4 fev 2009 - 11h21

Manifestação racista estraga clássico Atletiba

Uma cena lamentável manchou o brilho da festa das torcidas no clássico Atletiba do último domingo, no Estádio Couto Pereira. Pouco antes do fim do primeiro tempo, a provocação típica de torcedores rivais nas arquibancadas foi substituída por um episódio criminoso e que deve ser repudiado por toda a sociedade. Ao invés de músicas e cantos comuns das torcidas de futebol para provocar os adversários, alguns torcedores do Coritiba xingaram e fizeram gestos racistas contra os atleticanos, numa clara demonstração de segregação racial.

O colunista da Furacao.com, Juarez Villela Filho, estava no Couto Pereira e descreveu as cenas lamentáveis que presenciou. "Na divisa das torcidas no anel inferior, entre as sociais do Couto Pereira e a massa atleticana, uma cena bizarra aconteceu. Pior de tudo, com vistas grossas e conivência da Polícia Militar do Paraná. Um torcedor do Coritiba ofendeu atleticanos com provocações racistas. Não satisfeito, apontava para a sua pele alva e chamou claramente para quem quisesse ouvir, em especial os policiais que estavam na divisa de torcida que nós atleticanos éramos ‘uma torcida de merda, de crioulos, macacada que tinha que voltar pra jaula, negrada FDP’", denuncia.

Segundo ele, os atleticanos que estavam no local, indignados com tamanha manifestação racista do sujeito, exigiram dos policiais presentes na divisa das torcidas a pronta prisão do infrator. No entanto, apesar do flagrante e das testemunhas no local, a polícia foi conivente com tal ato e se limitou apenas a retirar o sujeito da divisa, deixando-o no mesmo setor do estádio.

Num universo como os esportes, em que ídolos e herois, sejam eles negros, brancos, índios, orientais, surgem a cada dia, cenas como essa não podem jamais existir. É importante ressaltar que esse tipo de atitude não é apenas recriminável e lamentável. É também crime. O artigo 20 da Lei 7.716 de 1989 afirma:

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

Racismo no futebol

Infelizmente, a manifestação racista do torcedor do Coritiba não é um caso isolado no futebol. Diversos atletas já foram vítimas de atos racistas em todo o mundo. Alguns ex-atleticanos, como o atacante Kléber, o zagueiro Baloy, o lateral-direita Etto e o atacante Adauto já foram vítimas de racismo. Adauto virou inclusive símbolo de uma campanha contra o racismo, promovida pelo governo da República Tcheca.

Também não é a primeira vez que ocorrem manifestações racistas no Couto Pereira. No Campeonato Brasileiro do ano passado, na partida entre Coritiba e Botafogo, o meia Carlos Alberto (hoje no Vasco) acusou um torcedor alviverde de ter lhe xingado de "macaco" enquanto saía do gramado do Couto Pereira. Na época, o jogador chegou a prestar queixa por racismo numa delegacia de Curitiba (confira as notícias divulgadas na época: Vítima de racismo, Carlos Alberto presta queixa em Curitiba (UOL Esportes) e Carlos Alberto denuncia torcedor por racismo (Lancenet!).

Um dos casos mais emblemáticos envolvendo racismo no futebol foi num jogo pela Liga Espanhola, quando o camaronês Eto’o, após ouvir insultos racistas e imitações de macaco na torcida do time da casa, ameaçou sair de campo. A cena absurda retrata como racistas travestidos de torcedores podem estragar um espetáculo, deixando totalmente transtornado um jogador experiente e consagrado como Eto’o, conforme mostra o vídeo abaixo:



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