Esse Atletiba não pode ser esquecido
Não, o triste episódio de ontem não pode ser esquecido. Levar de quatro a dois outra vez é de matar. Por isso, esse fato haverá de pairar como uma sombra tenebrosa sobre todos os atleticanos que realmente amam o seu clube, todavia abominam sua diretoria incompetente e suspeita de render culto clubístico a outras cores.
Afinal (ponto 1), qualquer leigo vê que o Atlético é um time mal treinado. Não apenas pela baixíssima qualidade de seu treinador, a quem não credito toda a culpa por se tratar de um moço esforçado, mas por culpa de sua diretoria, que não fiscaliza o trabalho de campo. Desculpem-me, mas qualquer um, quando treina, treina e treina, fica bom no que faz. Exemplo? O Dunga de 1990, sem treino muito grosso, e o de 1994, treinado exaustivamente e quase craque ali na meia cancha da Seleção. Não é que o homem bateu até pênalti e acertou na final da Copa? Por isso, bato nessa primeira tecla: os jogadores do Atlético não treinam. Não é possível que treinem e façam as palhaçadas que andam fazendo. Ninguém que possui um mínimo de preparo pode jogar o que esses caras jogam. Nem o velho e saudoso treinador Antonio Lemes, que era técnico e jogador lá no antigo Santa Felicidade, aceitaria uma turma dessas para formar o plantel do saudoso time azul, negro e dourado lá da Vila Maria. Mas o que acontece, então? Como pode um clube possuir um CT de última geração, com padrão europeu, de primeiro mundo, etc. e tal, e seus jogadores não treinarem? Pois eu insisto em dizer que esses caras não treinam. Eles não têm fiscalização alguma, nem do corpo técnico, nem da Supervisão, nem da Diretoria, nem de ninguém. Que me perdoem todos eles, mas jogador tem de ter comando. Sou do tempo do seu Urubatão, dos irmãos Moreira, do Pepe, do Iustrick e do Telê Santana. Por isso, gosto do estilo Luxemburgo, Felipão e Muricy Ramalho. São comandantes. Colocam a turma para correr. Treinam fundamentos. Enchem o saco de quem vai para as noitadas, pois atleta, especialmente profissional, tem de respeitar limites. Se não se dirige bêbado após uma festa, o que se pode dizer de jogar de ressaca? Pois é, meus irmão rubro-negros. Ninguém tem visto esse tipo de fiscalização e de cobrança no Atlético. Se é para ser assim, vendam o CT e montem um time competitivo. Vai ser menos vergonhoso, já que ninguém treina mesmo. Sabem o que é um cara treinado? Era o Jadson, lá em 2004, que pegava uma bola na intermediária e fazia um lançamento nos pés do Coração Valente ou do Denis Marques. Um Jadson, que ao cobrar as faltas na frente da área, guardava quase todas. E na gaveta. Isso é um jogador que treina. Mas essa turma do Atlético aí que me desculpe. Eles só visitam o CT, porque treino mesmo, que é bom, não tem. E isso faz tempo. Precisamos de um técnico durão, do tipo Leão, para colocar essa negada nos eixos. Falo mesmo, porque ganham do meu dinheiro, já que sou torcedor e pago essa joça desse ingresso caríssimo. E não quero mais pagar para ver palhaçadas em plena Baixada. Se esses caras treinassem uma hora por dia, todos os dias, quem sabe melhorassem bastante.
Mais um afinal (ponto 2), os caras não treinam, não têm comando, não têm uma referência fora de campo, um cara de respeito e de moral, não têm nada. Há tempos o CAP contrata até mesmo técnicos para fazer marketing, que o diga o seu Lothar Mattheus. E há tempos o CAP não sabe o que é um diretor de futebol decente (que saudades do João de Oliveira Franco Neto), que contrata, monta time e pega no pé para a coisa funcionar. Bolicenho é um alienígena tricolor lá da vila. Espero que volte para os seus, se é que os seus o querem de volta. Pois sem comando, sem um cara de moral, que tenha o grupo na mão, não há grupo, há um amontoado de gente correndo, sem esquema, sem ordem, sem função definida, sem nada. Junte-se a isso a pouca ou nenhuma vontade dos jogadores do Atlético. Eta time sem raça, sem espírito, sem alma e sem-vergonha! E isso faz tempo. Vem de dois ou três anos. Não existe mais a velha garra de um Sicupira ou a vontade de se superar de um Coração Valente, o pique de um Fernandinho, a fome de gols do velho Alex Mineiro e catimba rubro-negra para jogar com os coxas, como a do velho meio campo Nélio ou a do bom zagueiro Gustavo, que fez o gol do título em 2000 no peito e na raça, com uma ajudazinha do Kléber Pereira, que desviou a bola do goleiro dos coxas. Agora, pergunto: por que esta falta de vontade? Porque os jogadores estão em uma zona de conforto. Sem cobrança, não há produção. Você, industrial: deixe sua fábrica sem um bom gerente e vai ver o que acontece ao final de uma semana. O Atlético precisa de um técnico linha dura e de um Supervisor de Futebol que ponha todo mundo na linha. Jogou sem vontade? Não demonstrou trabalho? Desconto no salário. É lá no bolso que jogador e qualquer profissional sente a fisgada. Já imaginou ficar sem poder pagar a prestação da nova BMW ou do novo Mitsubishi? Fica ruim, não é? Pois é, mas quem quer ter um carrão desses, deve antes trabalhar. E bastante. E que ninguém me diga que essas criaturas apáticas que jogam no Atlético ganham mal. Os salários pagos estão fora da realidade da maior parte dos brasileiros. Deviam ter raça, vontade, coragem de dar bicudão até em bola de boliche. Esse é o segundo ponto que o CAP tem de resolver, e com urgência. Não dá mais para aguentar gente que não tem o mínimo tesão para jogar futebol. Quem não quer demonstrar trabalho, coragem, personalidade, que vá embora.
No terceiro afinal (ponto 3), falo desse senhor Malucelli. Atleticano? Será? Vindo de um clã que é predominantemente verde? Meu Deus! É para se duvidar, e muito! O homem não venceu um único Atle-tiba. Vendeu jogadores sem material de renovação, sem contratar, sem colocar olheiros de prontidão, sem nada. O Atlético apenas vende, não adquire, não lança jogadores das categorias de base, não faz absolutamente nada para melhorar o futebol. Esse tipo de atitude, sem técnico forte, sem direção e supervisão de futebol e com um bando de jogadores apagados resulta nisso aí: 4 a 2 para o Coritiba. E olha que o Coritiba não é nenhum timão. É uma equipe razoável, porém feita de jogadores focados no futebol, focados no jogo, com vontade e garra para enfrentar qualquer adversário. Cai para segunda? Pode cair, como qualquer time cai. Vasco e Grêmio já foram para lá. O Atlético só não caiu nos últimos anos por que teve muita sorte. Mais sorte do que juízo. A diferença é que o Coritiba possui um serviço que volta seus atletas ao objetivo traçado: vencer. Pode cair até para a quinta divisão, que em pouco tempo está de volta na Primeira. É difícil de realizar um trabalho assim? Claro que não. Primeiro, é necessário um técnico que dê discilpina à equipe. Eu diria que o homem com esse perfil e no preço que o Atlético quer é Ivo Hortmann, aquele que já foi dos verdes e os ajudou muito em uma época de crise semelhante a essa que atravessamos. Depois, a conscientização dos atletas para que se foquem no futebol. Quem gosta de festanças e gandaias que vá trabalhar de qualquer outra coisa, menos de jogador profissional. E quem quer realmente ser um atleta profissional tem de chutar até mesmo paralelepípedo. A raça e vontade são fundamentais. Quem vai a campo cabisbaixo e sem o desejo de vencer, já entrou derrotado.
Enfim, senhor Malucelli, analisando os erros desse Atlético que é nosso e não seu, peço, em nome de toda a torcida rubro-negra, em nome das organizadas, em nome de todos os que amam o Atlético, que Vossa Senhoria tenha a decência e o respeito de deixar a suprema magistratura do nosso time e entregá-la a alguém que o queira reconduzir a seu lugar dentro do futebol paranaense, brasileiro e até mesmo no cenário internacional.
Se isso não for feito, esse Atle-tiba de ontem pode ser esquecido, para que prossigamos apanhando de 4 a 2 de uma equipe mediana.
No entanto, nós, torcedores, que amamos o CAP acima de tudo, sabemos que data de ontem não deve ser esquecida. Por isso, mude a sua política ou vá com Deus.