Cartolas, colunistas, cornetas, sócios, inimigos…
Não lembro da fonte, mas já li em algum lugar que a origem do futebol foram as guerras. Após sangrentas lutas entre povos inimigos, os vencedores tomavam a cabeça do líder vencido e a chutavam de um lado para outro, festivamente. Das guerras, o futebol herdou os sentimentos de nação, de amor aos que erguem a mesma bandeira e de ódio aos oponentes. Também herdou as táticas, o gosto pelo perigo, pelas incertezas e pelas surpresas. Os hinos, os gritos, as bandeiras, o medo da morte iminente, a esperança de uma nova vida e a busca permanente da superação são resquícios de nossos tempos de guerreiros ainda impregnados em nossas almas. Guerreiros ainda somos. E, no futebol, simbolicamente, damos vida ao nosso lado belicoso. A magia vivida durante uma partida de futebol ajuda-nos, de certa forma, a aprender a lidar com alguns ‘demônios’ que nos habitam, envidando-os e dominando-os, sem provocar sangrias desatinadas. E durante esse jogo entre realidade e simbologia, encontramos outros como nós, com quem, na comunhão, nos humanizamos. O futebol, diferentemente da barbárie das guerras, é meio de humanização. Quisesse Deus que pudéssemos promover uma partida de futebol entre judeus e palestinos; quisesse Deus fossem esses povos amantes do futebol… E, todos bem o sabemos, quem fomenta e fortalece a cultura do futebol são os torcedores, os cartolas, os cronistas… O colunista e amigo Ricardo Barrionuevo a quem mando um abraço e peço desculpas publicamente por tê-lo ofendido com um comentário infeliz dias atrás neste mesmo espaço…