O Atlético e a Imprensa – Cumplicidade de interesses
O Atlético precisa da Imprensa, como a Imprensa precisa do Atlético.
Li, atentamente, o contraponto do atleticano Conrado, a respeito do cerceamento do trabalho da Imprensa no Atlético, respondendo ao meu texto anterior.
Creio que devo responder.
Primeiro, não é função do Atlético ensinar a Imprensa a trabalhar. A função de aprimorar os jornalistas é das universidades e dos empresários e editores.
Segundo, não escrevi que as portas têm que estar abertas 24 horas por dia para a Imprensa. Há que haver normas, sim, mas não tão rígidas como as que existem hoje.
Defendo um trabalho profissional e competente de Relações Públicas e de Assessoria de Imprensa, porque sei, por conhecimento e experência que isso funciona – e bem.
Claro, sempre haverá os maus profissionais da Imprensa. Mas, como já disse outras vezes, o Atlético, como empresa privada, tem o direito de credenciar a quem desejar, para acesso ao CT e à Arena. As ovelhas negras podem ser não-credenciadas – e que bufem!
Para os casos de difamação, calúnia e danos morais, há a Lei e a Justiça a serem acionados.
Com profissionalismo, ética, bom senso, simpatia, conforto, companheirismo e facilitando o trabalho dos jornalistas (que precisam de fatos novos todos os dias e de visões diferentes das dos seus concorrentes) pode-se, a médio e longo prazo, melhorar estas relações e colher belos frutos.
Como fazem os grande times do mundo. Como é que vocês acham que Milan consegue ser o clube mais admirado e divulgado do Mundo? Brigando com os jornalistas? Muito pelo contrário – trata a todos maravilhosamente e é adorado pela Imprensa. Ou não é?
Especulações, polêmicas, criticas, boatos? Sempre haverá. Cabe a um porta-voz credenciado e respeitado informar, desmentir ou confirmar a informação.
Não, não é preciso que o Petraglia ou o Fleury se apresentem todos os dias diantes dos microfones. Uma boa assessoria faz isso.
O que não pode é querer pasteurizar a notícia, via site oficial, esperando que todos divulguem apenas o que o Atlético deseja e quer.
Isso não é bom jornalismo, nem é do interesse da Imprensa.
Bom jornalismo requer confirmar informações em diversas fontes em convenhamos, nem sempre a palavra oficial corresponde 100% aos fatos.
A Imprensa, Conrado, não pode ser alimentada apenas pelos press-releases do site oficial do Atlético, como na vida real também é. Tem que ir buscar mais informações, outras versões do fato, beber em outras fontes.
Às vezes, erra. Muitas vezes, acerta.
No futebol não é diferente da política, da economia, do noticiário estadual, nacional ou internacional. Quanto mais fontes de informação foram consultadas, menor a chance de errar.
O que defendo, como sendo uma melhor alternativa para o nosso Atlético, é um trabalho mais profissional, mais aberto, mais livre (mesmo que com horários e regras básicas – e com credenciamento prévio dos profissionais que poderão entrar no CT e na Arena).
Falta, também, um relacionamento maior de dirigentes do Atlético com os diretores dos jornais, TVs, rádios e revistas – para que todos compreendam as suas necessidades, interesses, desejos e dificuldades.
Só um trabalho de verdadeira parceria com a Imprensa pode impulsionar a marca Atlético, como desejam os dirigentes do clube e a torcida.
Sem esta parceria, esta cumplicidade de interesses, ficaremos vendo o que vemos hoje, com reportagens e artigos que tentam diminuir o Atlético e suas conquistas.
Se o Atlético facilitar o trabalho da Imprensa, poderá, com o tempo, colher mais elogios do que críticas e ironias. Se continuar agindo como está, dificilmente será “o mais querido”.
Não se trata de inveja, quanto ao salto de qualidade que o Atlético deu. Trata-se de estar recebendo um tratamento frio, antipático, passional e pouco profissional (pois coloca os interesses do Atlético acima dos interesses dos jornalistas – um dos públicos-alvo mais importantes para o Marketing e a Comunicação do Atlético, junto à torcida).
Não é difícil. Mas precisa ser feito. O Marketing do Atlético é ótimo, como já disse, no planejamento, na comercialização e nas parcerias, mas peca na comunicação (que não é apaixonada como deveria ser na Publicidade e não é profissional como deveria ser no Jornalismo).
Uma imagem de marca se contrói com emoções, com percepções e com informação adequada e correta.
A Publicidade deve explorar a paixão atleticana, mais do que ser racional. A Assessoria de Imprensa deve explorar a informação, como forma demosntrar a qualidade, com profissionalismo e com menos passionalismo.
Sei que não é fácil, mas é possível fazer isso acontecer.