Feito de Ziquita completa 30 anos nesta quarta-feira
Em 5 de novembro de 1978, um dos capítulos mais marcantes da história do Clube Atlético Paranaense foi escrito. O Atlético jogava contra o Colorado, na Baixada, e vinha sendo goleado impiedosamente por 4 a 0. Foi quando o atacante Ziquita resolveu mostrar que rubro-negro é quem tem raça.
Faltando poucos minutos para o final do jogo, ele marcou quatro gols e, de quebra, mandou uma bola no travessão. A partida terminou empatada por 4 a 4 e Ziquita se tornou um herói da torcida atleticana. Até hoje, o feito é lembrado por torcedores que estiveram presentes na Baixada.
"Eu estava com meu pai na arquibancada de fundo do estádio. Quando o Colorado fez 4 a 0, meu pai me pegou pela mão e começamos a ir embora. Quando passávamos próximo às antigas cadeiras, vimos que o Ziquita havia feito dois gols. Meu pai me colocou nas costas e começamos a vibrar com a reação", contou o torcedor atleticano Guy Everson Wolff à Furacao.com.
A história de Guy não é isolada. Muitos atleticanos já se preparavam para deixar o estádio, mas os gols de Ziquita transformaram o ambiente em algo mágico. O cronista esportivo Carneiro Neto, colunista da Gazeta do Povo, narrou o jogo pela Rádio Clube Paranaense e reparou nesse "movimento" da torcida. "Eu lembro de uma cena bem interessante. Com os 4 a 0 para o Colorado, a torcida do Atlético estava vazia. Depois que o Ziquita fez dois, começaram a voltar. No terceiro, mais um tanto e no quarto gol foi uma festa: tinha mais gente do que antes. É que naquele tempo os portões se abriam no intervalo, então uma multidão entrou na arquibancada. Se o Atlético fizesse o quinto gol acho que arrancariam a trave, davam a volta olímpica ajoelhada… aquela loucurada própria de decisão de campeonato", disse Carneiro em uma entrevista à Furacao.com há alguns anos.
A emoção daquela partida e dos gols de Ziquita ainda hoje comove os torcedores que tiveram a oportunidade de ver o espetáculo ao vivo. "A energia que se sentia naquele estadio foi uma coisa que jamais senti igual, indescritível. Quem estava naquele jogo sabe de que estou falando: o povão cantando, se abraçando, chorando de felicidade, de emoção. Lembro de um cidadão fotografando o placar ao final da partida, do sorriso no rosto das pessoas pelas ruas indo para casa com o coração e a alma vibrando pelo orgulho de ser atleticano", lembrou Amauri Cruz, outro torcedor presente no histórico jogo.
São Ziquita
Em 2003, a Furacao.com entrevistou Ziquita por ocasião dos 25 anos deste feito histórico. Depois disso, o ex-jogador foi convidado por outros veículos de imprensa para visitar Curitiba e conheceu a Arena da Baixada, um dos sonhos que ele revelou durante a entrevista à nossa equipe.
"Quando o jogo estava 4 a 0, a nossa torcida começou a ir embora do estádio, não acreditando numa reação. Mas depois do terceiro gol, o torcedor começou a voltar correndo, o que animou ainda mais o nosso time. E com a torcida empurrando, a gente foi pra cima, buscando o gol de empate. Num jogo que você sai perdendo de 4 a 0 e consegue o empate, não tem esquema que tático que resista. Foi na vontade, no amor à camisa", contou.
As palavras de Ziquita ecoam em um momento complicado pelo qual o Atlético atravessa. Assim como naquela tarde de 78, o Rubro-Negro também está em uma situação complicada. Muitos não acreditam ser possível escapar do revés. Mas a lição de Ziquita deve ser sempre lembrada pelos atleticanos: com a torcida empurrando, vontade dos jogadores e amor à camisa, não há quem resista! Que assim seja, sempre.
Gols
Confira os gols de Ziquita na histórica partida, em reportagem exibida no Globo Esporte:
Agradecimentos a Thiago Jaruga.