"Subir pra quê?", por Jones Rossi
Mais de 30 mil pessoas nos últimos jogos. Média de 14 mil no campeonato. Arrecadação beirando os R$ 500 mil nos últimos jogos. Há muito tempo que o Coritiba não vivia uma fase tão boa. Na última Copa Libertadores que disputou, em 2004, nem chegou perto destes números. Afinal de contas, vale ou não vale a pena subir para a Série A?
Depende. Perguntem ao Santa Cruz, ao América-RN e ao Marília. O primeiro, graças aos grandes gastos feitos na Série A em 2006, já voltou para a Segunda Divisão e caminha para a Terceira. O segundo subiu sem ter as mínimas condições e já estava praticamente rebaixado antes do fim do primeiro turno. Já o terceiro esteve na boca para subir algumas vezes nos últimos anos, mas o próprio presidente diz que a Série B, pelo menos para o seu time, é mais lucrativa que a Série A.
Nenhum dos três casos é o Coritiba. Ao cair, nunca esteve ameaçado pela Terceira Divisão. Na Primeira não deverá repetir o melancólico América-RN. E a Segunda só foi lucrativa pela perspectiva de subir. Por isso a torcida foi. Jamais, para o Coritiba, será mais lucrativo ficar na Série B.
Mas chegou a hora de decidir o que o Coritiba quer na A. Agora ele voltará a ter seu desempenho comparado diretamente aos rivais. Não haverá lua de mel se perder para o Paraná Clube (que não vai cair) e ao Atlético-PR, seu grande rival. Isto, porém, nem é o mais importante. O Coritiba se apequenou nacionalmente. Na prática, seus resultados nos últimos anos se equivalem aos do Juventude.
Enquanto o Atlético criou rivalidades extra-estaduais contra Fluminense, Vasco, São Paulo, Santos e Grêmio, o Coritiba e os coxa-brancas se especializaram em torcer para estes times contra o Atlético. A rivalidade estadual contra o Atlético vinha arrefecendo devido ao período sem clássicos entre os dois times. Uma manjada jogada de marketing reavivou a rivalidade que nos campos estava em estado latente. Nada mais que uma continuação da política da administração Gionédis, que busca manter a grandeza do Coritiba mantendo a rivalidade com o Atlético viva.
Resta ao Coxa, agora, passada a euforia da ascensão, decidir o que quer ser na Série A: rival do Atlético ou um grande clube.
PS: Maior sinal de como o Coxa virou um time inofensivo nos últimos anos é esta nota do Grêmio parabenizando pela conquista da vaga na Série A. O time serviu apenas como objeto para provocação barata ao Atlético. Se o Coritiba ganhasse regularmente dos grandes clubes jamais seria tão efusivamente saudado por um deles.
Publicado originalmente no De Primeira.