Escola gaúcha x seleção argentina
De um lado Dunga e seus discípulos conterrâneos estaduais, um amontoado. Do outro lado um técnico argentino e seus jogadores conterrâneos nacionais, uma seleção.
Daquele lado Gaúcho, Sóbis, Anderson, Lucas, Renan, Pato. Ainda Rafinha. E pelo amor de minhas filhinhas, ainda Jô. Mais alguns bambis. Deste lado Riquelme e Messi. Ainda Masquerano. Mais alguns argentinos.
Em torno destes dois lados, o Futebol. O futebol das causas versus o futebol das consequências.
O primeiro, desrespeita a própria natureza do esporte, onde seus mandatários manipulam explicitamente em prol de seus interesses pessoais, cujo objetivo financeiro não mede escrúpulos para ser auferido (CBF). O segundo, respeita fundamentos morais inerentes ao desporto, cujos homens-fortes trabalham em silêncio pelo bem coletivo, finalidade para a qual se volta a representação de uma Nação (Confederação Argentina). Enquanto um despreza seu povo, outro é constituído por ele mesmo.
A escolha do técnico é a parte final de um planejamento, cujas etapas anteriores constroem-se pelo fim a que se destina. Este planejamento consiste na sucessão de vários planos, inclusive de planos alternativos a substituir os que porventura não dêem certo, tipo: se fracassou o F1, vamos de F2 e assim por diante.
Atenção: quando tudo estava pronto (planejado), escolheram o técnico: deveria ser um que não interferisse no planejamento anterior, que não atrapalhasse os objetivos, que não fosse contra aqueles interesses, que falasse pouco. Melhor ainda se não tivesse sido técnico, tão mais fácil seria sua manipulação.
Então deram a ele algumas bandeiras como a da disciplina, da raça, da vontade, da determinação, aliadas a sua peculiar truculência incidental: artimanhas suficientes para manter distância da bisbilhoteira torcida brasileira, posta aos pés do altar ijuiense no templo de Teixéria, o reinado de Ricardo Coração de Baleia. Com a ajuda dos papiros menestréicos (mídia), ninguém poderia com aquele Poder.
Então II o Anão virou técnico, num passe de mágica digno de Mister R e seus gárgulas CBFlóides. Camisas bregamente coloridas a desviar a má intenção que há por dentro (a cor do mal), por trás, no meio ou ao redor daquele lado do futebol.
Então III chamou ele alguns colorados, outros heróis de 2ª divisão (da histórica e covarde ‘Entrega dos Aflitos’ – porque se aquilo foi batalha, Tom & Jerry é guerra!) e completou com outros bambis. É a receita para convocar satisfatoriamente todos os níveis de ‘seleção’, claro que com o requisito principal de ser o convocado integrante dos legionários estrangeiros.
Aqui se encontra o futebol das causas. Para quê chamar brasileiros tupiniquins se há os brasucas no exterior? Não há nenhuma vantagem nisso, então louve-mo-los, os queridinhos manequins da maior vitrine no shopping internacional da bola, a Vitrine Brazil. Terceirizar seus contratos, incorporando a eles cláusulas ou adendos que determinem tacitamente certo percentual quando de suas transferências miliardárias, nas transações do Mercado Masculino da Bola Ronaldina.
Amistosos com Costa do Marfim, Kuala-Lumpur e Vietname para mostrar ao mundo os canarinhos do reino, valorizando-os, proporcionalmente agregando lucro às nossas negociações vindouras: isto é futebol. Aquele do primeiro lado.
Tudo na palma da mão do Mercado Smithiano: desfiles com atabaques, pandeiros, trancinhas coloridas e afoxés-gegês-nagôs, mostrando ao universo a alegria do futebol brasileiro jogado no exterior. O pagodinho da hora, dos caras espertos, não importando o sorriso antiestético dos brasucas (pois no Brasil ficam os desdentados, os não convocados).
E tem gente que gostha! Que ‘torce’ por isto. Que adora ser eliminado, pois o que vale é o competir. Eles não jogam absolutamente nada, não riscam sequer suas perninhas em divididas, perdem tudo, batem no Masquerano e voltam pro estrangeiro a defender seus Clubes, e os CBFlóides aguardam a próxima negociação internacional.
Ainda bem que eu só tenho um time: o Clube Atlético Paranaense. Ainda bem que eu detesto pagode. Que tenho nojo de colorados, gremistas de 2ª e bambis de 5ª. Nojo daquele futebol do primeiro lado, o retranqueiro, da Escola Gaúcha. Me divirto com as caras que eles voltam das Olimpíadas, Copas e etc. A farsa da tristeza:
-‘A gente tentamos, mas não deu. Fica pra próxima. Vamos trabaiá com mais garra e diterminassão qui dá.’ – chavão Love pra idiota torcedor doente dormir e sonhar com títulos.
O pior é que isto pode ocorrer regionalmente, esse troço de ‘escolha de técnico’.
Sou contra ‘planejamentos’. Há de haver um PROJETO, e quando for encarado como tal, não se admitirão erros, o técnico será incorporado (e não escolhido como se escolhe pinhão) e previamente, não nas horas de sufoco.
Los hermanos mereceram. Simplesmente porque jogam de verdade, pelo seu país. Los Brasucas não jogam, só aparecem para si mesmos, cada um é seu próprio sr. feudal, na terra encantada de Rei Ricardo Terxeiro.
E tem gente que torce por isto aí. Pelo futebol das causas, da causa própria. Sem consequência alguma como boa convocação, padrão de jogo, jogar bem, competir seriamente,representatividade, títulos, sentimento pátrio ou algo parecido. Nada parecido com o outro futebol, os das consequências, dos resultados, das medalhas, dos argentinos.
-‘Coitados: não se iludam, isto não é seleção. Isto é Legião Estrangeira com alguns bambis que mais tarde irão pra lá, a engordar os cofres e a pança Grande Gordo Rei.’
Ou o rei é morto ou continua assim. Ou Danilo some ou continua assim. Nós também temos nossos problemas feudais.
Coitados de nós, também. Coitadas das meninas que não tem apoio, pois não há Mercado.
-‘Dá-lhe, Baleia! Viva Dunga! Grandes colorados, gremistas e bambis! Vocês são o futebol.’
O futebol do outro lado. Do lado de fora da consciência do que se possa entender por Nação.
-‘Vai, BRAZIL, ZIL, ZIL! Pedala Robinho! Vai Gaúcho: olha prum lado e chuta pro outro…putz, foi pra fora…tem problema, não foi lindo! Que categoria! Capricha, Galvão!’
Ainda bem que eu só tenho um time: o Clube Atlético Paranaense. Torço pra que ele volta a ser um projeto. E que nos traga conseqüências.