Times mudaram voto no C-13 após receberem dinheiro
Quatro dias antes da eleição no Clube dos 13, o Coritiba e o Goiás, que eram dados como votos certos para a reeleição de Fábio Koff e acabaram votando em Kléber Leite, o candidato apoiado pela CBF, firmaram um contrato de “cessão de direitos creditórios” com a entidade.
Exatamente no dia 8 de abril, ambos os clubes conseguiram antecipar com a confederação brasileira boa parte do dinheiro que teriam a receber, a partir de outubro deste ano e nos 11 meses seguintes, pelos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiros de 2010 e 2011.
O Coritiba tinha a receber R$ 1.872.767,40 e conseguiu sacar, com depósito em sua conta no dia 10 de abril, a quantia de R$ 1.500.000,00. E o Goiás repassou à CBF R$ 2.000.000,00, para receber R$ 1.855.233,34.
A eleição no Clube dos 13 (entidade que agrega 20 dos principais clubes do Brasil) foi no dia 12 de abril passado, e Koff, que preside a associação desde 1995, ganhou o pleito por 12 votos a 8.
A Folha de S.Paulo obteve os dois contratos e ouviu do presidente do Goiás, Syd de Oliveira, a confirmação da transação: “Tínhamos acertado com o doutor Koff o aval dele para antecipar o dinheiro. Mas, como mudamos de posição na eleição, acabamos por ter de recorrer à CBF”.
A direção do Coritiba não respondeu aos contatos feitos pela reportagem.
Koff, por seu lado, não só nega ter condicionado qualquer aval relacionado a voto como mostra avais para outros clubes membros do C13 que não votaram nele, como o Cruzeiro, por exemplo.
Os juros pagos à confederação ficam na casa dos 22,5% ao ano, inferior ao que se obteria no mercado segundo o ex-presidente da Bovespa Eduardo Rocha Azevedo.
“Hoje em dia só bancos pequenos aceitam esse tipo de negociação com clubes de futebol. E não deixam por menos de 26% ao ano.”
Coritiba e Goiás, no dia 29 de março, assinaram um abaixo-assinado em apoio a Koff e, na véspera da eleição, reportagem na Folha de S.Paulo revelava a mudança de posição devido aos recursos obtidos pelos clubes na CBF, o que foi negado pelos cartolas então. O texto foi assinado por Eduardo Arruda, do Painel FC, e pelo colunista Paulo Vinicius Coelho.