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21 fev 2011 - 0h13

Trocando os pés pelas mãos

É incontroverso que desde a saída do Carpegiani no ano passado não conseguimos mais estabelecer um padrão de jogo. Seria ele insubstituível? Certamente não. Mas teve seus méritos na montagem daquele nosso time, que se não era magistral, era no mínimo brigador. Veio então Sérgio Soares, que era uma das (escassas) opções do mercado naquele momento. A sequência, todos sabem. Não conseguimos manter a regularidade e acabamos ficando de fora de uma Libertadores que estava nas nossas mãos. Pior: quando o técnico começou a dar a sua cara para o time, a coisa complicou de vez. Derrotas no Campeonato Paranaense para clubes semi-amadores e a certeza de um futuro fracassado.

Pressionado pela sua evidente falta de qualidade, saiu Sérgio Soares. Demitiu-se. Entrou então Leandro Niehues, nosso “tapa-buraco” oficial. Devo confessar que nem acho ele tão ruim assim como falam. Sinceramente acredito no potencial desse sujeito. É capaz de dar certo mais pra frente. Todavia, não goza de prestígio perante o elenco e é realmente visto como um mero “estagiário”. Certamente não é o sujeito mais adequado para assumir o comando do nosso time no presente momento.

Por outro lado, observamos o mercado e verificamos que não há absolutamente nenhum nome efetivamente vencedor à disposição. A meu ver, ninguém que está aí sendo cogitado ou à disposição traria uma mudança de panorama para o futebol do Atlético. Quanto a isso, aliás, devo concordar com o nosso presidente. Melhor esperar…

Domingo, 20 de fevereiro. Jogo contra o time da invasão. Os bandoleiros do Estado. Cinco pontos de diferença e uma missão praticamente impossível: ultrapassá-los em dois jogos. Não precisamos ir muito longe para verificar que éramos os franco atiradores no dia de hoje. Ainda que a vitória viesse, os efeitos práticos desse resultado seriam praticamente nulos. Seria no mínimo muito provável que eles carimbassem o título perante o Cianorte. O valor da partida, portanto, era apenas moral: ganhar dos verdes.

Perdemos o jogo. Partida fraca, sem nenhum brilhantismo. Seguimos a rotina das nossas últimas apresentações. Fransérgio, Pimentel, Lucas … O time se portou muito mal. E quem é o culpado? Leandro Niehues, para a grande maioria da nossa (precipitada) torcida. Eu agora diria que em hipótese alguma tenho na cabeça o mesmo time idealizado pelo Niehues. Também concordo com os que acham que o time foi muito mal escalado, e que deveria haver um pouco mais de coerência por parte do treinador. Claiton, titular no último jogo no qual fez até gol, não foi nem relacionado para o banco de reservas. De todo modo, acho que estamos fazendo tempestade em copo d’água. Não perdemos o primeiro turno pros bandoleiros hoje. Perdemos, isso sim, pro Arapongas, pro Operário e pro Cascavel. 9 pontos. Desde que o Leandro entrou, ele quebrou um galho. Tinha ganho os 3 jogos.

Todavia, as pessoas idealizam o confronto com o verde de tal forma que as coisas acabam se desvirtuando. Como falei, éramos coadjuvantes hoje. O ano está começando e o momento é de definição. “Fora Leandro”? “Técnico já”? Pergunto: quem? Vale a pena perdermos mais alguns meses nas mãos de algum dos Vadões da vida? A perspectiva de vitória era mesmo no segundo turno depois dos péssimos resultados contra os times do interior, sendo que o time deveria se focar na Copa do Brasil. Vale dizer: será mesmo benéfico que a diretoria se antecipe e passe a buscar um nome qualquer no mercado para ficar mais dois meses com o sujeito no comando técnico? Nesse momento, haverá nova reclamação, com uma nova demissão, mais custos e perda de tempo. Provavelmente aí já teremos perdido o Paranaense e estaremos fora da Copa do Brasil.

É tempo de esperar. Não há nomes no mercado. Acho que as tentativas da diretoria foram válidas. Efetivamente me empolgaram. Falcão e Caio Jr. Bons nomes para o momento do Atlético. Ninguém mais aguenta os picanheiros que ficam fazendo rodízio entre o nosso clube e os times da segunda divisão. Vamos em busca de alguém vencedor, e para isso o Leandro ainda pode ser útil quebrando o galho por mais um tempo.

E mais: essa nossa precipitação apenas acaba prejudicando o próprio clube. É no mínimo prejudicial que comecem a idolatrar gente que saiu do clube esses dias com participação no passe de um monte de jogadores da base; que é dono da empresa que desenvolveu o software do nosso plano de sócios e que agora resolveu nos passar a perna e cobrar “direitos autorais”; que faz promessas de um clube forte, quando a única fonte que sempre quis ver cheia foi o seu próprio bolso. Nem estou adentrando aqui no mérito de questões contratuais. Há valores que formam a personalidade das pessoas e que são inexplicáveis e intransferíveis: caráter, gratidão e amor, por exemplo, sentimentos que certamente não estão presentes na índole do maior opositor e ilusionista da direção atual.

Destaco, por fim, que nem mesmo acho a gestão do Marcos Malucelli boa. Acho que de fato ficou devendo muito no prometido projeto futebol, no sentido de promover um maior “investimento em chuteiras”. De todo modo, o homem ao menos é atleticano, e com ele acabamos tendo um regime um pouco menos ditatorial dentro do clube.

Enfim, perder um Atletiba não pode fazer com que modifiquemos nossas convicções, de modo a agirmos de modo precipitado e excessivamente passional. Temos que ser um pouco realistas nesse momento. Uma mudança imediata no nosso corpo técnico traria mesmo resultados para esse ano? Tenho certeza de que não. Nenhum João das Couves vai dar jeito no Atlético. Não devemos insistir nos mesmos erros do passado. Não podemos trocar os pés pelas mãos.



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