Há 10 anos, Atlético se sagrava campeão paranaense
Neste 11 de junho, completam-se 10 anos de uma das mais importantes conquistas da História recente do Atlético: o título estadual de 1998, que interrompeu um jejum de oito anos sem títulos do Paranaense, uma vez que, desde 1990, o Atlético não conquistava o estadual.
Foi uma conquista incontestável, na qual o Atlético mostrou-se superior a todos os seus adversários durante praticamente o campeonato inteiro. O regulamento era mais claro, comparando-se com o campeonato de 1990: na primeira fase, os doze clubes jogavam entre si em dois turnos, classificando-se os melhores quatro para um quadrangular semifinal. Neste quadrangular, o vencedor de cada turno se classificava para a final, disputada em melhor de três jogos.
O técnico da campanha foi Abel Braga, que treinava a equipe desde 1997. O Atlético perdeu vários jogadores, como o lateral-direita Alberto e os poloneses Nowak e Piekarski. Mas trouxe uma série de reforços, entre eles o zagueiro Gustavo, os meias Kelly e Adriano e um atacante que havia sido dispensado dos juniores do Coritiba, Warley.
O primeiro turno foi brilhante: invicto, com 9 vitórias, 2 empates e 29 pontos, garantindo a classificação para o quadrangular e assegurando um ponto extra no primeiro turno da fase semifinal. O segundo turno praticamente manteve a toada: o diferencial foi o Atletiba, vencido no primeiro turno por 2 a 1, e perdido por 1 a 0 no segundo turno. Mas o Atlético venceu novamente o turno, com 8 vitórias, 2 empates, 1 derrota e 26 pontos, assegurando a primeira colocação geral, com 10 pontos na frente da segunda melhor campanha. Mais um ponto extra, desta vez para o segundo turno do quadrangular.
Depois de um jejum, em 1998 o Atlético voltou a conquistar o Paranaense.
O quadrangular semifinal não começou bem: derrota no Atletiba, novamente por 1 a 0. Mesmo vencendo Paraná e Iraty nos outros dois jogos, e contando com o ponto extra da primeira fase, a equipe acabou na segunda colocação, atrás do Coritiba, que assim garantia a primeira vaga para a final. No segundo turno, empate no Atletiba, e duas vitórias sobre Paraná e Iraty garantiram ao Atlético a segunda vaga na final.
Por ter a melhor campanha no campeonato, o Atlético tinha a vantagem de dois mandos de campo. No primeiro jogo, 33.930 pagantes viram Nélio abrir o placar para o Atlético no primeiro tempo, com o Coritiba empatando o jogo aos 42 minutos da etapa final.
O segundo jogo foi uma festa rubro-negra: o Atlético, empurrado pela sua torcida, que compareceu em um ótimo número, abriu o placar no primeiro tempo com um gol de cabeça do meia Adriano. A equipe perdeu muitos gols na etapa inicial, e acabou sendo punida por isso. O Coritiba empatou no início do segundo tempo, aos 8 minutos. O empate durou exatos 60 segundos: Nélio, com um golaço olímpico, colocou o Atlético novamente na frente. Luizinho marcou o terceiro e Alex fechou o placar. O Atlético vencia por 4 a 1 e praticamente garantia o título estadual.
Mais um título num Atletiba
Após a vitória por 4 a 1 no segundo jogo, o Atlético partia para o terceiro jogo confiante na conquista do título. Um Pinheirão lotado com 44.475 pagantes – recorde de público no estádio – assistiu a um grande jogo, marcado por uma pressão do Coritiba, que buscava reverter a situação na final. O Atlético, ainda desarrumado em campo, acabou cometendo uma penalidade através de Edinho, aos 35 minutos. O goleiro do Coritiba, Régis, pediu para cobrar, e acabou chutando para fora. A torcida atleticana acordou então, empurrando o time para a frente. Aos 39 minutos, falta para o Atlético. O lateral Dedé cobra com perfeição e marca o primeiro gol rubro-negro. O título estava próximo.
O segundo tempo começou com o Atlético segurando o jogo, o que enervou os jogadores do Coritiba. Várias faltas foram cometidas pelo Coritiba, próximas de sua área. Em uma delas, aos 7 minutos, o lateral Marcelo levantou a bola na área e o zagueiro Wilson, de cabeça, marcou o segundo gol do Atlético, trazendo a certeza do título para a torcida. O restante do jogo foi marcado por uma pressão desordenada do Coritiba, enquanto o Atlético apenas aguardava o apito final. O Coritiba ainda diminuiu com Sandoval, aos 41 minutos, mas a reação foi tardia. O título era do Atlético, e novamente em um Atletiba. Somente quem vence um Atletiba numa final sabe a sensação.
Final – Paranaense – (11/06/1998) – Atlético 2 x 1 Coritiba
L: Pinheirão; A: Oscar Roberto de Godói; P: 44.475; R: R$ 456.225,00; G: Dedé (39′) do primeiro tempo; Wilson (7′) e Sandoval (41′) do segundo tempo;
ATLÉTICO: Flávio; Marcelo, Gustavo, Edinho e Dedé; Renato, Wilson, Paulo Miranda e Adriano (Perdigão); Nélio (Gerson Caçapa) e Warley (Kelly). Técnico: Abel Braga.
CORITIBA: Régis; Reginaldo Araújo, Gelson Baresi, Ronaldão e Rubens Junior; Struway, Luiz Carlos, Sandoval e Claudinho (João Santos); Brandão e Macedo. Técnico: Valdir Espinosa.
A Campanha
31 jogos: 23 vitórias / 6 empates / 2 derrotas / 71 GP / 22 GC
1ª fase:
Atlético 2 x 2 Matsubara
Apucarana 0 x 1 Atlético
Londrina 0 x 3 Atlético
Atlético 3 x 1 Ponta Grossa
Paraná 2 x 2 Atlético
Atlético 4 x 0 Maringá
Atlético 2 x 1 Coritiba
Francisco Beltrão 2 x 3 Atlético
Iraty 1 x 2 Atlético
Atlético 2 x 0 União
Atlético 2 x 1 Rio Branco
Matsubara 0 x 2 Atlético
Atlético 3 x 1 Apucarana
Atlético 5 x 0 Londrina
Ponta Grossa 1 x 1 Atlético
Atlético 1 x 1 Paraná
Maringá 1 x 6 Atlético
Coritiba 1 x 0 Atlético
Atlético 3 x 0 Fco. Beltrão
Atlético 4 x 0 Iraty
União 0 x 1 Atlético
Rio Branco 0 x 2 Atlético
Quadrangular semifinal:
Coritiba 1 x 0 Atlético
Atlético 4 x 2 Iraty
Paraná 0 x 2 Atlético
Atlético 0 x 0 Coritiba
Iraty 1 x 2 Atlético
Atlético 2 x 0 Paraná
Final:
Coritiba 1 x 1 Atlético
Atlético 4 x 1 Coritiba
Atlético 2 x 1 Coritiba
Artilheiro:
Tuta 19 gols
Personagens
Tuta: centroavante matador típico, o atacante Tuta mostrou pouca habilidade, mas extrema competência para finalizar, marcando muitos gols, sendo um dos principais personagens do título atleticano.
Nélio: o meia-atacante, com passagem marcante pelo Flamengo, teve excelente passagem pelo Atlético, marcando gols e mostrando identificação com a torcida.
Abel Braga: o técnico estava no Atlético desde 1997, fazendo uma boa passagem pelo Atlético. De estilo motivador, foi mais um a mostrar identificação com a torcida, e foi um grande responsável por este título do Atlético.
Curiosidades
Enquanto o campeonato decidia-se no campo, uma comissão da Federação Paranaense de Futebol analisava denúncias de suborno envolvendo um ex-diretor e um ex-funcionário do Coritiba, durante partida alviverde contra a equipe do Iraty.