Morumbi é reprovado no primeiro teste para 2014

O Morumbi foi reprovado no primeiro teste para sede da Copa do Mundo de 2014. Um giro rápido em torno do estádio foi suficiente para se acompanhar diversas irregularidades e para se perceber que o representante paulista ainda engatinha no quesito organização. Trânsito caótico, restrição para o trabalho da imprensa, falta de informação sobre portões de acesso – embora seja importante ressaltar a boa vontade de alguns policiais – e fiscalização precária fora do estádio.

Quatro horas antes do início da partida, vendedores ambulantes e fiscais da prefeitura batiam boca por causa das restrições quanto à instalação de barracas de lanches e bebidas nas proximidades do palco do jogo entre Brasil e Uruguai. Os comerciantes levaram a pior e acabaram impedidos de vender seus produtos.

A prefeitura baixou uma portaria na qual proibiu a presença dos ambulantes em toda a região do estádio. Eles, no entanto, conseguiram um alvará dando condições de trabalho que, no fim, não valeu nada. "Eles não estavam com TPU (Termo de Permissão de Uso) em dia", alegou Maurício Pinterich, subprefeito do Butantã. "Eles têm de pagar uma taxa trimestral."

Os vendedores rebateram e disseram que tudo estava em ordem. "A gente apresentou os TPUs, mas eles exigiram boletos bancários. Só que há muito tempo eles não os imprimem, de propósito", reclamou Maurício Monteiro Ferrarezi, advogado dos ambulantes, que deixaram o local revoltados.

Muitos torcedores acabaram reclamando da falta de opções de alimentação. Viam-se obrigados a desembolsar valores mais altos para a aquisição de produtos vendidos nas dependências do Morumbi. Para diminuir o impacto dos problemas, a Sabesp distribuu água de graça. "Ou eles comem em casa ou dentro do estádio", disse Pinterich, ao falar da proibição do trabalho dos ambulantes. "Onde há aglomeração de torcedores, há mais meliantes."

Outro sofrimento foi com o trânsito. Diferentemente do que houve no Rio (no mês passado) e Lima (no domingo), em que veículos não podiam se aproximar do estádio no dia do jogo, no Morumbi a movimentação era livre, o que causou enorme congestionamento, principalmente no portal principal do estádio. Policiais tentavam evitar problemas com torcedores que se arriscavam e atravessavam as ruas no meio dos veículos. Um motoqueiro acabou caindo e demorou a receber atendimento. A ambulância não conseguia chegar ao local.

Alguns ambulantes ilegais conseguiram driblar a segurança e, na cara de policiais, ofereciam refrigerantes e cervejas sem serem incomodados. Flanelinhas também conseguiram causar problemas. Chegaram a cobrar R$ 100,00 para ?cuidar? de carros. Em meio à confusão, cinco jornalistas uruguaios tiveram a credencial roubada nas proximidades do Morumbi.

Mas houve quem comemorasse. Organizadores do evento venderam espaços no Morumbi para a realização de festas para vips, com direito a comida, bebida, muita música e belas modelos desfilando, algumas com roupas de super-heróis. Tudo bem organizado, não fosse a localização. O espaço foi montando bem no acesso dos jornalistas aos vestiários e às arquibancadas. "Vocês têm de se locomover por fora do estádio. Pagamos por este espaço", comentou uma das organizadoras da festa.

Seguranças diziam cumprir ordens da Federação Paulista de Futebol (FPF). J.B. Telles, responsável pelo credenciamento dos jornalistas, também foi barrado e reclamou demais da bagunça. "No fim do jogo vamos passar por ali, nem que seja na marra."

São Paulo pretende fazer a festa de abertura do Mundial de 2014. Mas sabe que, para isso, precisará melhorar muito em uma série de quesitos. Seu maior concorrente é Belo Horizonte, palco do duelo com a Argentina, em junho de 2008. O Maracanã receberá a final.