Atlético
Denuncio aqui um crime hediondo dentro do mundo do futebol: o uso do termo ‘Atlético’ para associações esportivas para além do perímetro da quadra do estádio Joaquim Américo. A sociedade civil espera uma providência. Aguardo, como um cidadão indignado, lei nos seguintes termos: ‘Reservar-se-á o termo Atlético única e exclusivamente ao Atlético Paranaense, sendo vedado seu uso para outra designação em território nacional’.
Impossível dissociar a palavra ‘ATLÉTICO’ do clube rubro-negro. Digo que o Atlético já nasceu vibrante somente pelo nome. Por si só, a palavra transmite ao interlocutor um entusiasmo como nenhuma outra. A sonoridade aberta de seu ‘e’ acentuado ecoa para além-futebol. Supera, inevitavelmente, clubes com sonoridades oca e fechadas como ‘corinthians’, ‘flamengo’, ‘vasco’. A sobreposição do ‘Atlético’ se explica pela gramática.
Atlético, o clube do povo, dono da torcida mais vibrante, proprietário do caldeirão. A adjetivação invariavelmente limita. Não quero designações, o termo ATLÉTICO basta por si só. Não quero estrelas de campeão brasileiro, libertadores, paranaense, a maior estrela é o próprio Atlético. Quero a pureza de um clube que, sem igual no mundo, tem como sustento o amor de sua torcida. Não exijo conquistas, títulos, medalhas, pois o amor é sentimento nobre que dispensa contrapartida. A sua existência me basta, eu conheço o teu valor. Quero apenas esse sentimento que ultrapassa o campo da competição profissional esportiva, que faz de mim um apaixonado, um eterno emocionado, herdeiro de um sangue forte que desteme a morte. Quero somente esse amor que não faz de mim melhor nem pior que outros torcedores, mas que me faz sentir único e distinto.
Chame-me de conformista, simplório, dono de um pensamento pequeno. Prefiro ser um apaixonado incondicional.