Há 5 anos, 3 meses e 1 dia eu publicava aqui minha primeira coluninha ‘O Batizado do Caçula’, cujo link segue adiante para algum curioso consultar: http://www.furacao.com/opiniao/fala.php?cod=356.
Nesses 5 anos, 3 meses e 1 dia fiz muita coisa. Lecionei Língua Portuguesa, virei Assessor no Estado, Colunista de um site já extinto, Colunista deste site, errei e acertei quase que na mesma proporção.
Aprendi grandes lições e hoje me encontro, exatamente, no ponto onde tudo começou, mas já não sou o mesmo.
Nem melhor, nem pior: só não sou o mesmo. Talvez a única coisa inalterada em mim seja o amor pelo Atlético e essa mania de contar e inventar histórias.
De onde esse amor pelo Atlético vem eu não sei. O gosto pelas histórias também não tem origem certa. Na verdade, a gente mesmo não sabe ao certo de onde é que se vem, tampouco sabe para onde se vai.
Minhas raízes. Meus antepassados. Sei tão pouco de mim, menos ainda sei deles todos. Por parte de mãe: um bisavô sírio, uma bisavó italiana, outro bisavô português casado com uma brasileira nascida em Ponta Grossa.
Da linha paterna: bisavô espanhol e bisavó alemã. Nada mais me foi dito e nem sequer perguntado. Dessa mistura toda é que eu saí: sangue forte, sangue quente, sangue Rubro-Negro. Sou um cara de gênio forte e coração fraco, vocacionado para morrer de amor.
Minha avó materna nasceu em 13 de agosto de 1919, em Irati. Faria 90 anos neste 2009 acaso não tivesse voltado para o Céu, naquele triste setembro de 2003.
Ester Xavier Pedro, minha querida vozinha. Ela sempre me dizia que estudar a Língua Portuguesa era a coisa mais importante a se fazer. Eu ouvia minha avó com atenção e estudava o Português com afinco.
Depois ia mostrar a ela as notas altas e as redações onde eu caprichava na letra e no conteúdo. Ela, professora formada, alfabetizadora pioneira neste Estado do Paraná, lia tudo com paciência admirável.
Corrigia eventuais erros com olhos e gestos de mestra, relevava muitas imperfeições com seu coração de avó. Minha avozinha foi o primeiro presente que ganhei de Irati.
Todo mundo brincava que a vó tinha nascido em Irati, terra da batata, mas ela nem ligava. Meu avô – grande piadista e tirador de sarro – contava sempre uma anedota que dizia assim:
Certa vez, viajavam pelo interior do Paraná um político famoso e sua comitiva composta de quatro assessores puxa-sacos. Ao chegar a Irati, um dos assessores teria dito:
– Eis Irati. Nesta cidade só nasce puta e jogador de futebol!
O político famoso, maluco da vida, protestou:
– Porra! Minha mãe nasceu aqui, cidadão!
E o assessor falastrão, tentando consertar, respondeu:
– Doutor, a senhora sua mãe deve bater um bolão!
A família toda dava risada com essa velha piada e nem mesmo o fato de ser contada pela décima vez retirava-lhe a graça.
A vó, alvo dos gracejos, aderia aos risos, e se defendia: ‘Em Irati só nascem mulheres sérias e grandes jogadores de futebol!’.
Minha avozinha foi o primeiro presente que ganhei de Irati. O segundo ganhei ontem, quando o Iraty – com y – bateu o Coritiba, em pleno Couto Pereira, no ano do Centenário verde.
Diante de 8.500 testemunhas, o valente azulão fez 1 a 0 e aterrou as chances de o time verde levantar o caneco de 2009.
Sem tomar conhecimento do adversário secular, o Iraty, corajoso e destemido, fez valer seu melhor futebol e aniquilou a coxarada, sem dó e sem piedade, provando que Irati é, sim, berço de mulheres sérias e de grandes jogadores de futebol.
Pela minha vozinha e pela alegria de ontem, eu só tenho a dizer: Irati, eu te amo! Com ‘i’ ou com ‘y’, eu te amo cada vez mais!
5 anos, 3 meses e 1 dia! Fiz muita coisa. Lecionei Língua Portuguesa, virei Assessor no Estado, Colunista de um site já extinto, Colunista deste site, errei e acertei quase que na mesma proporção.
Aprendi grandes lições e hoje me encontro, exatamente, no ponto onde tudo começou. Já não sou o mesmo. Nem melhor, nem pior.
Talvez a única coisa inalterada em mim seja o amor crescente pelo Atlético e essa mania de contar e inventar histórias.
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