30 jul 2009 - 22h21

Presidente falou sobre obras na Arena para a Copa

O presidente Marcos Malucelli concedeu entrevista a três rádios de Curitiba nesta quinta-feira. Esteve primeiro na Transamérica. Logo depois, participou de um programa na Globo AM e, por fim, concedeu entrevista por telefone à Rádio Banda B. Nas três oportunidades, falou sobre as negociações para contratação de um novo técnico, a má fase do time no Campeonato Brasileiro, as dificuldades financeiras e as obras na Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014.

Malucelli rebateu as insinuações de que o Atlético não teria mais interesse em ceder a Arena para o Mundial do Brasil. Porém, ele está preocupado com os recursos a serem investidos para que o estádio atenda as exigências do caderno de encargos da Fifa. “O Atlético não está abandonando a Copa do Mundo, não. A Copa é do município de Curitiba. Nós precisamos é que venha o recurso para a conclusão do estádio, dentro das exigências do caderno de encargos da Fifa. Já há até um comprometimento da própria Fifa”, disse o presidente à Banda B. “Esse não é um problema só nosso, é também de São Paulo e do Inter. Esses três clubes precisam de recursos alocados para modificar o estádio para atender as exigências da Fifa. Essa expectativa é dos três clubes, estamos inclusive agindo em conjunto para que venham os recursos”, revelou. Dos 12 estádios indicados pelo Brasil, nove são públicos e três (justamente os de Curitiba, São Paulo e Porto Alegre) são particulares.

Na visão do dirigente, a informação de que o Atlético não teria interesse na Copa é fruto de deturpação da visão da diretoria sobre a questão. “Eu tenho feito reuniões com alguns conselheiros para explicar tudo isso, porque para eles levam notícias deturpadas como essa: ‘o Atlético não quer a Copa em Curitiba’. Isso Não é verdade. O Atlético quer a Copa em Curitiba. Mas é preciso que se conclua o estádio com dinheiro que não seja do Atlético. Com dinheiro que seja de investidores, que recuperem seu dinheiro com espaço publicitário”, explicou.

Projetos

O presidente revelou que há dois projetos para a conclusão da Arena. O primeiro, contratado há mais de dez anos, tem o custo total de R$ 30 milhões e prevê obras para que o estádio fique em condições de receber jogos de todas as competições oficiais de que o Atlético possa participar e até de jogos de Eliminatórias de Copa do Mundo. O segundo, mais recente, tem custo total de R$ 138 milhões e prevê a adequação da Arena para receber jogos oficiais da Copa do Mundo de 2014.

“Hoje, para concluirmos a Arena, desde o projeto aprovado e pago desde 1999, precisamos hoje de R$ 30 milhões. Com isso, concluímos o estádio e o deixamos pronto para jogos do Atlético. Podemos até ceder o estádio para eliminatórias de Copa do Mundo. Para fazermos jogos da Copa, temos de mudar o estádio, alterar algumas coisas, que são exigidos pelo caderno de encargos da Fifa. Esse orçamento de R$ 30 milhões foi para R$ 138 milhões. Essa diferença de R$ 100 milhões, você acha justo que o Atlético arque com isso? E depois vai pagar como esses R$ 100 milhões a mais? Como? Ah, tem dinheiro do BNDES, mas e daí? Tem de pagar. Não existe dinheiro a fundo perdido. Então, temos de achar uma alternativa que traga as condições para ampliarmos o estádio para atendermos a Copa. Para nós, não precisamos disso. Não é justo que o Atlético tenha de arcar com esses R$ 100 milhões”, declarou o dirigente, em entrevista à Transamérica.

Malucelli revelou também o custo do projeto que o Atlético contratou para apresentar à Fifa. “Para atender ao caderno de encargos da Copa, tivemos de fazer outro projeto. Esse novo projeto que contratamos em 2006 nos custou R$ 2,5 milhões, dos quais já pagamos R$ 1,5 milhão com dinheiro corrente nosso para o projeto de um estádio que poderá nem se concretizar. Na Arena continua sendo uma expectativa. Não vou assumir nada que autorize isso porque quero saber como é que vai pagar isso”, questionou. “Do novo projeto, que não precisaríamos se não fosse a Copa do Mundo, devemos R$ 1 milhão ainda, dos quais R$ 400 mil pagaremos ao arquiteto Carlos Arcos. Vamos pagar a ele se a Copa vier para a Arena, já conversamos com ele”, completou.

Recursos

O presidente atleticano disse que o clube já foi procurado por grupos interessados em emprestar dinheiro para realizar as obras, mas esse modelo não interessa ao Atlético. “Quero saber se tem investidor mesmo ou se é aplicador. Todos que nos procuraram são aplicadores. Aquele para dar o dinheiro mesmo não apareceu ninguém”, afirmou, contando que teve reuniões com bancos chineses e por representantes do governo da Líbia.

Para Marcos Malucelli, o poder público tem de buscar soluções para que os estádios sejam construídos de acordo com as exigências da Fifa. “A Copa não é do Atlético, é da cidade de Curitiba. O Atlético está cedendo o estádio. Quem tem de ir atrás, de brigar pelo PAC da Copa para Curitiba, que estão falando de R$ 3,5 a 4 bi, é a cidade de Curitiba”, ponderou. “Agora, uma coisa é a cidade de Curitiba ter uma verba para fazer obras. Isso será um legado que ficará para sempre para Curitiba, será extraordinário. Eu, como pessoa que mora em Curitiba, acho que teremos uma qualidade de vida ainda mais elevado. Isso tudo é um legado para Curitiba. Agora, eu pergunto para você: e a Arena?”, perguntou.

Petraglia

Durante a entrevista, Malucelli reconheceu a luta do ex-presidente do Conselho Deliberativo do Atlético, Mario Celso Petraglia, para que Curitiba fosse indicada como uma das subsedes da Copa. “Ele não foi uma das pessoas, ele foi a pessoa. A Copa na Arena deve-se, sem dúvida, a Mario Celso Petraglia. Foi ele quem brigou com o governador, ele que brigou num primeiro momento para trazer a Copa para Curitiba e depois para a Arena. Eu reconheço isso, é verdade”, declarou.

Diferenças

Mais adiante, o advogado explicou por que a diferença dos projetos é tão grande: “Veja a questão do custo da obra: por que sai de R$ 30 para 130 milhões? Vou dar só um exemplo: os vestiários têm de mudar de lugar. Isso implica os vestiários nossos, adversário, dos árbitros, tudo tem de mudar. Aqueles quatro pilares enormes que nós temos têm de sair fora. As cadeiras que ficam ao lado do pilar formam um ponto cego. Para jogo de Copa do Mundo, não pode ter campo cego. Mexe em toda a estrutura, tem de tirar os pilares, é um estádio novo. Precisamos de área de pânico. Temos de tirar o fosso. A parte nova inclusive já não tem fosso. Da área de pânico, tem de ter área de fuga, nas esquinas do gramado. Tem de deixar aberto uma passagem larga em rampa. Nós temos que abrir tudo aquilo nos outros cantos, tirar os pilares, trocar a iluminação, todo o capeamento novo. Temos 600 vagas, precisamos de 2.000 vagas. Tudo isso é despesa. E por aí a fora. Nós não precisamos nada disso para jogar os nossos campeonatos. Não precisamos mudar vestiário, sala de imprensa, zona mista, nada disso. Para que? Só para três ou quatro jogos da Copa? Nas nossas costas? Eu não vou assinar nada em nome do Atlético”.

Ele insistiu na defesa de que o clube não pode arcar sozinho com esses custos. “Se não tivermos quem banque essa diferença, pode não vir para a Arena. A prefeitura tem a alternativa do Pinheirão ou de outro estádio. Por que nós é que temos de bancar essa diferença? É um novo estádio”, observou. Perguntado o que ele acharia caso o Coritiba se interessasse em apresentar um estádio para a Copa, o presidente atleticano respondeu: “Eu acho que em vez de ser R$ 130 milhões, vai ser R$ 330 milhões. E aí da onde vem eu não sei, o Coritiba tem de dar jeito”.

Segundo Malucelli, a Fifa poderá colaborar na captação de recursos. Ele lembrou que os projetos de Inter e São Paulo precisam de recursos ainda mais vultosos. “Se a Fifa não trouxer, esses clubes terão de buscar recursos de terceiros, mas que não onerem os clubes. Nós precisaríamos de R$ 100 milhões a mais, o São Paulo precisaria a mais R$ 250 milhões, o Inter precisaria a mais R$ 150 milhões. De algum lugar isso terá de vir, senão terão de pensar em outros estádios”, concluiu.



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