3 out 2010 - 14h55

Carpegiani fala sobre pedido de demissão

Paulo César Carpegiani, que pediu demissão do Atlético neste domingo, falou com exclusividade à Furacao.com, ainda no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Exatamente às 13h15, o técnico confirmou ao site que havia pedido demissão do Atlético. A decisão havia sido comunicada à diretoria rubro-negra há apenas 15 minutos.

Na entrevista, Carpegiani falou o que o Furacão precisa fazer para conquistar a vaga na Libertadores de 2011 e disse que pagará a multa rescisória, estipulada no contrato. O técnico agradeceu à diretoria atleticana e afirmou que acredita que o Atlético não sofrerá impacto com a sua saída.

Confira a seguir a entrevista exclusiva com Carpegiani:

Você recebeu um convite do São Paulo na semana passada e pediu para aguardar. Você conversou com eles e o que ficou acertado?
Eu defini com o São Paulo, devo estar me apresentando ao São Paulo amanhã (segunda-feira). Faço a despedida amanhã pela manhã. Estou indo a Curitiba. Neste momento em que estou falando contigo estou em São Paulo ainda, é um furo de reportagem teu, mas já houve um comunicado à direção, toda a direção, com exceção de um ou outro que não atendeu o telefone, mas a maioria da direção já está a par. Acho que o Atlético tem que dar prosseguimento. Está fazendo uma boa campanha, tem condições de prosseguir. Estarei torcendo, com exceção do jogo com o São Paulo aqui, estarei sempre torcendo para que o Atlético consiga os seus resultados.

O que pesou nessa decisão?
Primeiramente o lado profissional, né? Houve uma ideia, eu tive o convite e pedi que vocês (repórteres) esperassem. Algumas pessoas sabiam e foi feito tudo com a melhor clareza. O importante é que eu defini com o São Paulo. O lado profissional acabou pesando e prevalecendo.

Este grupo do Atlético você ajudou a montar, indicou as contratações e o time está adaptado ao seu estilo. Os diretores do Atlético lhe pediram alguma sugestão de técnico para te substituir?
Não. E eu nem daria. Acho que tem que dar continuidade. O time hoje está bem adaptado ao que nós queremos, então é dar prosseguimento. Acho que de consciência e o bom sendo prevalecendo, tem de dar continuidade. Qualquer pessoa pode modificar alguma coisa e a campanha não te diz isso. Aquilo que está nos mostrando é a continuidade, que é o natural.

Você acha que essa mudança pode causar um abalo no grupo?
Não. Eu acho que não porque eu tenho insistido muito nessa parte tática, insistido demais. Hoje qualquer jogador vai no quadro negro e te faz uma palestra (sobre a parte tática), né? O time está bem adaptado àquilo que nós queremos e tem que dar prosseguimento. Não tem o que fazer, é dar prosseguimento. São eles que ganham os jogos. Não digo que o time jogue sozinho, não, longe disso. Mas eu acho que está bem adaptado, a estrutura que estávamos querendo. Acho que vai ter sucesso. Vai dar continuidade e ter sucesso. Não tenho a menor dúvida que vai conseguir os resultados e vai estar brigando por um G3.

Você acredita que esta equipe tem condições de chegar à Libertadores?
Sim. No último jogo se perdeu uma grande oportunidade num confronto direto contra o Cruzeiro. Mas é um jogo muito difícil, um jogo muito igual, as oportunidades muitos escassas, as defesas prevaleceram e não se conseguiu tirar essa diferença. Agora você depende de outros resultados de outros adversários para tirar essa diferença. Tem que fazer o trabalho, tem bastante tempo ainda e o time tem grande possibilidade de seguir melhorando.

O que falta para este time subir um patamar?
Acho que a sequência de jogos. Sequência de jogos. Foram feitas as contratações, uma ou outra que a gente indicou, a diretoria também tem o direito de trazer, e todos eles têm sido importantes. Acho que não falta nada, e sim é prosseguir, dar sequência e acho que a sequência de jogos que vai dar esse aprimoramento para a equipe.

Carpegiani: entrevista no aeroporto [foto: FURACAO.COM]


Você já comunicou os jogadores sobre essa decisão?
Não. Os jogadores não sabem ainda nesse momento em que estou falando contigo. Você deu sorte, inclusive, de me encontrar aqui no aeroporto. Mas o importante nisso tudo é que eu vou ter condição de me despedir dos jogadores. Eu me apresento na segunda-feira à tarde no São Paulo, essa é a ideia, para poder fazer pelo menos um treino. Eu conheço os jogadores, tenho visto como adversários e agora é aprender no dia a dia. Infelizmente jogando quarta e domingo você não tem condição. O futebol brasileiro é muito desumano com relação a isso. Mas daqui a uma semana vou ter uma semana de treinamento, aí vou encontrar o céu, que é a possibilidade de poder enquadrá-los dentro de mais ou menos aquilo que a gente quer.

Quem foi a pessoa do Atlético para quem você comunicou a decisão?
O presidente (Marcos Malucelli), o Ocimar (Bolicenho, gerente de futebol do clube), o Zimermann (Valmor Zimermann, diretor de futebol), as pessoas responsáveis.

Qual foi a reação deles?
O presidente entendeu perfeitamente. Lamentou, mas como profissional, me entendeu muito bem. Isso é uma coisa que dificilmente ocorre a não ser que seja uma ótima coisa para o profissional. Eu tenho uma multa com o clube e vou pagar essa multa. Enfim, segue a vida normal. Vou tratar o clube como profissional.

Você tinha um contrato com o Atlético, seu acerto não era verbal?
Tinha contrato e faço questão, logicamente, serei obrigado a pagar a multa e não pedi que seja de uma maneira diferente.

Fica de portas abertas para voltar um dia?
Um agradecimento todo especial à direção porque afinal de contas me deu a oportunidade, né? Peguei um time bastante desacreditado e superamos tudo isso. Um grupo de jogadores realmente espetaculares e esse fruto desse trabalho que meu deu essa oportunidade de trabalhar no centro do país.



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