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6 maio 2009 - 0h24

Mestre Xin Xaco carimbando o centenário verde

Curitiba, segunda-feira, 04 de maio de 2009, 7h15 da manhã. Mestle Xin Xaco chega à porta de sua Tenda Oriental visivelmente embriagado e cantando “Eu vou tomar um pole de felicidade, vou sacudir, eu vou zoar toda cidade!”. Há papéis picados, confetes e serpentinas nos longos cabelos e na longa barba do Mestle. A Camisa do Atlético cobre o corpo magro do velho sábio e está tão amarrotada quanto a faixa onde se pode ler a orgulhosa inscrição “Atlético – Campeão Paranaense de 2009!”. O bom chinês fede a cachaça e não consegue nem sequer acertar o buraco da fechadura do bonito Templo.

Cauezinho – o rebolativo e aloirado assistente de Mestle Xin Xaco – ouvindo a cantoria do patrão, vai até a calçada para ver que merda o chinês estava aprontando dessa vez. Ao abordar seu iluminado chefe, Cauezinho soltou a franga:

– Mestle Xin Xaco, por onde foi que o senhor andou desde ontem à tarde? Disse que ia ao jogo do Atlético, e não voltou mais! Eu aqui todo preocupado com sua integridade física e o senhor nem pra me dar um alozinho pra dizer que estava vivo, Mestle!!!

Mestle Xin Xaco, com a sabedoria que Deus lhe deu, olhou bem dentro dos olhos de Cauezinho – o boiola – ajeitou a faixa de campeão no peito, sacudiu a barba e os cabelos e disparou:

– Pola, Cauezinho! E tu é minha mulher pla ficar enchendo o meu saco, coisa feia? Só cheguei agora porque tava comemolando o título do meu Fulacão, tluta! Eu tava lá no Caldeilão, depois vi a volta olímpica, saí de lá com a galela, tomei todas e fiquei cantando samba a noite toda. Eu vou tomar um pole de felicidade, vou sacudir, eu vou zoar toda cidade! Se liga, Cauezinho!

– Mestle, é que a clientela já está aí esperando o senhor! Três clientes, Mestle! Todos eles aturdidos, todos eles vestindo a camisa do coxa!

– Coxa-blanca aturdido? É comigo mesmo! Cauezinho, manda entrar o plimeiro cliente do dia.

E eis que entrou Marcelinho Paraíba.

– Mestle Xin Xaco, estou com problemas! Será que o senhor pode me ajudar?

– Plimeilamente, cabecinha de cocada, eu gostalia de saber o seu nome. Qual é o seu nome, coisa feia?

– Mestle, não está me reconhecendo? Eu sou o Marcelinho Paraíba, atacante do Coritiba!

– E eu lá sou obligado a conhecer jogador do coxa? Eu sou da caveila, seu viado! Sou da caveila! Mas diga lá, seu cala de aleia mijada, qual é o seu ploblema?

– Mestle, carrego comigo grande dilema. Um jogador grande faz crescer um time pequeno, ou um time pequeno acaba por apequenar um jogador grande?

– Veja, quelido cabecinha de tapioca, eu dilia que quem é glande nunca se apequena e quem é pequeno nunca se agiganta. Desta folma, seu cala de calango, esteja celto, você não vai englandecer o coxa, mas o coxa não vai apequenar você!

– Brilhante, Mestle Xin Xaco! Já me sinto bem mais aliviado! Quanto é que eu lhe devo?

– Veja, honolável comedor de macaxeila, a consulta nolmalmente custa qualenta leais, mas hoje estamos na plomoção. Coxa-blanca, hoje, paga só deizão, desde que aceite levar uma calimbada na testa em homenagem ao glande calimbo lublo-neglo no centenálio verde. Topas?

Como Marcelinho Paraíba topou, pagou só deizão e saiu com a testa carimbada pelo Mestle Xin Xaco.

Entrou o segundo cliente da manhã: o advogado coxa que entrou com uma ação na Justiça tentando, em vão, impedir o Atlético de levantar o caneco na Arena.

– Bom-dia, Mestle Xin Xaco!

– Bom-dia, coisa feia! Quem é você, abatido coxa-blanca?

– Eu sou o advogado que propôs aquela absurda ação na Justiça tentando impedir o Atlético de levantar o caneco, domingo, na Arena.

– Ah, então foi você, seu viado? Você que foi o lábula que plopôs aquela abelação julídica? Quem você pensa que é pala tumultuar o Judiciálio blasileilo? O Gilmar Mendes, seu bosta?

– Mas eu me arrependi, Mestle, e aquela ação não deu em nada! Será que nem assim eu mereço perdão?

– Olha, meu camalada, perdão é algo que a gente não deve negar a um homem, mas tu não é homem, tu é moleque, rapá! Então tu rapa daqui, mas antes bota deizão ali na caixinha pela consulta e plepala a testa que eu vou te enfiar uma calimbada nelvosa em homenagem ao centenálio verde calimbado pelo Fulacão. E sai da minha flente, tluta, que hoje eu não quelo me incomodar!

Por fim, entra o último cliente. Renê Simões.

– Mestle Xin Xaco, bom-dia!

– Lenê Simões? Mas que pola você veio fazer aqui na minha Tenda Oliental?

– Sabe o que é, Mestle, eu sou um grande motivador, mas, por paradoxal que possa parecer, não consigo me motivar e tampouco consigo motivar o time que eu comando. O que fazer, Mestle? Como é que eu posso encontrar motivação para motivar o Coritiba?

Diante da dúvida de Renê Simões, Mestle Xin Xaco pensou, pensou, olhou pra cima, coçou a barba, olhou pra baixo, pensou de novo, coçou os cabelos, acendeu um marlborinho vermelho, botou um cd dos Racionais pra tocar e, passada uma hora inteira, nada de a resposta aparecer.

Renê Simões – o cover do Flanders dos Simpsons – já estava impaciente, mas a resposta não aparecia. Passadas duas horas da pergunta, Renê interpelou o Mestle:

– E então, Mestle Xin Xaco, o que eu devo fazer para me motivar e motivar o Coritiba?

– Plezado Lenê, há coisas no mundo pala as quais não há lespostas, tampouco há soluções. Eu vou ficar te devendo essa lesposta, noble amigo feioso, pois não há lazões suficientes no mundo para fazer alguém se motivar no Colitiba e pelo Colitiba. Lamento!

– Então você vai ficar me devendo, Mestle?

– Eu vou, mas você não vai! Bota deizão aqui na mão do Xin Xaco e plepala a testa plo calimbo, pois Coxa-blanca, hoje, paga só deizão, desde que leve uma boa calimbada na testa em homenagem ao calimbo Atleticano no centenálio verde.

E depois de carimbar os três coxas aturdidos, Mestle Xin Xaco se recolheu aos seus aposentos, cantando a plenos pulmões “Eu vou tomar um pole de felicidade, vou sacudir, eu vou zoar toda cidade!”



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