8 maio 2010 - 16h11

O que esperar do Atlético no Brasileirão?

Único representante do futebol paranaense na elite do Brasileiro, o Atlético tenta este ano apagar o filme de terror que o acompanhou em grande parte dos Brasileiros 2008 e 2009, quando brigou até as últimas rodadas para escapar da incômoda zona de rebaixamento. Entretanto, repetindo a mesma fórmula de insucesso dos anos anteriores, a expectativa não é das mais animadoras. A opinião é quase unânime: dificilmente o Atlético conseguirá uma boa participação no Brasileirão.

Segundo enquete da Furacao.com, 75,5% dos participantes dizem que o Atlético irá brigar para fugir do rebaixamento e 14,4% aposta na classificação para a Sul-Americana. Pretensões maiores, como uma classificação para a Libertadores é a aposta de apenas 5,1% e a conquista do título é esperada por 5% dos votantes da pesquisa até o momento.

Pessimismo ou realismo? O fato é que as campanhas ruins do Furacão nas últimas duas temporadas, somadas à perda do Estadual 2010 e o investimento muito acanhado na montagem do time para este ano deixaram os torcedores ressabiados e em dúvidas quanto ao potencial do atual time atleticano para fazer frente às principais equipes do país no Brasileirão.

Meta: fugir do rebaixamento

Para o repórter da Gazeta do Povo, Robson de Lazzari, o Atlético tem que se concentrar primeiramente em tentar permanecer na primeira divisão. “Acho o time do Atlético tão limitado quanto os de 2008 e 2009, que escaparam do rebaixamento nas últimas rodadas. Por isso, não acredito em uma perspectiva diferente da de lutar contra a queda. No entanto, dessa vez, há algumas equipes que não estão acostumadas à Série A como Ceará, Prudente e Guarani, por exemplo, que podem deixar as coisas mais fáceis”, comentou. Segundo ele, esse cenário ruim só poderá ser revertido com a diretoria trabalhando e fazendo contratações para o time. “Para ter uma boa campanha, contratações tem de ser feitas, sem o direito ao erro. Tiuís, Eduardos, Zulus e Brasões dificilmente terão perdão novamente”, disse.

Opinião compartilhada pelo comentarista Carneiro Neto. “O time iniciou mal a temporada, conseguiu perder o fácil título estadual para o abalado Coritiba – em crise técnica, financeira e institucional, obrigando-se a disputar os primeiros jogos fora de casa -, foi eliminado da Copa do Brasil pelo pior time do Palmeiras nos últimos 15 anos e não apresenta boas perspectivas para o Brasileiro 2010”, disse.

Com um recado simples, o narrador do Sportv, Linhares Junior, dá um conselho aos torcedores: preparem-se para sofrer. “Time grande precisa ter postura de time grande e o Atlético não tem mostrado isso nas últimas temporadas. O Caldeirão da Baixada já não é o mesmo de outros tempos”, disse. “A Arena era um fator decisivo até 2004, 2005. Atualmente os adversários perderam o medo e o respeito e o Atlético tem encontrado sérias dificuldades em casa e não tem assustado ninguém fora”, completou.

As principais armas do time atleticano para tentar se manter na primeira divisão são apoiadas no tripé: torcida, sistema defensivo e Paulo Baier. “Para uma campanha razoável e que nos mantenha longe do fantasma da Série B a aposta é novamente no desempenho do meia Paulo Baier e nas vitórias dentro de casa. O Caldeirão precisa ser a diferença, como sempre, pois as vitórias na Baixada serão fundamentais para fugir do rebaixamento. Caso o Furacão almeje fazer uma boa campanha de verdade, brigar por uma vaga na Libertadores, apenas com vários reforços de qualidade será possível”, avalia o colunista da Furacao.com, Paulo Perussolo.

Para o jornalista do Jornal do Estado, Silvio Rauth Filho, outro diferencial da equipe pode estar no banco de reservas: o técnico Leandro Niehues. “O Atlético começa o campeonato com um bom técnico. Leandro Niehues mostrou que é ousado e não tem medo de perder. Vai sempre tentar a vitória, e nunca jogar pelo empate. Isso pode fazer toda a diferença. Além disso, mostrou um conhecimento tático muito acima da média dos treinadores brasileiros. A torcida também terá papel fundamental. Se lotar o estádio e apoiar o time, as chances de vitória aumentam muito”, comentou.

Segundo o torcedor Rodrigo Abud, colunista da Furacao.com, o apoio do torcedor estará intimamente ligado ao desempenho do time em campo. “Somos a única força do estado na primeira divisão na dura briga da elite nacional. É importante que o clube trabalhe o apoio do seu torcedor que sempre esteve ao lado, mas é claro que a força da torcida é sempre reflexo do que ela vê em campo”, explica.

Começo bom para ter tranquilidade

Se o time do Atlético é limitado, uma fórmula para driblar o azar e tentar surpreender no Brasileirão pode ser justamente na arrancada inicial. Este ano, devido à Copa do Mundo, o campeonato paralisa após a sétima rodada, retornando apenas após o Mundial. A tática, então, é começar o campeonato com força total e tentar recarregar as energias durante a Copa, para garantir um pós-Copa com mais tranquilidade.

“Tem que investir tudo no pré-Copa, aproveitar que estão concentrados na Libertadores e na Copa do Brasil. Depois da Copa do Mundo, fica mais difícil”, disse Silvio Rauth Filho. Segundo Robson de Lazzari, o começo bom pode ser um divisor de águas para as equipes. “Nos pontos corridos todo pontinho é fundamental. Essas sete primeiras partidas são essenciais para o destino do time na competição. Quem parar para a Copa lutando pra não cair, dificilmente vai mudar sua briga depois”, apontou.

A opinião é compartilhada por Carneiro Neto. “Se deixar para decidir no pós-Copa o Atlético, daí sim, corre o risco, real e imediato, de ser rebaixado. Em futebol não funciona improvisação já que o núcleo do sucesso de uma equipe prende-se ao entrosamento, a confiança e ao entendimento coletivo no plano tático e técnico além, é claro, de bom condicionamento físico. A confiança é o principal na parte final do trabalho já que se expressa através do fator psicológico que transforma um time mediano em grande e um grande em provável campeão”, disse.

O melhor e o pior do Atlético

A Furacao.com pediu para os entrevistados apontarem pontos fortes e fracos do time para a disputa do Brasileiro 2010. Confira as opiniões:

Silvio Rauth Filho, repórter do Jornal do Estado:
O melhor do Atlético: “Rhodolfo e Manoel na defesa, Márcio Azevedo na esquerda, Paulo Baier no meio e Bruno Mineiro no ataque.”
O pior do Atlético: “O Atlético precisa com urgência de um segundo atacante rápido. Toledo é lento e irregular. Wallyson não deu certo. Marcelo é apenas uma promessa. A lateral-direita é uma incógnita. Difícil saber se Wagner Diniz e Lisa darão conta do recado.”

Robson de Lazzari, repórter da Gazeta do Povo:
O melhor do Atlético: “Creio que os destaques do time estão na defesa e no Paulo Baier. Além do camisa 10, só vejo realmente com ótima qualidade na equipe os zagueiros Rhodolfo e Manoel, além do goleiro Neto.”
O pior do Atlético: “Falta de criatividade no meio, pouquíssimo poder ofensivo e pouca qualidade dos alas.”

Linhares Junior, narrador do Sportv
O melhor do Atlético: “A bola parada é o principal ponto da equipe. A jogada mais eficiente.”
O pior do Atlético: “A defesa. O goleiro Neto é muito jovem e a falta de experiência às vezes compromete.”

Rodrigo Abud, colunista da Furacao.com:
O melhor do Atlético: “Nossa parte defensiva podemos considerar boa, somente.”
O pior do Atlético: “Falta criação, com apenas o Paulo Baier nesse setor, nosso ataque ainda não se acertou, mesmo com a ótima participação do Bruno Mineiro e a lateral direita precisa de alguém para o posto, esperamos que o Wagner Diniz seja a solução.”

Paulo Perussolo, colunista da Furacao.com:
O melhor do Atlético: “Os destaques do time são Neto, goleiro jovem mas de grande frieza e que tem como destaque a excelente saída do gol, Manoel, o gigante da defesa, Paulo Baier, o maestro da equipe, Márcio Azevedo, que tem incrível força física e arrancada pelo lado esquerdo e Bruno Milheiro, o artilheiro da equipe.”
O pior do Atlético: “Como pontos fracos podemos destacar a meia cancha, já que Paulo Baier fica sobrecarregado na função de armador, a ala direita, que apesar das contratações de Wagner Diniz e Lisa ainda é uma incógnita (foi o ponto mais fraco da equipe até este momento na temporada), e o ataque, Bruno Mineiro precisa de um companheiro com maior qualidade e velocidade.”

Carneiro Neto, comentarista esportivo:
O melhor do Atlético: “Os destaques do time são o goleiro Neto, que melhora e adquire experiência a cada mês; o zagueiro Manoel, a maior revelação do país na posição; o veterano Paulo Baier que, lamentavelmente, começou a emitir sinais de desgaste físico no segundo tempo das partidas e o atacante Bruno Mineiro. Os demais são apenas esforçados.”
O pior do Atlético: “Uma equipe fraca, sem planejamento competente durante os primeiros meses e a derrocada inevitável. Agora correm atrás de reforços e certamente o time será, novamente, uma colcha de retalhos na base do bom, bonito, barato e ruim de bola.”



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