8 nov 2008 - 22h28

Geninho: "Nós éramos um grupo, hoje nós somos um time"

O técnico Geninho concedeu uma longa entrevista coletiva após a vitória do Atlético sobre Figueirense, na noite deste sábado, em Florianópolis. Tranqüilo, ele comentou sobre seu nervosismo durante a partida e a maneira de certa forma áspera com que cobrou os jogadores no intervalo de jogo por terem desperdiçado muitas chances de gol. O treinador explicou que este modo de tratamento é comum no futebol e que os jogadores entendem que tem de ser assim para atingir o objetivo de todos, que é a vitória.

Geninho ainda destacou a mudança de comportamento dos jogadores nos últimos dias. Ele admitiu que o grupo estava desunido e não havia um objetivo comum. As derrotas estavam sendo assimiladas com muita naturalidade e o relacionamento não era o ideal. Hoje, Geninho diz que a situação é bem diferente e cita o fato de os jogadores comemorarem os gols juntos e jogarem sentindo dores como exemplos do nível de comprometimento com o clube.

Confira as principais declarações do treinador:

COBRANÇA
"Um time na nossa situação, que está brigando no fio da navalha, não pode se dar ao luxo de perder gols ganhando por 1 a 0 com dois jogadores na cara do gol. Basta que um toque para o outro e faça o gol. Eu não posso, como comandante, chegar lá e falar que está tudo bem. E você não pode também falar: ‘Olha, por favor você passa a bola para o outro’. Não pode ser assim delicado. Tem horas que você tem de colocar o Jabaquara em campo, como diz um amigo meu lá de Santos. E aí vale palavrão. Tanto é que eles aceitam bem isso, sabem que eu estou tentando alertar, não estou ofendendo. Por isso que o comportamento do segundo tempo foi outro, o time veio com uma pegada maior ainda. Porque sentiram a responsabilidade de de repente não ter definido o jogo no primeiro tempo."

ESTILO
"Eu espero realmente não infartar. Se eu não estourar, se eu não berrar, ficar ali na beira do campo empurrando esse time, às vezes xingando, me comportando daquela maneira, de repente eu posso ter um negócio. Então, eu prefiro não ter. Prefiro pôr tudo para fora e depois quando terminar o jogo estar tranqüilo como eu estou agora."

ENTROSAMENTO
"Vocês acompanharam o nosso dia-a-dia, a dificuldade que a gente teve para montar o time. Chegamos a ter mudança de oito jogadores de um jogo para o outro. Agora, graças a Deus, estamos tendo dois ou três só. A partir do momento em que começamos a mudar dois ou três, o time começou a mudar. Aquilo eu eu falava lá atrás, está se comprovando agora. Se você mantiver o time, se deixar esse time junto, esse time vai começando a se conhecer, vai se incorpando, pegando um jeito de jogar. Eu fico muito contente com isso. E fico mais contente ainda de ver que aqueles jogadores que estavam fora e que começaram a ter chance estão vindo agora e correspondendo. Isso para o treinador é a melhor coisa do mundo. Sai um, você põe o outro e sabe que aquele lá vai dar o melhor de si, vai tentar colaborar."

RELACIONAMENTO
"É o que eu falo: nós éramos um grupo, hoje nós somos um time. Quando eu cheguei aqui, o Atlético era um grupo. Um grupo em que muita gente, cada um pensava por si, o relacionamento não era aquele ideal. Era um grupo que estava muito acostumado a aceitar a derrota de uma maneira como se a derrota fosse uma coisa natural, e não é. Hoje não, esse grupo tem um outro comportamento. Hoje você viu esse grupo, como já foi no jogo contra o Sport, todo mundo comemorando com todo mundo, todo mundo se abraçando, todo mundo indo junto para o mesmo caminho, todo mundo vindo comemorar com a torcida, que ela é maravilhosa. É o que eu falo: quem tem uma torcida dessa do lado tem um reforço maravilhoso."

O QUE FALTA
"Agora, estamos dependendo dos nossos resultados de casa. Se nós fizermos só o nosso dever de casa nós fazemos 44 e o Atlético ano que vem está aí disputando o Campeonato Brasileiro da Série A de novo."

JOGO CONTRA O FIGUEIRENSE
"Eu esperava dificuldade, muita dificuldade. Acontece que a gente sabia de algumas coisas: que esse time vinha altamente desgastado daquele jogo, debaixo de um lamaçal contra o Fluminense, então se nós fizéssemos a bola rolar rápido, com certeza nós levaríamos vantagem, na bola de velocidade e no contra-ataque. Sabíamos que esse time vinha pressionado, por uma seqüência de resultados negativos aqui, e que fatalmente ele teria que sair com tudo para o ataque e ia deixar espaço. Então, nós procuramos fechar a frente e os lados, obrigando eles a usarem apenas a bola alçada. Marcamos muito bem a bola aérea e saímos rápido e nessa saída invariavelmente acontecia aquilo que havíamos previsto: o pique do meu jogador era mais rápido que o do Figueirense. Se nós não tivéssemos desperdiçado tantas chances já teríamos matado o jogo no primeiro tempo."

SEIS PONTOS
"Tem muita coisa. Se nós pararmos nos 38 nós caímos. Eu acho que foi um passo muito importante, principalmente porque foi contra um adversário direto. Acho que a vitória aqui compensou aquela derrota contra o Fluminense em casa. Foram jogos mais ou menos na mesma situação. Agora nós retomamos a nossa caminhada normal. Mas ainda falta. Faltam quatro jogos e precisamos de seis ou cinco pontos. Mas vamos pensar em seis porque com seis com certeza tiram o Atlético do rebaixamento."

DEDICAÇÃO
"O grupo está entendendo o que eu passo. Eu fico satisfeito por isso. Eu passo as coisas. Eu acho que você, como comandante do grupo, tem de ditar normas e procurar fazer com que o grupo entenda como tem de ser comportar. As coisas não acontecem de uma hora para outra. Elas vão acontecendo ao natural e o grupo está assimilando isso. Esse pessoal fez tratamento ontem o dia inteiro. Nós trouxemos o fisioterapeuta lá de Curitiba, mas dois jogadores que vieram. Mas esse pessoal fez tratamento até meia-noite, uma hora da manhã. Hoje 8 horas da manhã eles estavam tratando de novo. Trataram até na véspera do jogo."



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