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5 set 2008 - 7h24

Eu fico com o pai!

Mais um dia tumultuado na baixada. Mais um técnico demitido. E só não direi que há mais um técnico chegando porque Geninho não é ‘mais um’. Não é possível compará-lo com nenhum dos técnicos que passaram pelo Furacão recentemente.

Geninho é atleticano de verdade. Não fosse, não aceitaria assumir uma equipe tão frágil em um momento tão delicado. É lembrado pelo momento de maior alegria da história do Atlético, e mesmo assim arrisca essa imagem assumindo um time a beira do precipício.

As palavras de Geninho são sinceras, ao dizer que não poderia negar um pedido nesse momento. Quando afirma que assume o time pensando no Atlético, na torcida e na dívida de gratidão que possui para com o time, diz a verdade.

E quando Geninho fala, fala direito com a torcida do Atlético. Existe ligação, sinergia, uma relação de confiança mútua entre a torcida do Atlético e o técnico que o fez grande.

Ainda que Geninho diga as mesmas frases que os demais treinadores que passaram pelo clube, a entonação é diferente. Suas palavras soam diferente para a torcida. É a voz de quem conhece o Furacão, e o ama assim como a massa apaixonada que suportou até mesmo ser chamada de ‘falaciana’.

Enfim, Geninho é como um pai para torcida do Atlético. Suas palavras transmitem calma, confiança, esperança, e acendem a paixão rubro-negra ao máximo.

Mas o Atlético não é uma família perfeita. Assim como há o pai, há o padrasto. O padrasto não se importa com carinho, com afeto, com sentimento e emoções. Acredita no dinheiro (patrimônio), e acha que isso substitui todo o resto.

O padrasto sabe como magoar seus filhos. Filhos estes que demostram sempre gratidão, dedicação total à família, e que se faz sempre presente nos momentos de maior dificuldade.

O que ganham em troca? Patrimônio! Uma cadeira confortável para assistir a péssimos jogos. E vez ou outra ainda são acusados de ser uma falácia, ou são tratados como mero coadjuvantes de espetáculos que promovem muitas vezes sem o menor apoio do time.

Sim, o padrasto tem muitos defeitos. Mas também tem qualidades. Entre elas, talvez a mais notável fosse a força. a capacidade se manter firme em meios às tempestades e defender seu ponto de vista mesmo quando os fatos comprovavam, de maneira incontestável, que estava errado.

No entanto, hoje foi um dia histórico. Pela primeira vez em treze anos à frente do Atlético, o padrasto MCP demonstrou fraqueza. Admitiu seus erros, e por incrível que pareça, admitiu que é humano, e que também pode errar.

Isso é realmente incrível. Em treze anos, o padrasto da massa ‘falaciana’ jamais havia admitido ser ‘um humano’. Sempre se comportou como um verdadeiro Deus no comando do Atlético, se colocando acima da verdade, e sempre defendo suas idéias mesmo diante das mais irrefutáveis evidências de que estava errado.

MCP chegou até mesmo a reclamar da “perseguição” contra si. Chegou a reclamar do fato de haver sempre uma cobrança direta para com sua pessoa especificamente. Estranho isso. Principalmente se considerarmos que recentemente se declarou dono do nosso Atlético. Evidente que se o Pet é o dono do Atlético, cabe a ele cuidar do clube, e terá que suportar a pressão sim, porque a massa rubro negra está sedenta para tomar o Atlético para si novamente.

Petraglia é um dirigente fantástico. O que fez pelo Atlético jamais será esquecido, e tudo que de positivo acontecer no futuro do Furacão deverá ser creditado a este homem. Mas sair de cena nesse momento é o melhor para todos.

Nos últimos três anos, Petraglia tomou apenas duas atitudes acertadas, e as duas ocorreram hoje: primeiro decidiu deixar o futebol do clube, e sair de cena em boa hora. É melhor que se dedique exclusivamente ao que sabe fazer de melhor, que é administrar o clube.

E a segunda atitude acertada foi abrir as portas ao pai da torcida do Atlético, justo no momento em que o padrasto se retira. Muitos dirão que isso aconteceu tarde. Ao final do campeonato, iremos todos respirar aliviados e dizer: ao menos aconteceu.

Para finalizar, segue frase de William Shakespeare em sua obra ‘Rei Lear’:
‘A morte sempre antecede o silêncio. Se nunca houver silêncio, nunca haverá morte.’ Acreditemos torcida Atleticana. E façamos barulho…sempre!



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