Tumulto e filas na entrada dos sócios

Já eram decorridos mais de 30 minutos de jogo e centenas de torcedores ainda estavam do lado de fora do Joaquim Américo na noite de ontem. E para piorar a situação, todos são Sócios Furacão, modalidade associativa que o clube disponibiliza aos torcedores desde 2007.

O maior problema ocorreu com os que fizeram o pagamento via cartão de crédito, dividindo a fatura em doze parcelas. Devido ao reajuste, anunciado com uma antecedência de 9 dias em relação ao pagamento da primeira parcela com o novo preço, no mês de setembro, alguns problemas já haviam sido detectados. Entretanto, nada parecido com o significativo número de queixas e reclamações constatados na noite desta quarta-feira, no confronto diante do Santos.

Segundo o gerente comercial do Atlético, Péricles Souza, havia a previsão de que uma confusão assim poderia ocorrer. No entendimento do clube, quem pagou com o cartão de crédito deve se dirigir ao Espaço Sócio Furacão e acertar essa diferença entre o que foi pago no momento da associação e o valor agora reajustado.

Ontem, vários torcedores tiveram seus smart cards rejeitados nas catracas de acesso ao estádio e foram orientados a se dirigir a três guichês de atendimento localizados logo ao lado para averiguar a situação. Lá, eles receberam um papel amarelo para ser apresentado novamente nas catracas e finalmente conseguir entrar no estádio. Esse procedimento se mostrou bastante demorado, causando as confusões, xingamentos e tumultos na entrada na noite de ontem.

Contestação

Advogados ouvidos pelo site contestam o entendimento atleticano sobre o pagamento com cartão de crédito. O reajuste deveria ser assimilado pelo próprio clube, pois o preço contratado pelo sócio foi o de R$ 600 anuais e dividido em 12 parcelas iguais de R$ 50, não havendo qualquer tipo de previsão de que, caso houvesse aumento, ele deveria ser pago pelo contratado.

Já o clube entende que somente quem quitou à vista a anuidade de R$ 600 não pode ter a diferença cobrada, pois quem parcelou pagava nada mais do que os R$ 50 mensais e deve agora pagar os R$ 70, como os demais sócios.

A discussão está em aberto.

Reclamações

Desde as primeiras horas da madrugada desta quinta-feira, muitos torcedores têm entrado em contato com a Furacao.com externando sua insatisfação com os problemas de ontem e também com o tratamento dado ao sócio.

“Presenciei vários torcedores que o SMART CARD deu problema e com isto o segurança ficava discutindo junto ao torcedor na catraca de entrada, congestionando todos os outros torcedores que estavam tentando entrar no estádio. O que me indignou foi várias famílias que se encontravam com filhos menores, onde tivemos que fazer cordão de isolamento próprio para não serem pisoteados” – Jones Canarines, 41 anos.

“O que de concreto tenho é que, em conjunto com aproximadamente 400 pessoas (isso no momento que estava no local…), fomos obrigados a enfrentar uma fila de 40 minutos, perdendo, praticamente, todo o primeiro tempo do jogo até receber nos guichês um “papal amarelo” que autorizava a entrada no estádio. Não tenho dúvida que minha mensalidade, bem como a dos demais torcedores estava em dia, no entanto, os “smart card” não funcionaram.” – Eduardo P. Monteiro, 27 anos.

“Deixemos a emoção de lado, e tratemos da questão pelo lado racional: você consegue imaginar comprar um produto de R$ 600,00 em 12 vezes sem juros no cartão de crédito , e depois a loja te chamar pra pagar uma diferença, porque o fornecedor aumentou o preço da mercadoria? Esta atitude, acima de tudo, é ilegal. Nem precisa ser advogado pra saber disso.” – Cássio Ricardo de Matos, 28 anos.

Os torcedores reclamam especialmente sobre duas questões. Uma é a ausência de comunicação do clube com relação às pendências de maneira individual, com cada sócio, ainda que tenha sido divulgado uma nota sobre o assunto na última segunda-feira no site oficial. Outra ponderação é que o torcedor não pode ser tratado como mero consumidor e sim como parceiro do clube e em episódios como esse deveria ser liberada a entrada e que o clube retivesse o smart card do sócio. Nesta hipótese, o sócio seria obrigado a comparecer ao Espaço Sócio Furacão para normalizar sua situação posteriormente.