Atlético encerra a parceria com o PSTC
O Atlético encerrou a parceria que possuía com o PSTC (Paraná Soccer Technical Center), clube sediado no Norte do Paraná responsável pela revelação de jogadores. A informação foi divulgada inicialmente em matéria de Cahuê Miranda, na Tribuna do Paraná, há duas semanas. Nesta quinta-feira, uma reportagem assinada por Robson De Lazzari na Gazeta do Povo (clique aqui para ler a íntegra da reportagem), aprofundou o tema e trouxe declarações dos presidentes dos dois clubes. O contrato entre Atlético e PSTC terminou no final de fevereiro e não foi prorrogado. O fato só veio à tona três meses depois.
O PSTC foi fundado em 1994 por um grupo de empresários de Londrina. O clube surgiu com o objetivo de revelar jogadores para equipes profissionais e de realizar parcerias com clubes do Japão, aproveitando o fato de existir uma grande colônia japonesa no Norte do Paraná. Nos primeiros anos, o PSTC negociou jogadores com o Paraná Clube. O volante Reginaldo Vital obteve grande sucesso e colocou o PSTC em evidência.
Em 1998, o Atlético contratou o meia Kleberson, revelado pelo time de Londrina. Ele foi indicado pelo técnico Zequinha, que observou um amistoso do PSTC ontra um time da China. Depois de passar pelos juniores, Kleberson chegou ao profissional do Atlético e brilhou intensamente. Foi campeão brasileiro em 2001, tornou-se ídolo da torcida e chegou à Seleção Brasileira, conquistando o pentacampeonato mundial.
Graças ao sucesso de Kleberson, Atlético e PSTC assinaram um contrato de parceria, com duração determinada e possibilidade de renovação. O acordo consistia no seguinte: o Rubro-Negro pagava uma quantia mensal ao PSTC e obtinha o direito de escolher jogadores da categoria juvenil. Mesmo com a transferência dos atletas para o Furacão, o PSTC continuava a manter uma parcela dos direitos econômicos – ao longo da parceria, essa parcela variou entre 50 e 40%.
Na última década, o Atlético recebeu mais de uma centena de jogadores revelados nas categorias de base do PSTC. Alguns não se firmaram e nem sequer chegaram ao profissional. Outros se tornaram ídolos da torcida atleticana e conquistaram grande sucesso na carreira.
De acordo com o presidente Marcos Malucelli, o Atlético ainda terá a preferência de compra de algum atleta revelado pelo antigo parceiro. Já comunicamos ao PSTC que não iremos renovar o contrato. A parceira acabou. Apenas ficamos com a preferência para compra caso algum jogador deles nos agrade, disse ele à Gazeta do Povo. Segundo Malucelli, o clube focará seus esforços para formar jogadores no CT do Caju.
Revelações
Além de Kleberson, vários outros jogadores surgidos no PSTC tiveram sucesso no Atlético. O atacante Dagoberto, os meias Jadson e Fernandinho e o goleiro Guilherme são os que tiveram maior destaque. Dos cinco, quatro foram negociados com clubes do exterior – Kleberson foi para o Manchester United, Jadson e Fernandinho para o Shakhtar Donetsk e Guilherme, para o Lokomotiv Moscou. Dagoberto deixou o Atlético após rescindir o contrato unilateralmente.
Há outros jogadores que normalmente são incluídos no rol da parceria, mas na verdade começaram a carreira no Atlético, passaram um período no PSTC e depois retornaram ao Rubro-Negro. São os casos do volante Alan Bahia, atualmente emprestado ao Vissel Kobe, e do atacante Patrick, recém-promovido ao time profissional.
Sem o mesmo destaque
Alguns outros jogadores revelados pelo PSTC e transferidos ao Atlético na categoria juvenil também chegaram a defender o time profissional do Atlético, mas não obtiveram o mesmo brilho. São eles: André Luiz (lateral-direita), Alex Fraga e Lucas Piasentin (zagueiros), Stanley (lateral-esquerda), Edimar e Welington (volantes), Marcelinho (meia) e Ricardinho (atacante).
Muitos outros jogadores atuaram pelas categorias juvenil e júnior, mas não chegaram ao profissional, como por exemplo Marcinho e Gefferson (goleiros), Wagner Velani, Leandro Sena, Victor Hugo e Elton (zagueiros), Thiaguinho (lateral-esquerda), Roberto Fonseca e Diogo (volantes), Cléber, Ronaldo Três e Marcelo Carminatti (meias), Jayme, Eduardo, Gudela, Douglas, Lauro e André Luiz (atacantes)
Time atual
Quatro jogadores do atual plantel são fruto da parceria com o PSTC: o polivalente Chico, o volante Douglas Maia e o meia Pimba, além do já citado Patrick. Nos juniores, os zagueiros Diego Petri e Pablo, os volantes Matheus, Guaraci e Deivid e o meia Bruninho e os atacantes Edigar, Thiago e Fagner são oriundos do clube do interior. Nos juvenis, os jogadores com passagem pelo PSTC são o meia Bruno Pelissari e o atacante Bruno Furlan.
Outros profissionais
A relação do Atlético com o PSTC não se restringiu à transferência de jogadores formados no time do interior. O Furacão também contratou alguns profissionais que trabalhavam na equipe. O primeiro foi o técnico Lio Evaristo, que comandou por vários anos o time júnior do Atlético e depois se tornou auxiliar técnico do profissional.
Depois dele, Leandro Niehues também trocou o time juvenil do PSTC pelo júnior do Atlético, onde ficou por três anos. Neste ano, Leandro foi vice-campeão estadual no comando do J. Malucelli.
O olheiro Aliomar Mansano, o Ticão, apontado como o responsável por ter descoberto os talentos de Kleberson, Dagoberto, Jadson, Fernandinho e Ricardinho, entre outros, foi contratado em 2004 para trabalhar no Atlético. Ele permaneceu por cinco anos e foi demitido nesta semana (clique aqui para ler a notícia). Além dele, Jair Machado, que foi técnico do juvenil do PSTC, trabalhou durante um período como coordenador de futebol do Atlético no PSTC.
Interrupções
Apesar de ser considerada no geral bem-sucedida, a parceria com o PSTC já sofreu interrupções no passado. Quando Mário Celso Petraglia se afastou da administração do clube por um breve período, em 2002, a parceria foi encerrada. Com o retorno dele, foi retomada. "O Sr. Adur, então presidente do Conselho Gestor do Atlético, rescindiu o contrato de parceria com o PSTC e corremos sério risco de perder jogadores importantes, somente mantidos após adquirir 100% dos direitos federativos e 50% dos direitos financeiros por valores maiores. Felizmente, retomamos a parceria, evitando enormes prejuízos", revelou Petraglia em texto publicado no site oficial do clube em 2006.
A matéria desta quinta-feira da Gazeta do Povo também revelou que no ano passado os clubes ficaram sem contrato por alguns meses. Não existe nada definitivo. No ano passado ficamos sem contrato de fevereiro a junho, afirmou Mario Iramin, presidente do PSTC, à Gazeta.
Boatos
Também durante a parceria circularam boatos de que o ex-presidente Mario Celso Petraglia teria uma participação no clube londrinense. Tanto Petraglia quanto Mario Iramina desmentiram veementemente essas informações em várias ocasiões.
Malucelli
No ano passado, o atual presidente Marcos Malucelli falou sobre a parceria com o PSTC em pelo menos duas ocasiões. Primeiro, logo que assumiu a direção de futebol do clube, em entrevista à Furacao.com: "Mas é difícil negociar assim, mudamos há pouco com o PSTC que era 50% a 50%, mudamos para 60% a 40%, mas eles ainda são os que nos dão o melhor resultado. Agora mesmo trouxemos seis jogadores de lá, todos com bastante capacidade e já estão muito bem nos nossos juvenis e juniores".
Depois, já candidato à presidência, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo que a parceria com o PSTC seria mantida: "Nós temos parceria com o PSTC desde 1998, era o Ademir Adur o presidente. Parceria com o Uniclinic e com o Porto, de Pernambuco, que já eliminamos. Então nós só vamos manter a única que nos deu jogador".
Mais adiante, avaliou a relação entre os dois clubes: "Eles têm um olho clínico em Londrina. Uma cooperativa de médicos. Eu não conheço eles, só o Mário Iramina, os outros não conheço. Os jogadores que vêm de lá são os que dão certo. Dagoberto, Alan Bahia, Kléberson, Guilherme, Pimba… Vem de lá, não vem ninguém do Porto e do Uniclinic; veio o Rogerinho… Agora no fim do ano, só vai ficar a parceria com o PSTC, pois essa é a única que comprovadamente dá resultados. Eles falam que o PSTC tem o Petraglia, não tem. Até onde eu sei, não tem. Todo mundo fala e ninguém prova. Se alguém provar se tem, nós acabamos com a parceria. Embora isso traga prejuízo técnico e financeiro para o clube. Então, é balela, não tem. A coisa é série e, se não fosse, eu não faria. Não sou cartola, não sou dirigente, não tenho a intenção de ficar eterno presidente do Atlético e nem ser candidato a vereador, deputado. Sou atleticano. Se eu perder a eleição, primeiro jogo eu estou lá com a bandeira, no meu camarote torcendo, quem quer que seja o presidente. Sou atleticano sempre. Eu não tenho a intenção de fazer carreira no Atlético".