Deu a louca no mundo
Deu a louca no mundo atleticano. As teses da oposição foram parcialmente adotadas pela atual diretoria, eleita pela situação. Os admiradores do Grande Timoneiro choram copiosamente o afastamento do ídolo, que se movimenta nas sombras em busca do retorno triunfal. Geninho, que já foi herói eterno, é odiado por aqueles que acreditam que a história do clube começou em 1995, com o lendário soco na mesa. A primeira derrota do ano, para o esforçado Cianorte, ganha a dimensão de uma catástrofe.
Nervos à flor da pele, a comunidade rubro-negra protagoniza um debate sem precedentes. O que terá acontecido? Por que tamanha discórdia? O que é isso, companheiros e companheiras? Pois eu digo que isso tudo são os efeitos da queda de uma ditadura. Antes, o regime tinha expressão bem definida uma cara arrogante, totalitária, pernóstica. Hoje, as noções de a favor e contra estão embaralhadas. Eu, por exemplo, não sei mais de que lado estou. Como sócio, votei na oposição, e nela pretendia ficar. Mas me assustei ao saber que o principal líder oposicionista de agora é justamente ele, o coronel. Como me espanto ao ver que os antigos aliados do ex-todo-poderoso finalmente se aproximaram da massa, do povão, da turba ensandecida que transforma o Joaquim Américo em caldeirão.
O Atlético pertence a todos. Essa verdade pura, cristalina, óbvia, precisava ser repetida todos os dias, durante os dias cinzentos da dinastia falaciana. Resistíamos, então, como militantes clandestinos à espera do retorno do sol. Não sei se as luzes vieram para ficar. Nem me importa identificar se pertenço ao lado A ou ao lado B da política institucional. Sei que o clube que amo, que nasceu há 85 anos, muito antes da contra-revolução que desfigurava a sua essência e matava a sua história, sei que o clube que amo está mais vivo do que nunca. Nosso time não é lá essas coisas, amargamos a falta de títulos e ídolos, faltam-nos patrocinadores e temos dificuldades financeiras. Mesmo assim, o Atlético está melhor do que antes. Faltava-lhe reconhecer que a sua grandeza é fruto de uma paixão coletiva do tamanho da vida. Feito isso, sigamos em frente.