Acorda, Povão! De Quem é o Caldeirão?

Raramente dedico meu tempo a este espaço democrático. Arrisco umas linhas somente quando a ocasião exige, somente quando é inevitável. E desde o apito final, dado ontem no Maracanã pelo caseiro árbitro do ‘eixo’ RJ-SP, várias idéias têm me tirado o sossego, a ponto de provocarem minha nova aparição por aqui.

Leio a grande maioria dos textos dos colunistas deste site e também do espaço Fala, Atleticano. Decepcionam-me muitas das opiniões publicadas, mas, como já disse, este é um espaço democrático – felizmente! Decepcionam-me porque refletem a falta de senso crítico do torcedor atleticano e expõem a ausência de maturidade futebolística. É um festival de análises simplistas que sinceramente dão raiva. Explico:

Da mesma maneira que nos irritam as declarações vazias e repetitivas dos jogadores e do técnico em uma entrevista pós-derrota, também provocam um tremendo desgosto certas declarações automáticas da torcida, que responsabilizam totalmente o treinador e/ou os atletas pelo caos que enfrenta nosso Atlético.

Não se questiona e não se enxerga mais nada! Não se analisa o que acontece por trás disso tudo, quais interesses podem estar envolvidos! É muito mais fácil, rápido e livre de comprometimento criticar o que acontece somente dentro das 4 linhas – e fechar os olhos para o que vem de cima. Pois, meus amigos, mais uma vez eu digo que o problema maior do Atlético está em sua Diretoria.

Não me venham falar que o Ferreira desaprendeu de jogar, que o Nei foi expulso porque está revoltado com sua exclusão do time do Dunga, que o Azevedo não sabe passar uma bola, que o Alan Bahia perdeu a vontade de vencer! Por favor! Assim vocês absolvem o maior responsável pelo festival de lambanças que se instalou no Atlético: o sr. M.C.P.!

Fizemos um jogo sofrido contra o Santos, mas um caminho parecia surgir para nosso time. Os discursos eram de superação e ânimo para enfrentar o time das Laranjeiras. Mas aí entrou em cena um personagem que jamais deveria influenciar diretamente nas decisões de futebol profissional: o sr. Mario Celso. Ora, um clube de futebol é atualmente uma empresa. O Atlético Paranaense é uma das agremiações que mais adota essa filosofia. E numa empresa as decisões autoritárias e impulsivas de um Diretor costumam derrubar o moral e a motivação dos comandados.

Como um ditador, com sua usual prepotência e falta de noção da situação, o sr. Petraglia (o Diretor) decidiu dispensar uma turma de jogadores (os funcionários) do grupo sem antes consultar Fernandes (o Gerente). Não estou agora defendendo este ou aquele atleta – e muito menos Roberto Fernandes, que tem muito ainda a evoluir (escalar Pedro Oldoni num esquema em que se planejava explorar os contra-ataques é dar um tiro no pé). Não, não os defendo. Mas, mesmo com todas as suas limitações, o profissional planeja suas ações com as opções que tem, com o tempo que tem, para projetar, pensar e analisar o melhor para a equipe. Não se pode esperar sequer um esboço do que seria o ideal, se um Diretor deliberadamente anula o comando do treinador e planta insegurança no grupo.

O que não entendo é por que os torcedores insistem em ver jogadores de futebol como super-homens, acima de qualquer problema no ambiente de trabalho, alheios à insegurança quanto ao futuro e à falta de reconhecimento ao seu trabalho e de seus colegas. Aquele que dá suor e sangue por um chefe ou uma empresa que não lhe oferece condições adequadas de trabalho, que atire a primeira pedra!

Li hoje um texto que fez esse inteligente questionamento: será que realmente Dinei, Ramón e tantos outros excluídos são jogadores tão ruins como se pensa? Por que hoje jogam bem contra qualquer time que hoje enfrentam? Por que o Atlético tem sido o purgatório para vários atletas? Pensem nisso! Questionem isso! Não há ambiente, não há segurança, não há grupo unido nesse time! Chegam e saem 2 ou 3 jogadores por semana no Atlético. E a culpa ainda é do Ferreira, do Nei, do Fernandes? Por favor, abram os olhos!

Mais um questionamento: não quero aqui detalhar suspeitas como se fossem acusações, mas é no mínimo muito estranho um Diretor interferir e promover um desligamento em bloco de jogadores. Ou ainda preferem acreditar na conversa dos dirigentes e da imprensa, sobre os valores e os motivos das transações realizadas? Esse mal não afeta só nosso amado Atlético. Está presente também pelos lados do Alto da Glória e de quase todos os clubes de futebol deste país.

É patético, senão trágico, ver que muitos torcedores chamam os dirigentes de burros. Eles são na verdade espertos até demais – e fazem de mim e de vocês apenas mais uns milhares de sócios pagantes.

Li hoje também que os sócios devem se unir. Sim, mas devem se organizar para buscar voz e espaço no C.A.P., para proporem mudanças, elegerem uma nova Diretoria, formarem um Conselho de Sócios-Torcedores atuante! Para isso devemos nos unir!

Cansei de ver o Atlético padecer em campo pelos mandos e desmandos do sr. M.C.P.! Cansei, porque ele é mais que reincidente! Não me esqueço jamais da reta final do Brasileirão de 2004, em que este senhor preferiu impor sua arrogância e seu egoísmo a defender os interesses do Atlético na conquista do título nacional. Ou como vocês julgam o fato de brigar de frente com outro ditador, Eurico Miranda, em uma reunião do Clube dos 13, na semana que antecedia o jogo contra o Vasco? O desfecho dessa história a maioria já conhece. Culpar exclusivamente aquele time e o Levir pela perda do título, por causa do jogo contra o Grêmio, é ser muito cego! Todo profissional que lá estava queria ser campeão! Entretanto, o sr. M.C.P. já usava o Atlético (ou Paranaense, no seu devaneio) como extensão de sua pessoa.

Basta! Está mais que na hora do torcedor atleticano abrir os olhos para a verdade dos fatos!

Ou será que ainda há gente que acredite em Lei Seca, Papai Noel, Coelho da Páscoa e outros tantos folclores?

*Em tempo: ‘Saci’ existe – e veste vermelho! Se o Petraglia não desmontar mais um pouco o grupo até domingo, pode ser que a gente se livre de levar um couro do ‘perneta’!