Predador dá as caras
Faz um mês que o volante Claiton deixou o Atlético. Sob o comando do capitão, o Rubro-Negro venceu doze partidas e bateu o recorde de vitórias consecutivas no futebol paranaense. Poupado no jogo contra o J. Malucelli, Claiton foi ao Ecoestádio Janguito Malucelli para assistir à partida e apoiar os companheiros. Foi a sua despedida da torcida atleticana. À imprensa, declarou que havia recebido uma proposta do Consadole Sapporo. Nos dias seguintes, a transferência seria confirmada.
Coincidência ou não, o Furacão entrou em uma fase conturbada depois disso. O time foi eliminado da Copa do Brasil e perdeu dois jogos no Campeonato Paranaense, algo que não havia acontecido na temporada. A saída de Claiton acabou se tornando um dos principais debates entre os torcedores atleticanos.
De um lado, posicionaram-se aqueles contrários à saída do jogador, que havia feito juras de amor ao clube dias antes de comunicar sua saída. De outro, ficaram torcedores que culparam a diretoria pela negociação. Houve ainda quem manifestasse opinião intermediária, reconhecendo a inevitabilidade das transações de jogadores para o futebol do exterior diante da realidade econômica dos clubes brasileiros.
A oportunidade de o jogador falar sobre o assunto surgiu quando sua assessoria de imprensa entrou em contato com a Furacao.com oferecendo uma entrevista. As perguntas foram respondidas por Claiton via e-mail. Em suas declarações, o ex-capitão esclareceu supostas declarações que havia feito a torcedores no estádio do J. Malucelli.
Sabendo que a Furacao.com é muito acessada pelos jogadores atleticanos, Claiton aproveitou a chance para mandar um recado aos ex-companheiros: "Não esqueçam nada e eu confio em todos. Juntos e unidos vocês vão virar essa situação. Torço muito por vocês!". Confira a íntegra da entrevista:
Muitos torcedores ficaram magoados pelo fato de você ter declarado que sua vontade era de ficar no Atlético até o final da carreira e semanas depois ter anunciado a sua saída. O que você tem a dizer a essas pessoas?
A minha vontade realmente era nunca mais sair do Atlético porque fui muito bem recebido por todos do clube e, principalmente, pela torcida. Vivi no Furacão um dos melhores momentos da minha vida, tanto no lado profissional como no pessoal. Foi uma decisão muito difícil, pois o meu filho não queria e minha esposa ficou triste, mas nós sabíamos que era muito importante para mim, porque eu tenho 30 anos e podia ser a última oportunidade. Peço até desculpas para a torcida, mas peço que me entendam porque tem muita gente que depende de mim.
Havia uma cláusula no seu contrato com o Atlético permitindo a sua liberação em caso de uma proposta do exterior?
Não, até porque o Consadole pagou para o Atlético me liberar. Tive que abrir mão até de parte do meu contrato aqui, mas também acho que o clube merecia por toda a estrutura que me deu e por confiar em mim num momento difícil da minha carreira.
Qual foi a diferença financeira entre a proposta do Consadole e o seu salário no Atlético?
Praticamente o dobro do meu salário no Atlético.
É verdade que você declarou a torcedores no Estádio Janguito Malucelli que não permaneceria no clube porque o Atlético se preocupa mais com o aspecto financeiro do que em conquistar títulos?
Não, eu apenas falei que o Atlético é um clube empresa no sentido de que é o clube que mais vende no país e que não tem interesse e nunca teve de cobrir propostas, pois é uma maneira de pensar da direção. Eu respeito por toda estrutura que tem o clube, que paga em dia e dá toda a assistência para os seus jogadores.
Depois que você saiu, o Atlético teve a seqüência de vitórias interrompidas, foi eliminado na Copa do Brasil e perdeu dois jogos no Campeonato Paranaense. Você acha que a equipe sentiu muito a sua falta?
Tenho consciência da importância que eu tinha no grupo, mas não me achava "o cara" do time. Me surpreendi pelos maus resultados que coincidiram com a minha saída, mas acredito que o Atlético tem tudo pra se recuperar e sou com certeza um dos que mais torcem por isso.
Nos últimos jogos na Arena, a torcida tem gritado o seu nome e o de Ferreira. O que você acha dessa reação?
É até difícil falar nisso, porque é uma coisa que me emociona muito e fico muito feliz pelo reconhecimento do meu trabalho. Mas também peço que a torcida ajude o time nesse momento e como eu sempre falei e vou repetir que o Atlético, com a sua torcida, que é uma das melhores do país, dando apoio para o time, dificilmente será batido. Isso foi provado no Brasileiro do ano passado e agradeço muito e pode ter certeza que eu também estou junto nessa torcida para que o Atlético saia desse momento logo e volte para o caminho da vitórias, que é o seu lugar.
Além de capitão, você era também um líder do elenco. Dos jogadores com os quais você trabalhou, qual é o que tem o perfil para substituí-lo nesta função de liderar?
Com sinceridade, o Atlético tem muitos jogadores de grande qualidade, mas na sua maioria jovens. O Ney Franco já escolheu o Antonio Carlos para ser o capitão e tenho certeza que ele vai exercer bem esse papel. Quero aproveitar para deixar uma mensagem para todos os jogadores, pois sei que a Furacao.com é um site muito lido na concentração: não esqueçam nada e eu confio em todos. Juntos e unidos vocês vão virar essa situação. Torço muito por vocês! Um abraço a todos do amigo Claiton.
Agradecimentos: Gustavo Marialva