Chatice sem fim
O mais fechado do país. O mais antipático, o mais arrogante, o mais pretensioso. A imagem do Atlético travestido de Caparanense é a de uma agremiação que se confunde com o seu dono. Algo parecido aconteceu com o Vasco, que era da Gama e se transformou no Vasco do Eurico a bela história do clube de origem lusitana se apagou nos últimos anos, embaçada pelas estripulias do cartola polêmico.
Por aqui, temos novidade. E ela vem sob forma de um edital frio e burocrático: as rádios terão que pagar para transmitir os jogos do nosso time. É a tendência do mercado, dirão os arautos da modernidade. Pode ser. Vivemos num tempo em que todos querem a propriedade de alguma coisa. E para cada coisa tem-se um preço. Pagamos para ver, pagamos para ser, pagamos para ter. Por que não pagaríamos para falar? Ou para ouvir? Simples, ora. Visionários, técnicos e executivos com certificado de pós-graduação decretaram o valor da nossa marca. Pouco importa se alguém se interessa por ela. Brilhante!
A comunicação pelo rádio fez com que os clubes de São Paulo ganhassem a preferência da população do Estado, desde muitas décadas atrás. Sobrou espaço para os gaúchos, bairristas convictos, em uma ou outra região. A Capital, com o seu trio de ferro, permanece sozinha. Sua influência mal chega às praias, que estão logo ali, a uma centena de quilômetros. Mudar essa distribuição que nos coloca na rabeira das paixões não é tarefa fácil. Vale a pena, então, a briga que se anuncia?
Restringir o trabalho da imprensa, unilateralmente, sem nenhum debate prévio, só vai aumentar a rejeição pelo Caparanaense, um sinônimo de chatice. Estamos, cada vez mais, submetidos a proibições, cadastros e taxas. Quem é que gosta disso? Quem, a não ser nós, que já estamos perdidos de amor pelo Atlético, vai se importar com a nossa existência?
A medida é estranha. A cartolagem quer a Copa de 2014 na Baixada, o que é legítimo. E protesta contra a falta de apoio, contra os boicotes, contra o caráter autofágico dos paranaenses. Pode até ter um pouco de razão. Mas, ao colocar o clube no isolamento, perde o direito de reclamar.
P.S.: Da minha parte, não abro mão do radinho de pilha.