Sai das trevas, Furacão
Volte ser o campeão
Para ferver o Caldeirão
Não importa aonde esteja
Não importa aonde vá
Eu sou da Ultras, a melhor do Paraná.
O principal grito de guerra da Torcida Organizada Ultras do Atlético é uma espécie de segundo hino para os cerca de 120 integrantes da torcida. Mas segundo hino mesmo, porque para os membros da organizada, o Atlético vem sempre em primeiro lugar e depois a torcida. Neste mês de setembro, a Ultras do Atlético comemora 15 anos e para marcar o fato a Furacao.com fez uma entrevista especial com Marcelo Lopes, o Rato, um dos fundadores da Ultras, no Slaviero Braz Hotel.
A torcida nasceu oficialmente no dia 18 de setembro de 1992. A estréia oficial no estádio foi num Atletiba, no Couto Pereira, com a presença de 16 integrantes. E logo no primeiro jogo, a organizada já mostrou a que veio: inovar na festa das arquibancadas, levando uma faixa de plástico no estádio do adversário.
O tempo passou e a Ultras cresceu em 2000, a torcida chegou a ter 1200 torcedores. Cresceu e trouxe mais inovações. Eu fiz uma torcida não para competir, mas para ser totalmente organizada. A nossa organização é o que faz a diferença. A primeira torcida que usou as faixas verticais no estádio no Brasil foi a gente. Eu sabia que dava certo porque a torcida do Atlético de Madrid faz isso e todas as torcidas do México também fazem, conta Rato. Outras inovações também foram lançadas, como a fumaça vermelha para saudar o time em campo e a utilização de papel picado para recepcionar o time. Na Argentina, jogar papel picado é uma saudação, um respeito ao clube. Implantamos esse conceito por aqui também, diz.
Todo o conceito que envolve a Ultras está em torno da organização. A torcida nasceu com a filosofia de ser 100% organizada, movida apenas pela paixão de se torcer pelo Atlético, num conceito aprendido por Marcelo quando morou na Europa. Na Europa, eu viajava com 3, 5 mil pessoas junto com a torcida do Porto. Lá, todo mundo presta conta e há diálogo entre o clube e a torcida. Em 1991, quando eu voltei para o Brasil, propus ao Sozzi e ao Belotto (então principais lideranças da Torcida Organizada os Fanáticos) para implantar esse conceito de organização dentro da torcida. Propus a eles construir sede, prestar contas, ser organizado e mostrar a todos que você é organizado. Como a idéia não foi aceita, pedi para sair (naquela época ele era membro da diretoria da Fanáticos). E montei uma torcida para ser melhor. Não para ser maior, mas para ser melhor e mais organizada, explica Rato.
O nome escolhido (Ultras do Atlético) e o símbolo (um escorpião) também demonstram o comprometimento e a filosofia da torcida. Na Europa, Ultras significa torcida organizada. Então, para traduzir, seria Torcida Organizada do Atlético. Quanto ao escorpião como símbolo, Rato explica que esse animal jamais se acovarda. Se você colocar um escorpião no vidro ele se pica e morre. Ele prefere se mutilar do que se entregar ao inimigo. Ele é um ser-vivo que não se entrega, prefere a morte a se entregar ao inimigo, explica.
Segundo Marcelo, o amor pelo Atlético é o combustível básico para a existência da Ultras. A Ultras existe porque existe um sentimento tão grande, tão grande pelo Atlético que a gente precisa viver Atlético o tempo todo. A torcida organizada, antes de ser torcida organizada é o clube. O associado da Ultras tem que ser o clube antes da torcida. Eu sou Atlético e depois Ultras. É assim o nosso amor, revela.
Confira alguns detalhes da Torcida Organizada Ultras do Atlético, na entrevista exclusiva que a Furacao.com fez com um dos fundadores da organizada, Marcelo Lopes, o Rato:
Como surgiu a idéia de montar uma segunda torcida organizada do Atlético?
Em 1989, eu fui morar em Portugal para fazer um curso. Por gostar muito de futebol, acabei conhecendo um membro da torcida Super Dragão, do Porto. Comecei a ir com ele nos jogos do Porto, viajei para vários lugares para ver o Porto. Eu viajava com a torcida em 3, 5 mil pessoas, não dava briga e o clube ajudava a torcida. Lá na Europa, todo mundo presta conta e há diálogo entre o clube e a torcida. Em 1991, quando eu voltei para o Brasil, propus ao Sozzi e ao Belotto (então principais lideranças da Torcida Organizada os Fanáticos) para implantar esse conceito de organização dentro da torcida. Propus a eles construir sede, prestar contas, ser organizado e mostrar a todos que você é organizado. Como a idéia não foi aceita, pedi para sair (naquela época ele era membro da diretoria da Fanáticos). E montei uma torcida para ser melhor. Não para ser maior, mas para ser melhor e mais organizada.
A idéia era mostrar uma torcida totalmente organizada?
A nossa organização é o nosso diferencial. Eu fiz uma torcida não para competir, fiz para ser a melhor torcida organizada do país. E também levei para dentro da torcida coisas bonitas que aprendi enquanto morei fora do Brasil. A primeira torcida que usou as faixas verticais no estádio no Brasil foi a gente. Eu sabia que dava certo porque a torcida do Atlético de Madrid faz isso e todas as torcidas do México também fazem. É interessante para tornar a torcida mais bonita. Mas eu jamais quis competir com ninguém.
Qual foi o grande momento da Ultras nesses 15 anos?
Em 2000 tínhamos 1200 torcedores. É impressionante. Eu fiz a torcida para ser melhor, para que todas as pessoas do Atlético participassem. E 2000 foi o grande referencial da nossa torcida, porque estávamos num tamanho que muita gente duvidava e a ente podia crescer ainda mais. (no final de 2000, alguns integrantes da Ultras entraram em atrito com membros da Fanáticos, inclusive gerando uma briga com facas dentro da Arena. Assim, os torcedores optaram por dar um tempo nos estádios, realizando apenas campanhas sociais)
Como é hoje o relacionamento de vocês com a Fanáticos?
Temos respeito e admiração pela Fanáticos, por tudo o que eles fazem e já fizeram pelo Atlético.
Qual o jogo inesquecível do Atlético para a Ultras?
A final do Campeonato Paranaense, em 1998, contra o Coxa. O Flávio aqueceu e jogou com uma camisa da torcida por baixo da camisa do clube. No primeiro gol do Atlético, ele virou para nós e gritou: esse título é de vocês. Ali mudou o comportamento da torcida. Ele sabia da nossa luta para ir no jogo e isso transformou a nossa torcida. A gente, mesmo quando vai em 20 no estádio, ninguém fica parado o jogo inteiro.
Como vocês encaram o sentido da torcida organizada para o clube?
A torcida organizada serve para ajudar o time. Não pode comandar o time, tem que ajudar. No Atlético, se for pensar, tem tanta coisa que acontece que se não fosse o sentimento de gostar do Atlético eu já tinha largado. Mas a gente gosta do Atlético, por isso não tem como desistir.
Qual o perfil do torcedor que hoje se associa à Ultras?
Hoje temos 120 integrantes. São na maioria jovens, entre 14 e 19 anos. Então, a gente tem uma responsabilidade muito grande, porque ajudamos a formar o torcedor. Em atividade eu sou hoje o torcedor organizado mais velho do Atlético. então, essa história toda que carregamos e a exaltação do sentimento pelo Atlético preciso transmitir. Eu acho que nasci Ultras mas não sabia.
Reportagem: Gustavo Rolin, Patricia Bahr e Priscila Pacheco
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