Caro colega Mauricio, permita-me responder seus questionamentos.

-Robson Cerizza, me permita lhe questionar, você realmente acha que somos pequenos?

No parâmetro em que estamos, sim. Nos amedrontamos com o surgimento do Corinthians Paranaense, flertamos há 04 anos com a 2a Divisão do Brasileiro, não disputamos mais grandes títulos, perdemos partidas contra clubes considerados pequenos, não ganhamos o paranaense há muito tempo, o que para nossa estrutura seria uma obrigação, contratamos jogadores “baratos” em todos os sentidos e que se pelo menos jogassem o equivalente à um terço do que ganham, teríamos melhores resultados, sem contar os mais de mil motivos que todos já sabem. Para ser “grande’ precisa-se estar “grande”, querer ser “grande”, viver “grande”, enchergar “grande”. Ser grande é um estado de espírito. E antes que me perguntem, não sou contra a diretoria, pois não cuspo no prato que como. Sou muito grato aos feitos do senhor Mario Celso Petraglia, sem ele teríamos afundado completamente “naquela” época.

-Esse protesto todo é por que não ganhamos o primeiro clássico do ano na casa deles?

Não. Antes tivéssemos perdido o clássico, mas jogado com vontade, com espírito de luta, com sangue nos olhos. Já perdi muitos atletibas na minha vida e, acredite: um empate pode ser muito mais doloroso do que a derrota, principalmente por vermos que o barco vai no mesmo rumo dos anos anteriores.

-Onde estamos na classificação do Paranaense?

Em um lugar pouco abaixo do mesmo período do Paranaense do ano passado e todos sabíamos que aquele time já era limitado, depois da saída de Ferreira e Claiton a vaca foi pro brejo, as vitórias em seqüência após suas saídas eram limitadas e o futebol do mesmo jeitinho que vimos domingo.

-A sua crítica, após 3 rodadas do Paranaense, por acaso não é um pouco precipitada?

Criticar cedo pode ser precipitado, mas depois de quatro anos consecutivos amargando derrotas humilhantes em todos os sentidos, é o mínimo que nós atleticanos podemos fazer, antes que a tal vaca vá para o brejo de novo e, aliás, há algum tempo ela tem gostado desse brejo.

-Os mesmos que você tanto critica, por acaso, não são os mesmos que você deve ter aplaudido tanto nos últimos jogos do brasileirão 2008? Ou pelo menos na goleada contra o Flamengo?

Caro colega, sirvo de minha família e principalmente de meu filho de catorze anos para comprovar que não, não aplaudi ninguém ao final do campeonato passado, exceção esta ao Geninho nosso Rei, pois não fizeram mais do que obrigação em vista do tamanho de nossa numerosa e fanática torcida que aderiu ao sócio Furacão com orgulho e injetou mais dinheito nos cofres do clube e incentivou aquele grupo, mantendo com a força dos pulmões e do coração o clube no lugar onde é devido. A goleada contra o Flamengo é um caso a parte, foi tipo decisão de campeonato, tudo pode acontecer.

-Quando me refiro a estrutura psicológica é porque esta piazada convive diariamente com empresários, vários interesses, e certamente muita coisa por trás de tudo que nós nem imaginamos que aconteçam.

Com certeza nesta estou contigo mas, ninguém neste universo precisa de estrutura psicológica para entrar em campo e por o pé na bola; por mais que não se dê bem com ela, todos notarão o esforço do jogador. Não estou pedindo a entrada dos meninos, mas fazendo uma referência de que ou os que estão no time joguem de verdade com amor a camisa todos os jogos e não só contra os times considerados pequenos ou coloquem a piazada que certamente “comerão grama”.

-Mas por favor, só aconteceram 3 jogos este ano e nos últimos 11 jogos do Atlético, vencemos 7, empatamos 3 e perdemos apenas 1, isso é ruim?

Mais uma vez caro colega lhe digo que não são os resultados que nos deixam putos e sim a falta de vontade.

E como você bem disse foi o pior atletiba de todos os tempos. Lembro eu de um atletiba em que o Atlético não tinha chance de mais nada no campeonato, isso há mais ou menos 20 anos, e lembro que chovia muito, e lembro-me que nosso time não era dos melhores, e lembro que valia muito para o coxa, para nós o valor estava em simplesmente ganhar ou empatar com eles. Os salários não eram nem um pouco pomposos, mas sobrava dedicação, raça, empenho, luta, e ganhamos por 1 x 0 com um único ataque no final do jogo. Todos se arrebentaram em campo, primeiro para não tomar gols e depois para fazer na única chance que tivemos. Pode ter certeza, naquele final de jogo todos nos orgulhávamos daquele time e o gol veio só para coroar este orgulho.

Para finalizar, caro colega, já ouviu dizer que as primeiras impressões são as que ficam? Espero que esta cara mude no próximo atletiba, pois este jogo sim serve de termômetro para o resto do ano.