12 ago 2008 - 1h30

Polêmico, Mário Sérgio teve o carro depredado em 2004

Mário Sérgio Pontes de Paiva é uma das personalidades mais polêmicas do futebol brasileiro. O novo técnico do Atlético coleciona amigos e inimigos com a mesma facilidade. Sua personalidade forte cativa alguns, mas causa ojeriza em outros. Foi assim ao longo de toda a sua carreira como jogador e também como comentarista esportivo. Nas suas duas passagens anteriores pelo Atlético não foi diferente.

Recebeu elogios de muitos por sua capacidade tática e inteligência para elaborar o planejamento das equipes. Mas talvez tenha recebido críticas em proporção igual por suas improvisações polêmicas e substituições incompreensíveis.

Em sua primeira passagem pelo Atlético, em 2001, Mário Sérgio ficou marcado por ter organizado taticamente a equipe que acabaria sendo campeã brasileira jogos depois, sob o competente comando de Geninho. Mas deixou o clube em função do relacionamento com os jogadores, aos quais criticou publicamente por abusarem de saídas à noite. Chegou a pedir demissão, mas voltou atrás e ficou mais algumas rodadas até sair definitivamente.

Na segunda passagem, comandou o Furacão em uma brilhante campanha no Campeonato Paranaense, chegando a ficar vários jogos invictos. Mas na grande final contra o Coritiba, cometeu erros fatais na escalação da equipe. Deixou o artilheiro Washington no banco, sacou Jadson muito cedo no primeiro jogo, recuou a equipe e acabou entregando um título considerado fácil. Também não conseguiu explicar algumas escolhas, como a escalação do zagueiro Alessandro Lopes como lateral-direita. Por outro lado, teve méritos ao formar um sistema defensivo sólido e extrair o máximo de alguns jogadores considerados limitados tecnicamente.

Após a perda do título para o Coritiba, Mário Sérgio teve seu carro depredado por torcedores na Arena da Baixada. A torcida ainda não sabia que ele havia acabado de pedir demissão. Mário só conseguiu deixar o estádio graças à intervenção do então auxiliar técnico Nilson Borges, ídolo rubro-negro.

Frasista

Se há algo que Mário Sérgio não pode ser acusado é de ser monótono. Inimigo do politicamente correto, o técnico gosta de falar o que pensa, doa a quem doer. Por isso, ficou famoso por diversas declarações ao longo de sua carreira. Uma das mais famosas em suas passagens anteriores pelo Furacão foi o alerta sobre o time de 2001: "Ou o Atlético acaba com a noite ou a noite acaba com o Atlético". Em 2003, voltou a tratar do tema logo na sua apresentação: "Tenho compromisso com a produção e não vou repetir que a disciplina tem que existir no Atlético. Noitada não pode existir em qualquer profissão. É uma coisa absurda".

Em outra ocasião, soltou o verbo contra o zagueiro uruguaio Diego Lugano, então no São Paulo. Chamou o jogador de "vagabundo" por uma falta cometida no atleticano Igor. Depois de ver o lance pela televisão, o técnico arrependeu-se e pediu desculpas a Lugano.

Dos atuais integrantes do elenco atleticano, Mário Sérgio trabalhou com Alan Bahia e Rodriguinho. Ao primeiro, destinou só elogios. "O Alan Bahia, se tivesse mais 10 cm, estaria jogando na Europa hoje. Ele é um profissional na acepção da palavra e eu tenho orgulho de ser técnico dele", disse Mário no final de 2003, em uma frase que também se tornou célebre. Com Rodriguinho, teve uma relação conturbada. Apostou no jogador por várias vezes, mas acabou sendo obrigado a pedir a dispensa do meia após mais uma confusão. "Senti muito em ter que tomar uma atitude como essa. Tentamos recuperá-lo muitas vezes, mas não bastou", explicou.

Na última vez em que esteve no Atlético, Mário Sérgio também assumiu o time em momento delicado e trabalhou para evitar o rebaixamento. Naquela ocasião, expressou de forma sincera a sua opinião sobre a qualidade técnica do elenco: "Tem uma coisa que não podemos esquecer que é a qualidade. Não adianta você exigir de alguém algo que ele não pode lhe dar". Será que o pensamento se aplica ao momento atual do clube?



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