Para sempre

Foram as cores. As cores rubro-negras espalhadas num pedaço de pano, uma pequena bandeira, despertaram em mim a primeira paixão. Paixão de criança, que só fez aumentar durante toda a minha vida. Era 1968, ano que não terminou. Era tempo de revoluções, no mundo em guerra-fria e no meu coração que esquentava. As primeiras lágrimas num estádio vieram logo depois. Meus olhos acompanharam o destino trágico que colocou a cabeça de Paulo Vecchio entre a bola e o gol, aos quarenta e seis minutos de uma decisão que não se apaga da memória. Perdemos. E perdemos em muitos anos seguintes. A alegria dos que desceram e subiram a serra em 1970, na festa enlouquecida dos campeões, parecia congelada. Estaríamos condenados ao fracasso eterno?

Sabíamos que não. Contra a lógica dos quadrados, dos disciplinadores, dos chatos, subvertemos a ordem quando era pecado subverter. Amamos intensamente quando amar era perigoso. Levantamo-nos, plenos de energia, cada vez que nossa morte se anunciava. Ao som do hino emocionante, fomos à luta – em casa, na Baixada velha, ou em qualquer outro lugar. Sobrevivemos, enfim, marcados pelo tempo que destrói e renova.

São as cores, as cores rubro-negras, que mistério! Cores que desbotam para se encher de brilho depois. E mais brilho, e mais, e mais… Movimento contínuo, para sempre, como é para sempre o Clube Atlético Paranaense.