Paladinos da moralidade
Terminado o campeonato, a imprensa local desceu a lenha no grande timoneiro, que não permitiu a cerimônia de premiação no gramado da Baixada. Crítica merecida. Não é de hoje que a boçalidade impera nas direções dos nossos clubes. Mesquinhez, linguagem ressentida e argumentos absurdos convivem num ambiente medíocre. Tão medíocre quanto os comentaristas que, no rádio, na televisão ou nas páginas dos jornais, se apresentam como paladinos da moralidade. De tempos para cá, tudo o que diga respeito às cores rubro-negras passou a ser motivo de ira para esses falsos desportistas, gente acostumada à mamata e ao jabaculê. Se as atrocidades ocorrerem sob outras bandeiras e outros brasões, tudo bem.
O mundo do futebol está contaminado pela intolerância e pela má-educação. E isso não é privilégio dos nossos cartolas. Quem foram os dirigentes que coadjuvaram os clubes paulistas na campanha sórdida para que o título do Brasileirão não ficasse conosco em 2004? De onde partiu a tentativa de comprar um goleiro de clube do Interior no quadrangular decisivo do Paranaense, alguns anos antes? Quem foram os responsáveis pela insanidade de espremer a nossa torcida no anel inferior do pinga-mijo num Atletiba? Quem se apressou a reduzir a capacidade do seu estádio para que não jogássemos em Curitiba a final da Libertadores de 2005? De onde veio a idéia de que o Pinheirão poderia abrigar jogos da Copa do Mundo?
Quando esses fatos me passam pela memória, não vejo nenhum escândalo, nenhum editorial indignado, nenhuma manifestação de repúdio, nenhum apelo ao fair play. A tal crônica se comportou, então, como se a burrice extrema fizesse parte da rivalidade.
Mais recentemente, uma bala de goma arremessada por um homem vestido de atleticano virou polêmica. Queriam interditar a Baixada! Já os homens vestidos de verde que lançaram um extintor de incêndio no meio da nossa torcida permanecem no anonimato. Eles vibram; nós fazemos baderna. A informação e a coerência que se danem. E o futebol paranaense que continue nas sombras.