De volta ao Bangu, Douglas Silva revela passado criminoso
Fonte: Jornal Extra (reportagem de Guto Seabra)
No jogo da vida de Douglas Silva, pode-se dizer que o esporte venceu a criminalidade na prorrogação. Adolescente rebelde conhecido como Senir, aos 15 anos, foi preso por tentativa de assalto a ônibus. Usou drogas e até disparou tiros de pistola na saída de um baile funk. Atualmente, depois de ganhar fama no Flamengo, em 2004, resgata sua carreira pelo Bangu na disputa do Campeonato Estadual e vidas no projeto social Larte de Reciclar, em Padre Miguel.
"Quando decidi roubar o ônibus, estava deitado em casa. Fui sozinho. Me arrumei e coloquei a pistola na cintura. Abordei o trocador, mas o motorista parou próximo a uma patrulha. Corri para um fliperama e joguei a pistola atrás da máquina. Fui preso numa aventura. Dei muito trabalho dos 15 aos 17 anos", conta Douglas, que na época já atuava nas divisões de base do Bangu.
No Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador, reencontrou amigos de infância que o protegeram entre os internos. Lá, ficou um mês até um advogado do Bangu livrá-lo. Na rua, voltou a frequentar bailes funks e se envolver em brigas. Até disparou tiros de pistola na direção de um grupo rival.
"No baile, era na mão. Na rua, era covardia. Dez contra um. Dei tiros, sim… Mas foi correndo e sem olhar para trás".
Graças ao futebol e, principalmente, a avó Leda, Douglas Silva deixou o caminho do crime. Vendido pelo Bangu ao Atlético Paranaense em 2000, se deslumbrou com tanto dinheiro no primeiro salário. Foi direto ao shopping comprar vários pares de tênis, aparelho de DVD, roupas… E as noitadas foram convidativas. Foi multado, afastado. Em 2003, operou o joelho esquerdo que, por alguma incorreção, lhe rendeu o andar desengonçado, aumentando a impressão da vida torta. Passou a ser contratado só após aval médico. Em 2004, no Flamengo, ganhou fama e o rótulo de "marginal" pela rispidez e até violência nas disputas de bola. Ele se defende.
"Na final do estadual de 2004, o Geninho (então técnico do Vasco) mandou quebrar o Felipe. O sangue subiu. Por trás do Douglas, tem toda uma vida sofrida. Isso ninguém vê. Me taxaram de marginal. Mas eu só fui expulso uma vez no Flamengo".
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