A paixão e a razão
Estou escrevendo este texto no sábado dia 02/08, véspera do jogo com o Botafogo. Mas como dizia Fernando Gomes: comentar depois que o jogo acabou é fácil.
Minha paixão pelo Atlético dura 26 anos (descobri o futebol aos 9). Esse sentimento irracional me fará ligar a televisão amanhã as 18 horas para torcer por uma ‘vitória tradicional do Atlético’. (Tradução de ‘vitória tradicional do Atlético’: de um lado do gramado um time de vermelho e preto que sufoca o adversário do outro lado do campo durante o jogo inteiro marcando 1,2,3 gols… empurrado por uma torcida enlouquecida que parece entrar em campo e intimidar o mais experiente ex-jogador de seleção brasileira que voltou do exterior agora). Televisão??? Sim, eu moro em São Paulo e amanhã minha cadeira estará vazia (bom proveito e boa sorte pra quem usar).
O problema é a razão… a razão me diz que pela primeira vez neste campeonato brasileiro enfrentaremos um time que realmente atravessa um momento melhor que o nosso, que possui um camisa 10 que pode decidir um jogo a qualquer momento e principalmente um comandante anos-luz melhor que o nosso dublê de treinador e chefe de torcida organizada.
Me preocupou ontem uma entrevista que Ney Franco deu relatando que entre ontem e hoje assistiria mais alguns dos últimos jogos do Atlético no brasileirão. A razão me diz que ele observará que aquelas jogadas ensaiadas que ele desenvolveu nas cobranças de faltas e escanteios já não existem mais. Chegará a conclusão que se quando ele treinava o Atlético, a maioria absoluta dos gols eram marcados por zagueiros, com a extinção destas jogadas e com nossas esperanças de gols depositadas no He-Man ele perceberá que o trabalho de seus zagueiros estará facilitado.
A razão me diz que chegar ao trabalho preparado é coisa de profissional, assim é Ney Franco. Junto com Geninho, os 2 melhores técnicos que tivemos de 1995 até agora. Quem achar que é exagero meu, recorra à razão e lembre que Geninho tinha um meio campo com Kleberson, Adriano Gabiru e Souza no banco; um ataque com Kleber, Alex Mineiro e Ilan no banco.
Ou seja, a razão me diz que amanhã é derrota na certa. Nossa diretoria perdeu uma grande oportunidade quando mandou Ney Franco embora: poderia finalmente criar uma identidade entre treinador-torcida, coisas que ‘engulo seco para escrever’, apenas os bambis hoje tem com seu treinador e seu goleiro. Pior, além do dublê de treinador e chefe de torcida organizada contratou para gerenciar o futebol um dublê de ex-jogador ex-agente e ex-treinador que até este momento fez exatamente o que tem feito nos últimos anos: nada que chame muito a atenção.
Vou esquecer a razão e voltar a usar a paixão: MCP deu uma entrevista nesta semana dando um ‘basta!’ à nossa tristeza. Espero eu, que seja o mesmo sentimento que dizem ter tomado o seu espírito, nos 5 a 1 que levamos dos pangarés do treme-treme a 13 anos atrás. Se realmente agora ‘ele resolveu’, poderemos voltar a sorrir em breve.
Boa sorte ao He-Man, ao Kelly e ao Fernando!