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29 maio 2010 - 20h02

Arena Arranca Toco Futebol Clube

Seu Orestes Cunico tinha moenda de fubá tocada a roda d´água. Movida também pela força da água, havia uma turbina que tocava um antigo gerador de eletricidade. Graças a esta engenhoca, dentro do moinho, nas noites de “lavoro”, se via aceso um “foquinho dumas 40 velas”.

No breu da escuridão, um facho qualquer de luz já era um clarão. E era assim, no acesinho daquele foco, que o italiano labutava até tarde moendo milho, fazendo fubá, quirera, canjica e biju.

No potreiro, tinha cavalos soltos… claro! No espaço da cavalada, tinha também um campinho de futebol, donde a piazada se esbaldava em folguedos. Duas bracatingas fincadas, um travessão apoiado em duas forquilhas… reforçado, às vezes, com pregos de vigotes. Isto era a trave.

E a rede então! Bem… a rede, um caso a parte: rede feita com sacos de estopa, daqueles de ensacar cebolas… costurados um a um, com rafias de varaneira… no formato e no tamanho do gol. Trabalho de artistas… piás artistas e arteiros numa infância que se foi já faz um tempo… e que não volta mais!

Nas noites das sextas-feiras, que prenunciavam o final de semana, o labor minguava; seu Orestes então, arrastava um enorme rabicho de fio, rosqueava o foquinho de 40 velas num bocal de porcelana, amarrava o “holofote” na ponta dum bambu, erguia aquela gambiarra e encostava no tronco dum pinheiro que ficava __ acreditem__ no meio de campo. O pinheiro ficava no meio do campinho de futebol.

Falar bem a verdade… era o campo que ficava no entorno do pinheiro… sim, pois um pinheiro centenário daquele, já estava ali há muito antes de se pensar em fazer daquele espaço, um campo de futebol. Então, digamos assim, havia um campo em volta do pinheiro.

Justiça feita, continuo…Escutem o resto:

Seu Orestes destaramelava a trava do rodão d´água, abria a calha da bica e deixava a força da água rolar.

Lá dentro do moinho de tábuas, se ouvia era só o zunido da turbina. Prá fora, encostado no pinheiro__ no centro do “estádio”__ o foquinho pulsava feito o traseiro dum vagalume. Mas como eu disse… aquilo no breu da escuridão, era mais do que suficiente para clarear as pelejas que a piazada fazia.

Naquele luar, a petizada perdia as unhas chutando toco, “eslameava” os pés em estrume de vaca, cravava “estrepe” na sola, destroncava dedos, garrões, “quebravam” as canelas… tudo isto, pela ânsia, pela vontade e pela diversão de se correr de atrás de uma bola de capotão de 32 gomos, de “dibrar” os adversários__ “dibrar” o pinheiro também__ e vencer o goleiro… estufando então aquela rede de sacos fedorentos.

Quando se fazia um gol e a bola batia naquela sacaria, exalava um aroma danado de cebola podre.

Os goleiros merecem também uma paródia a parte: eles “calçavam”os chinelos de dedos nas mãos… e aquilo é que eram as suas luvas. Também pudera! Só com uma luva daquela pra poder rebater uma bola de capotão de 32 gomos, impulsionada por uma bicuda e encharcada pela serração caída no gramado.

Às vezes, quando o meu Furacão faz um gol e vejo a rede balançar, já me vem na mente o cheiro de cebola que pairava no ar, naquelas pelejas de antes.

__ Sacranon… maledeto… oreia de asino__ “incentivava e torcia” o seu Orestes.

Até tarde da noite__ e até que o seu Orestes taramelasse o rodão__ tinha jogo no potreiro. Juntava ali piás de toda a redondeza… que diversão que era. Que tempo bom que era!

Custo da energia era nada. Enquanto rolava água no cocho de madeira, o gerador zunia… e tinha luz. “Alumiando” feito o traseiro dum vagalume.

Campo de futebol iluminado… naquele sertão de meu Deus__ acreditem__ porque é verdade!

O rodão, a turbina e o paiolão de tábuas ainda existem. Comprove quem quiser. Estrada velha Curitiba – Campo Largo… entre o Caratuva e Timbotuva.

O seu Orestes Cunico já se foi… infelizmente. O campinho de futebol, com traves de bracatinga e rede de sacos de cebola… ficou só na saudade! Minha infância também. As marcas na canela ainda perduram.

Campo Largo

Falando em Campo Largo, foquinho de 40 velas, turbina, eletricidade… para quem não sabe __ eu conto__ aqui em Campo Largo, a concessionária de energia elétrica não é a Copel, e sim, a COCEL – Companhia Campolarguense de Energia. É a Cocel que administra a eletricidade do município… isto desde 1968.

E mais… Campo Largo não é a exceção. Isto se repete em Guarapuava, com a CFLO – Companhia Força e Luz do Oeste ( desde 1909 – 100 anos!!!), Coronel Vivida com a FORCEL – Força e Luz e, se não me engano, mais uma ou duas outras cidades ( que agora não me recordo quais) que são gerenciadas por agencias municipais e que detém a concessão da distribuição e manutenção da energia elétrica.

Saliento isso para dizer, que tais concessionárias, caminham sem a administração direta da Copel.

Arena COPEL

“Isto posto, meu nobre”, fico aqui pensando: Se a Copel reina soberana no estado do Paraná __ com exceção das cidades que mencionei __ sem nenhuma concorrência, com contratos EXCLUSIVOS de concessão que se estendem por anos a fio… por que é que uma empresa desta, precisa de propaganda?

Calma… não estou criticando. Isto é só uma pergunta… uma curiosidade que tenho!

Um morador de Curitiba que precisa de energia elétrica em sua nova casa ou apartamento, pede a ligação… na Copel. Este consumidor não tem outra opção.

Ele não tem também, por exemplo, como recorrer ao concorrente (porque não existe concorrente), na busca de uma tarifa mais barata no kWh.

Por que é então, que a Copel precisa firmar a sua marca se ela não tem concorrente?

Bem deixa pra lá… isto não é o mote deste meu escrito. Divago apenas na seguinte questão:

Penso no Atlético, e que bom seria ver estampado o Naming Rigths: Arena Copel… que bom seria!

E melhor… ver a coxarada e os paranitos “ardendo em febre” de tanta raiva e inveja!

Analisando com mais frieza, até na questão da economia de energia seríamos beneficiados… sim, pois a dupla de “zóio grande” pensaria duas vezes em ligar a iluminação de suas casas, sabendo que uma porcentagem do seu “dim-dim” cairia no cofrinho da Arena CAPel __ops…digo __ Copel.

Será que eles não passariam a usar foquinhos de 40 velas em suas casas?
Bom isso, não?

Penso também na idéia se tornando moda entre as concessionárias de energia elétrica e a coisa tomando novos rumos:

O Internacional ou o Fanático de Campo Largo, disputando uma taça Paraná… na Arena COCEL.

Penso no Batel de Guarapuava e sua Arena CFLO… na Arena FORCEL do Coronel Vivida Futebol Clube!

Se a moda pegar, eu vou mais longe ainda neste negócio de Naming “Eletric” Rights:

Penso nos tempos de piá, no campo de potreiro, das traves de bracatinga com redes de sacos de estopa e do foquinho de 40 velas clareando feito o “rabo dum vagalume”… tocado a turbina de roda d´água.

Nossa! Pairou no ar, agora, um cheiro insuportável de cebola podre.

Imagino, uma tabuleta de madeira, pintada e pregada na casca grossa daquele pinheiro que ficava no centro do nosso campinho de potreiro:

Arena Orestes Cunico: Namings Rights em homenagem àquele que fornecia para a piazada do Arranca Toco (com as unhas) Futebol Clube, a energia elétrica__ tocada a roda d´água__ suficiente para clarear os momentos de folguedos, de alegria e de diversão duma época que volta… é nunca mais!



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