profundo…ela acabara de falecer, sofrera um infarto. Pronto, a minha segunda mãe foi embora, mas deixou muitos exemplos para nós. Na hora, eu tive que esquecer de tudo, do Atlético, dos meus amigos e lembrar somente da minha querida vó Cema, ela foi um anjo na vida de quem a conheceu. Eu só tenho a agradecer a Deus por ele colocar ela na minha vida.

Passamos aquela semana de luto, no próximo sábado foi reaizado a missa de 7º dia. Quantas saudades, mas no domingo mais um Atletiba estava por vir. Eu conversei com o meu pai, falei para ele que não teve como comemorar aquela vitória passada, em respeito à minha vó, eu não fui no segundo jogo mas caso o Atlético vencesse, eu iria comemorar sim, sem problemas. Na hora do jogo eu estava na igreja, estava sendo realizada um bingo. Eu fui lá ajudar a turma e é claro, com o radinho junto para ouvir o jogo do Furacão. A cada gol, a festa era grande, 3 à 1. No bingo haviam muitos coxas chorando, amigos meus se lamentando, mas não tinha como não tirar sarro, eu fui até em casa, peguei o meu bandeirão e levei lá na igreja para comemorar e provocar os pobres coxinhas.

É isso torcedor atleticano, foi dificil eu escrever sobre a minha vó Cema, sempre que eu me lembro dela, eu sinto uma saudade imensa, eu choro, eu me recordo de tudo que passamos juntos, mas como esta história envolve a nossa Paixão, eu resolvi contar à vocêis.

Espero que nunca tenham que mentir para assistir um jogo ou que na hora da festa, vocêis sejam supreendidos com uma notícia desagradável. Mas tudo tem sentido, a vida é assim. Um abraço à todos. Um grande beijo minha eterna vózinha, que saudades dessa velhinha alto astral, valeu vó, muito obrigado. Valeu Tenente Ostan, me desculpe!



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