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20 abr 2009 - 7h45

Iraty, eu te amo!

Há 5 anos, 3 meses e 1 dia eu publicava aqui minha primeira coluninha ‘O Batizado do Caçula’, cujo link segue adiante para algum curioso consultar: http://www.furacao.com/opiniao/fala.php?cod=356.

Nesses 5 anos, 3 meses e 1 dia fiz muita coisa. Lecionei Língua Portuguesa, virei Assessor no Estado, Colunista de um site já extinto, Colunista deste site, errei e acertei quase que na mesma proporção.

Aprendi grandes lições e hoje me encontro, exatamente, no ponto onde tudo começou, mas já não sou o mesmo.

Nem melhor, nem pior: só não sou o mesmo. Talvez a única coisa inalterada em mim seja o amor pelo Atlético e essa mania de contar e inventar histórias.

De onde esse amor pelo Atlético vem eu não sei. O gosto pelas histórias também não tem origem certa. Na verdade, a gente mesmo não sabe ao certo de onde é que se vem, tampouco sabe para onde se vai.

Minhas raízes. Meus antepassados. Sei tão pouco de mim, menos ainda sei deles todos. Por parte de mãe: um bisavô sírio, uma bisavó italiana, outro bisavô português casado com uma brasileira nascida em Ponta Grossa.

Da linha paterna: bisavô espanhol e bisavó alemã. Nada mais me foi dito e nem sequer perguntado. Dessa mistura toda é que eu saí: sangue forte, sangue quente, sangue Rubro-Negro. Sou um cara de gênio forte e coração fraco, vocacionado para morrer de amor.

Minha avó materna nasceu em 13 de agosto de 1919, em Irati. Faria 90 anos neste 2009 acaso não tivesse voltado para o Céu, naquele triste setembro de 2003.

Ester Xavier Pedro, minha querida vozinha. Ela sempre me dizia que estudar a Língua Portuguesa era a coisa mais importante a se fazer. Eu ouvia minha avó com atenção e estudava o Português com afinco.

Depois ia mostrar a ela as notas altas e as redações onde eu caprichava na letra e no conteúdo. Ela, professora formada, alfabetizadora pioneira neste Estado do Paraná, lia tudo com paciência admirável.

Corrigia eventuais erros com olhos e gestos de mestra, relevava muitas imperfeições com seu coração de avó. Minha avozinha foi o primeiro presente que ganhei de Irati.

Todo mundo brincava que a vó tinha nascido em Irati, terra da batata, mas ela nem ligava. Meu avô – grande piadista e tirador de sarro – contava sempre uma anedota que dizia assim:

Certa vez, viajavam pelo interior do Paraná um político famoso e sua comitiva composta de quatro assessores puxa-sacos. Ao chegar a Irati, um dos assessores teria dito:

– Eis Irati. Nesta cidade só nasce puta e jogador de futebol!

O político famoso, maluco da vida, protestou:

– Porra! Minha mãe nasceu aqui, cidadão!

E o assessor falastrão, tentando consertar, respondeu:

– Doutor, a senhora sua mãe deve bater um bolão!

A família toda dava risada com essa velha piada e nem mesmo o fato de ser contada pela décima vez retirava-lhe a graça.

A vó, alvo dos gracejos, aderia aos risos, e se defendia: ‘Em Irati só nascem mulheres sérias e grandes jogadores de futebol!’.

Minha avozinha foi o primeiro presente que ganhei de Irati. O segundo ganhei ontem, quando o Iraty – com y – bateu o Coritiba, em pleno Couto Pereira, no ano do Centenário verde.

Diante de 8.500 testemunhas, o valente azulão fez 1 a 0 e aterrou as chances de o time verde levantar o caneco de 2009.

Sem tomar conhecimento do adversário secular, o Iraty, corajoso e destemido, fez valer seu melhor futebol e aniquilou a coxarada, sem dó e sem piedade, provando que Irati é, sim, berço de mulheres sérias e de grandes jogadores de futebol.

Pela minha vozinha e pela alegria de ontem, eu só tenho a dizer: Irati, eu te amo! Com ‘i’ ou com ‘y’, eu te amo cada vez mais!

5 anos, 3 meses e 1 dia! Fiz muita coisa. Lecionei Língua Portuguesa, virei Assessor no Estado, Colunista de um site já extinto, Colunista deste site, errei e acertei quase que na mesma proporção.

Aprendi grandes lições e hoje me encontro, exatamente, no ponto onde tudo começou. Já não sou o mesmo. Nem melhor, nem pior.

Talvez a única coisa inalterada em mim seja o amor crescente pelo Atlético e essa mania de contar e inventar histórias.



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