Objetivos desencontrados
Essa estória de que o Paulo Carpegiani não deveria fazer o que fez; que o São Paulo não deveria tê-lo assediado estando ele empregado no Atlético; que isso tudo é anti-ético; que o Mafuz, amigo do Paulo Carpegiani, não está com nada, etc., etc., etc., isso tudo, cá entre nós, não possui qualquer mínima relevância.
Na verdade, acontecerem coisas dessa ordem, para quem não é ‘membro nato’ do tal ‘Clube dos Treze’, é sempre previsível -é o nosso caso-.
É escancarada estultice, por exemplo, a crônica esportiva paranaense -a não ser para ‘encher horário’ do rádio ou da televisão ou espaço inútil nos jornais- ficar debatendo esses temas.
A esta altura, o que deveria assumir papel preponderante na pauta de discussões de nossa mídia esportiva local seria, isso sim, a continuidade do ‘projeto’ do Atlético para este ano.
O sério enfrentamento dessa questão, por óbvias razões, começa necessariamente pelo perfil do novo treinador a ser escolhido.
Acabei de saber que já está contratado o técnico Sérgio Soares.
Não tenho nada contra o Sérgio, até porque nunca pude avaliar ao vivo e a cores as suas qualidades profissionais.
Tão-somente me resta agora, diante do fato consumado e como rubro-negro que sou, desejar a ele todo o sucesso no comando do elenco -vou torcer ferrenhamente para que o time em campo não perca a motivação e nem sofra qualquer tipo de solução de continuidade na sua performance técnica-.
Todavia, a já consolidada contratação do Sérgio, independentemente do fracasso ou do êxito que ele possa vir a ter -e esperamos sinceramente que ele tenha muito sucesso-, por si só já evidencia qual é o verdadeiro propósito da Diretoria, após a saída do Paulo Carpegiani, até o final deste ano: tentar, contando com a aposta no Sérgio, ser bafejado pela sorte e, a final, conseguir a sonhada vaga para disputar a Libertadores, ou, caso tal não aconteça, o consolo de jogar uma Copa Sul-Americana, ou mesmo, numa terceira alternativa, a já antecipada quase certeza da permanência na primeira divisão.
Digo isso por uma simples razão: não fossem esses os objetivos alternativos de nossa Diretoria, certamente seria contratado, como técnico, caso tivessem mesmo um projeto sério de Libertadores, alguém mais experiente e de maiores salário e peso profissional (por exemplo, um Luxemburgo, um Levir, um Tite, ou, até mesmo, um Silas, que acabou de ser defenestrado do Flamengo).
A contratação do Sérgio, portanto, com todo o respeito que ele nos merece -torcemos desesperadamente para que a ‘sorte’ esteja do lado dele, pois, até aonde se sabe, é honesto e trabalhador-, significa, pois, antes de mais nada, que os anseios de nossa Diretoria são completamente diversos dos de nossa Torcida.
Tenho dito.