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Apesar de diversos veículos de imprensa terem noticiado o milésimo gol do Atlético em Campeonatos Brasileiros e os próprios jogadores terem celebrado o feito, o clube ainda não reconheceu de modo oficial as estatísticas apresentadas na mídia.

A divergência sobre o número oficial de gols atleticanos no campeonato decorre do Campeonato Brasileiro de 1987, que até hoje é alvo de muita polêmica. Oficialmente, o Atlético não computa os gols marcados na edição daquele ano do Brasileiro, ao contrário do que fazem a imprensa e a CBF.

Em notícia divulgada nesta segunda-feira no site oficial do Atlético, é afirmado que “o segundo gol marcado pelo Furacão garantiu a vitória e é considerado pela imprensa estadual como o milésimo gol atleticano em Brasileiros da primeira divisão. Isso porque os veículos de mídia local somam os gols marcados também na Copa União de 1987”. Na verdade, não apenas os veículos da imprensa local, assim como a própria Confederação Brasileira de Futebol consideram o Módulo Amarelo do Campeonato Brasileiro de 1987, disputado pelo Atlético Paranaense, uma competição válida pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Portanto, os 18 gols marcados pelo Atlético na competição daquele ano valem para as estatísticas oficiais do campeonato e somam-se aos demais gols assinalados pelo clube, que juntos incorporam a histórica marca de mil gols no Campeonato Brasileiro.

O polêmico Brasileiro de 1987

A polêmica nas estatísticas do milésimo gol atleticano está no fato de o clube não considerar o Módulo Amarelo do Campeonato Brasileiro daquele ano uma disputa da primeira divisão. No entanto, o torneio foi organizado pela CBF e, para a entidade máxima do futebol brasileiro, é considerado como a primeira divisão, juntamente com o Módulo Verde (organizado pelo então recém-criado Clube dos 13). Para a CBF, a segunda divisão de 1987 foi denominada Módulo Azul (tendo como campeão o Americano) e a terceira divisão foi chamada de Módulo Branco, vencido pelo Operário-MS.

A confusão na organização do Brasileiro de 1987 se iniciou porque ao formular o regulamento do campeonato, a Confederação Brasileira de Futebol decidiu diminuir o número de equipes participantes, passando de 80 clubes (que participaram do campeonato de 1986) para 28 equipes, seguindo critérios de classificação no torneio anterior. Com essa nova fórmula, clubes como Santos, Botafogo e Coritiba seriam rebaixados para a segunda divisão. Não satisfeitos com essa determinação, as equipes participantes do Clube dos 13 recorreram à Justiça, promoveram uma virada de mesa e optaram em elaborar um campeonato paralelo, formulado sem critérios técnicos, apenas entre os times que integravam o grupo naquela época, somados ao Coritiba, Goiás e Santa Cruz, que foram convidados a participar do torneio, denominado “Copa União”.

Participaram do torneio organizado pela CBF clubes como Guarani e América-RJ, respectivamente vice-campeão e terceiro colocados do Brasileiro de 1986, num torneio denominado pela CBF como “Módulo Amarelo” do Campeonato Brasileiro, que teve também a participação do Atlético Paranaense. Portanto, tecnicamente, não há a menor condição de denominar o Módulo Amarelo como segunda divisão, visto que o torneio reunia clubes bem classificados no campeonato do ano anterior e era oficialmente organizado e reconhecido pela CBF como primeira divisão.

Para unificar a competição oficial promovida pela CBF com o torneio realizado pelo Clube dos 13, a CBF optou em dividir os dois campeonatos em módulos (o Módulo Amarelo e o Módulo Verde, organizado pelo Clube dos 13), prevendo uma disputa entre os campeões e vices de cada módulo num quadrangular para definir o real campeão brasileiro de 1987. A proposta foi inicialmente rejeitada pelos integrantes do Clube dos 13, mas após ameaça de intervenção da FIFA, foi assinado um documento firmando o compromisso desta disputa.

Ao final de cada módulo, Sport e Guarani foram campeão e vice do Módulo Amarelo, enquanto Flamengo e Internacional foram campeão e vice do Módulo Verde. No entanto, Flamengo e Internacional se recusaram a disputar o quadrangular final, com a CBF declarando, então, Sport e Guarani, respectivamente, campeão e vice do Brasileiro de 1987, sendo os dois clubes representantes do futebol brasileiro na Copa Libertadores da América em 1988. O caso chegou a ser levado para a Justiça, que deu ganho de causa ao Sport, reconhecido também pela CBF e pela FIFA como o real campeão brasileiro daquele ano.

Clique aqui e confira a reportagem da Furacao.com com a campanha atleticana no Brasileiro de 1987.