A bola pune
A frase cunhada pelo ex-presidente do Internacional, Fernando Carvalho, é bastante apropriada para explicar o empate do Furacão por 1 a 1 com o time gaúcho, na tarde deste domingo na Arena da Baixada. Mesmo não jogando bem, o Atlético conseguiu dominar o Inter e saiu na frente com um gol de pênalti marcado pelo artilheiro Alan Bahia, logo no início do segundo tempo. A 13 minutos do fim, o técnico Roberto Fernandes sacou o atacante Joãozinho e colocou o volante Renan. O time recuou e não sustentou a pressão. Levou o empate, mais uma vez, em uma jogada de escanteio, aos 36 minutos.
Com os desfalques de Nei e Danilo, o treinador optou por manter o esquema com três zagueiros, escalando Chico para formar o trio defensivo ao lado de Antonio Carlos e Rhodolfo. O garoto foi bem e deu poucas chances a Nilmar, principal estrela do Inter. Douglas Maia também não compreteu na ala-direita, especialmente no segundo tempo. Mas o problema atleticano foi novamente o ataque. Apesar do bom desempenho de Joãozinho, faltou força ao time no ataque. No primeiro tempo, Ferreira ficou perdido no posicionamento e foi perseguido pelo árbitro Giuliano Bozzano, que lhe mostrou um cartão amarelo e não marcou várias faltas sofridas por ele – incluindo um pênalti, aos 39 minutos do primeiro tempo. O paraguaio Julio dos Santos, embora habilidoso com a bola nos pés, deixava no time lento em função de sua pouca participação coletiva e de sua lentidão.
As melhores chances para abrir o marcador estiveram nos pés de Joãozinho, que deu um voleio por cima da trave depois de um rebote, e Ferreira, que fez boa jogada individual e chutou na rede pelo lado de fora, aos 35 minutos. O Internacional não criou nenhuma chance de gol.
O mesmo filme
O gol atleticano saiu aos 13 minutos, depois de um pênalti sofrido por Douglas Maia. Joãozinho recebeu na ponta esquerda e cruzou com categoria para o ala-direita, que foi derrubado ao tentar chegar na bola. O capitão e artilheiro Alan Bahia bateu com categoria e fez mais um gol no Campeonato Brasileiro. Na comemoração, abraçou o técnico Roberto Fernandes e teve seu nome gritado pela torcida.
A partir daí, o que a torcida viu foi um "filme" muito parecido com o dos jogos passados. Depois de muito sofrer para fazer um gol (com Alan Bahia), o Atlético recuou, deu espaços e sofreu gol de cabeça depois de cobrança de escanteio. Exatamente o mesmo script do Atletiba. Mas o final igualmente trágico foi precedido de algumas cenas diferentes.
Antes de chegar ao gol, o Inter pressionou nas bolas paradas do meia Alex. Galatto fez pelo menos duas defesas importantes e adiou o triste desfecho. Enquanto Tite sacou um volante e um meia para reforçar sua equipe com um meia e um atacante, Roberto Fernandes tentou segurar o resultado. Aos 32 minutos, tirou Joãozinho, que deixou o campo aplaudido, e colocou o volante Renan. Nesta altura, a 13 minutos do fim da partida, o Atlético passou a jogar com três zagueiros, três volantes, um meia e um atacante (o improvisado Ferreira).
Quatro minutos depois, Alex cobrou escanteio da esquerda e o zagueiro Índio subiu sozinho no meio da área atleticana para cabecear de forma certeira para o fundo da rede. Ainda que não tenha relação direta com o gol sofrido, a substituição defensiva acabou sendo símbolo de algo muito comum no futebol. Quem se acovarda e abre mão de buscar a vitória acaba deixando-a escapar. Em outras palavras: a bola pune. E puniu de forma cruel o Atlético.
Depois de ter jogado apenas oito minutos, Renan foi substituído por Pedro Oldoni e a torcida perdeu a paciência com o técnico Roberto Fernandes. Além dos xingamentos e gritos de burro, o nome de Geninho, campeão brasileiro em 2001 e recentemente demitido pelo Botafogo, ecoou na Arena.
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