14 dez 2011 - 7h16

Petraglia fala das propostas da CapGigante

Mário Celso Petraglia tem 67 anos e é candidato à presidência do Conselho Administrativo do Clube Atlético Paranaense. Ele integra a chapa CapGigante, capitaneada por Antonio Carlos de Pauli Bettega, candidato à presidência do Conselho Deliberativo. Advogado e empresário, Petraglia foi presidente do Atlético de 1995 a 97 e de 2002 a 2003, mas exerceu forte papel na gestão do clube também nos períodos de 97 a 2002 e de 2003 a 2008.

Petraglia concedeu entrevistas ao jornal Gazeta do Povo (GP) e ao portal GloboEsporte.com (GE) na semana passada. Falou sobre o relacionamento com a torcida organizada e a imprensa, divulgou projetos para a Copa do Mundo e questionou a gestão de Marcos Malucelli.

Especificamente sobre o futebol, Mário Celso Petraglia prometeu que sua gestão se dedicará exclusivamente ao tema. “Vamos trazer executivos de altíssimo nível, profissionais para que cuidem da bola para dar a alegria que a gente quer”, declarou.

Confira abaixo trechos de entrevistas com o candidato à eleição do dia 15 de dezembro:

GP: O que fez o senhor mudar de ideia, depois de dizer que não voltaria mais ao futebol?
Nesses 14 anos de história, me dedicando ao futebol, chegou uma hora que me desgastou muito, que o futebol me cansou mesmo. O que me trouxe de volta é concluir esse projeto de modernização, enriquecimento da marca do Atlético, para que a gente tenha a condição de fazer algo maior no futebol. Nosso projeto, agora, é fazer do Atlético campeão do mundo em 10 anos. E nós temos certeza de que podemos. Por que o Grêmio, o Internacional, o São Paulo e o Santos podem? O que nós temos de menos, de diferente? Nós podemos e seremos. Então, a minha volta foi devido a inúmeros apelos de familiares e amigos e para retomar o crescimento e concluir o projeto que começamos naquele primeiro momento no clube.

GP: Mas o senhor será uma figura atuante dentro do futebol, mesmo estando diretamente ligado às obras da Arena?
É ridícula essa afirmação dos opositores. Quando eu cheguei ao Atlético em 1995 eu era vice-presidente de uma organização que tinha 40 empresas e não tinha o tempo que tenho agora para me dedicar ao Atlético. Mesmo assim, nós construímos a Arena e o CT; fomos campeões. Sem dinheiro, sem apoio, sem orgulho, com muito pouca gente se preocupando com o clube, muitos me chamando de louco. Mas nós conseguimos. O futebol nós profissionalizaremos com o que há de melhor no mercado. A equação Arena está resolvida. Nós temos o dinheiro disponível, temos o projeto, contratamos a melhor empresa de gerenciamento. O futebol será muito bem tratado. Nós teremos um vice-presidente, um diretor, um gerente e um grande técnico de futebol. Nossa experiência e o relacionamento desses 17 anos em que estive envolvido com a bola serão dedicados quase que exclusivamente ao futebol. Todas as sobras que nós tivemos nesses 14 anos lá dentro [no Atlético] eu destinei para o patrimônio, para o futuro, para fazer o Atlético gigante. Preferi muitas vezes sacrificar o futebol para investir no clube. De nada adiantava ter tentado ganhar mais uma vez o campeonato, sem garantias de que isso iria mesmo acontecer, e não jogar no certo, criar uma base que levou o clube a um patamar diferente. Nós optamos, no momento em que não tínhamos dinheiro, em apostar no futuro.

GP: Mas hoje o senhor está dizendo que a equação mudou? Correr algum risco vale a pena agora?
Completamente. O futebol será nossa prioridade, mas nenhum sacrifício que venha do futebol e seus produtos será preciso ir para os tijolos.

GP: O senhor afirmou que não precisará vender nenhum jogador ano que vem. É possível mesmo?
Exatamente. É claro que se surgir um Neymar, ninguém segura. Mas os Fernandinhos, os Neis, os Jadson, os Netos, os Rhodolfos da vida nós não precisaremos vender. Não ficaram com o Nei por R$ 40 mil por mês e pagam R$ 211 mil para o Kleberson.

GP: Quanto o senhor acha que é um absurdo de salário para um jogador de futebol?
Tudo na vida é relativo. Depende de quanto você tem disponível. Para o Real Madrid e para o Barcelona é um patamar. Estou falando da nossa capacidade e da nossa necessidade. Um absurdo para nós é o Deivid ganhar R$ 20 mil e o Cléber Santana R$ 145 mil, o Manoel ser chamado de mercenário por querer um aumento e trazerem o Fabrício por R$ 55 mil ou o lateral-direito que estava encostado sei lá onde por R$ 85 mil.

GE: A queda para a Série B tem alguma vantagem, como “arrumar a casa”?
Não. Só tem desvantagens. Um clube considerado, respeitado e de primeira grandeza, você demonstrar essa desorganização e essa fraqueza de voltar atrás, para nós, é um retrocesso, uma grande perda de credibilidade, de marca.

GE: O departamento de futebol foi um dos setores mais criticados este ano. Como você pretende organizá-lo?
Daqui para frente, nessa nova fase que eu me dispus a voltar, se eu for eleito e a torcida reconhecer o nosso trabalho, vamos pensar exclusivamente em futebol. Vai ser gestão futebol. A parte patrimonial está resolvida, está equacionada, com as questões deixadas e retomadas com Governo, Estado e Município. Então, vamos dedicar exclusivamente ao futebol. Vamos trazer executivos de altíssimo nível, profissionais para que cuidem da bola para dar a alegria que a gente quer.

GE: Já estão definidos os nomes para o departamento?
Não. Temos especulado, conversado com alguns. Mas ainda não temos a condição oficial de falarmos. Estamos falando com amigos, com conhecidos, mas não de forma oficial.

GP: Surgiu o boato de que o [José Carlos] Farinhaqui [presidente em 1990] poderia ser o diretor de futebol…
Não existe a menor possibilidade. Podem me cobrar: não terá nada velho no Atlético, só eu. Vai ser tudo novo, vamos passar o rodo, não fica um, meu irmão, e não volta um.

GP: Como será o time do Atlético na Segunda Divisão do ano que vem? O senhor teve um contato público com o Jadson e como ficaria a situação de jogadores que têm contrato com o clube, como o Paulo Baier?
Eu nunca falei com o Paulo Baier. Acho que foi a única contratação que eu faria nesses últimos três anos. Ele trouxe resultados, nos ajudou. Lamentavelmente, neste ano não conseguiu. Ouvi a declaração dele depois do rebaixamento e a mim me gratificou muito. Vi que é um homem de caráter, decente, com brio. Depois do jogo eu liguei e falei com o seu procurador e disse que nós temos intenções de, vencendo as eleições, conversar para a permanência dele. Assim como o Jadson. O Atlético ainda tem 20% dos direitos dele. Assim como tinha com o Fernandinho, com o Cristian, com o Michel Bastos, com o Nei, Danilo e eles [a atual diretoria] receberam. Eu me dou com todos os jogadores que passaram pelo clube enquanto fui presidente, com exceção de um [Dagoberto] que quis prejudicar o clube e eu não permito. Porque nós não caímos em 2008? Quando este senhor [Marcos Malucelli] disse que eu abandonei o clube. Mentira. Eu nunca abandonei o Atlético. Eu me afastei do futebol porque eles quiseram trazer o Geninho e eu disse a todos que não conviveria com ele, mesmo assim eles quiseram. Então, eu humildemente me afastei porque para mim a prioridade é o meu clube. Eles cuidaram do Geninho e nós cuidamos do resto. Todos os jogadores me diziam “nós não vamos cair”, “não vamos deixar que o senhor caia” e nós metemos 5 no Flamengo. Por que que não segurou neste ano se salvou em 2008? Agora, O [Alfredo] Ibiapina [ex-diretor de futebol] comprou o Morro [García, atacante] por R$ 17 milhões, que é o valor que vai custar o contrato, e não R$ 7 milhões como dizem.

GP: Qual será o futuro do Morro?
Não sei. Aos advogados pertence. Não tenho essa resposta.

GP: Vai haver uma reformulação total no elenco?
Acho que não. Nossos meninos merecem consideração. O Manoel, o Deivid, o Héracles, o Foguinho, o Pablo… tudo eu que revelei. Quem que eles trouxeram para a base?

GP: Mas nesse ano o Atlético ganhou títulos em diversas categorias.
Todos meninos que nós deixamos, da nossa época. Eles abandonaram as categorias de base. Por que eles terminaram a parceria com o PSTC, que era o nosso grande reduto? O Atlético era o time que mais investia da base. Onde tinha um menino a gente ia e comprava. Eles tiraram todos os nossos olheiros. Ano que vem montaremos um time, vamos subir. Em 2013 estaremos na Primeira [Divisão] com o mesmo time. Pode me cobrar.

“Em 2013 estaremos na Primeira com o mesmo time” [foto: CAPGIGANTE]


GP: Pretende voltar com a terceirização das categoria de base?
Fortemente. Nós teremos duas diretorias de futebol. Uma de formação e a outra profissional. Com objetivos, estrutura e poderes distintos. A pressão do jogo de quarta e domingo não permite que o diretor de futebol se dedique à formação. Nós vamos investir nas terceirizações e nas parcerias. Já tivemos uma visita do Milan que quer fazer conosco uma parceria de formação na América do Sul toda, desde a Venezuela até a Argentina. Garanto que não voltarei nem com o PSTC e nem com a CAPA. Eles criaram factoides de que eu era sócio, que eu tinha interesses, e, infelizmente, muita gente acreditou. Amanhã dirão que eu sou sócio do Milan, do Boca Juniors, e vai ter gente que vai acreditar. Nós faremos outras parcerias.

GE: Sobre os técnicos, só este ano foram seis. Pretende investir mais para evitar tantas trocas? Você já tem um perfil de técnico ou até um nome?
Não. Primeiro, nós vamos contratar o diretor de futebol e o supervisor. Teremos também, dentro dessa nova gestão, um vice-presidente de futebol – que ainda não está definido – mais a nossa experiência, mais o presidente executivo que nós vamos contratar… Então, nós teremos cinco ou seis cabeças para definirmos qual será o perfil deste técnico.

GE: Neste primeiro ano, em 2012, quais seriam os objetivos do Atlético? Tem alguma prioridade?
Ganhar tudo possível e já fazer o planejamento, a base para 13 e 14. Voltarmos em 13 para a Primeira Divisão, que é o nosso lugar, e para a Arena e mostrarmos ao Brasil o clube gigante que somos.

GE: O Atlético não ganha um título desde 2009, quando foi campeão estadual. Na Copa do Brasil, não tem passado das quartas ou das oitavas de final. Por que o torcedor pode acreditar, por exemplo, na conquista da Copa do Brasil?
Porque nós já fizemos. Eu não estou jogando conversa fora. Quando nós chegamos em 95, o Atlético Paranaense não tinha essa estrutura e nós prometemos que, em dez anos, seríamos campeões brasileiros. Fomos, no primeiro ano, campeões brasileiros da (Série) B. Fomos, em seis anos, campeões brasileiros da A. Em dez anos, fomos vice-campeões, em 2004. Em dez anos, quase fomos campeões da Libertadores. Então, com toda a modéstia, o torcedor sabe que a gente promete e cumpre. O Atlético grande que deixamos e transformando ele em gigante, com certeza seremos campeões do Mundo.

GE: Na questão das obras da Arena, como será a relação do Petraglia presidente com o Petraglia líder da Comissão?
Não há como administrar dois clubes. Então, necessariamente, o presidente do Administrativo tem que ser também responsável pela gestão da implantação da Copa. Claro que não excluíremos o instrumento que é a SPE, porque o BNDES exige, já que ele não negocia com o clube. A S.A. permanecerá, obrigatoriamente, porque ela será um instrumento de contratação de empréstimo.

GP: O senhor tem certeza que as contas da Arena estão fechadas? Os seus adversários questionam os gastos.
Eles não sabem fazer. Tanto que ficaram dois anos e meio e não fizeram. Isso aí é para profissional, para empresário de alto nível, gente que sabe como funciona um financiamento no BNDES.

GP: Mas qual que é o orçamento? São apenas os R$ 180 milhões?
Isso. Não há nenhuma possibilidade de aumentar. Nós já encaminhamos para todos os envolvidos o orçamento. São R$ 184 milhões.

GP: O senhor assumiu esta questão da Copa e assumiu uma postura de silêncio sobre os trâmites e andamento das obras. Qual será a sua postura em relação à transparência como presidente do clube?
Ótima pergunta. Porque eu optei pelo silêncio? Nós estamos sendo boicotados. Desde que nós fomos vencedores no dia 25 de julho, na reunião do Conselho [que escolheu a proposta de Petraglia para conclusão da Baixada, em detrimento da oferta da construtora OAS], demoraram um mês para registrarem a ata. Depois, tivemos a segunda reunião, em que nos questionaram com 30 perguntas e fomos lá e prestamos contas de todos os itens. Era obrigação do Conselho Administrativo ter todas as respostas depois de dois anos e meio lá dentro. Para você ter uma certidão, uma assinatura qualquer, era um parto. E nem um tostão nos deram. O Atlético é o mesmo, não é o Atlético da Arena e o Atlético da bola. Não nos deram uma sala, um telefone, um computador. Absolutamente nada. Não para mim, que não tenho diálogo com eles, mas nós somos 17 conselheiros. Pelo contrário, só atrapalhando, só prejudicando. Você acha que eu vou para a rua falar isso? Sobre a transparência, será total e absoluta. Nem que eu quisesse poderia ser diferente. Nós temos o Ministério do Esporte, Tribunal de Contas estadual, Tribunal de Contas da União, Fundação Getulio Vargas, Comitê Organizador Local e agora o estado está contratando uma grande empresa de auditoria para verificar os gastos da Arena. Não indiquei o diretor financeiro e no futebol será indicado pelo Conselho e não por mim. Para mim será a maior tranquilidade a transparência. Sempre foi assim, só que eles saíram mentindo.

GP: Seus opositores dizem que não têm certeza sobre o valor final da obra. Dizem que as obras já começaram e ainda não foi apresentado um balanço e que já foram investidos nas escavações R$ 3 milhões…
Veja, estava no orçamento deles R$ 4,8 milhões para a escavação do terreno. Nós estamos gastando R$ 900 mil para fazer tudo.

GP: Mas com que dinheiro, se o Atlético não tem esses recursos?
Nós diretores da CAP S/A temos crédito. Fomos no banco e pegamos dinheiro. Ou será que eu não tenho crédito para avalizar, pegar uma graninha e pagar as contas?

GP: Quais são as garantias que a SPE está dando para o BNDES para o empréstimo do dinheiro das obras?
Muito fácil. O BNDES vai emprestar à agência de fomento, que repassa para nós. Temos R$ 120 milhões de potencial construtivo que servem como garantia para a parte que cabe ao governo. O potencial construtivo tem 15 anos para ser vendido, porque o financiamento é também em 15 anos. Nós teremos que vender R$ 8 milhões por ano do potencial construtivo, ou seja, isso se autoliquida. Dos R$ 60 milhões nossos, o Atlético já gastou R$ 15 milhões. Nós precisamos de R$ 45 milhões, que teremos 15 anos para pagar, ou seja, pagaremos R$ 3 milhões ao ano mais juros. A nossa garantia será real. Oferecemos o CT, que vale infinitamente mais, como garantia para esses R$ 45 milhões. Não quisemos oferecer a Arena. Além das garantias reais, nós daremos os recebíveis, ou seja, vendendo o naming rights a gente dá este contrato que receberemos pela venda de 10 ou 15 anos e está pago o empréstimo.

GP: Mas a venda dos naming rights não é uma certeza…
Nada na vida é uma certeza. Mas nós temos diversas outras alternativas. Nós teremos mais 3.500 lojas, mais 900 garagens, mais 15 mil cadeiras. Só essas novas cadeiras a R$ 70 dá R$ 12 milhões por ano.

GP: Há o fato de as suas empresas terem interesse nas obras da Arena e de que seu filho poderia ser um dos fornecedores. O senhor chegou a dizer que estava preparado para ganhar dinheiro com a Copa. Isso mudou?
Absolutamente, não. Trabalhamos em ferrovias, aeroportos… vai ser investido R$ 180 bilhões no Produto Interno Bruto. Eu vou querer ganhar dinheiro com a venda da cadeira? Se o meu filho fornecer vai ser a custo, como sempre fez. Nós vamos cobrir a Arena. Nós vamos fazer a tampa do Caldeirão.

GE: E o estádio para 2012, você já tem definido?
Não, ainda não. Porque nós não temos essa credencial nem para conversar. Eu vejo o clube como um clube só. As eleições são na próxima semana e vamos aguardá-las para definir onde jogaremos. Mas eu não escondi, em momento nenhum, que a nossa vontade será pelo Couto Pereira.

GP: Qual será o valor da mensalidade dos sócios?
R$ 70. Estão dizendo que eu falei que será R$ 135. É mentira. Aquilo foi um exercício futurístico, sobre como poderia ser um valor para viabilizar. Na volta, em março de 2013, nós faremos uma consulta para saber quanto eles querem pagar. Se eles quiserem continuar pagando R$ 70, teremos time de R$ 70. Se quiserem pagar R$ 100, teremos time de R$ 100. Temos de investir em merchandising. O Atlético não tem uma grande marca porque não estamos no eixo Rio-São Paulo, nem estamos em Minas Gerais, e não somos o Rio Grande do Sul. Não podemos fazer como o Grêmio e como o Inter para ter 100 mil sócios, não tem gente para isso. Por isso precisamos de 40 mil sócios e o nosso projeto é para a cadeira total e não meio-ingresso. O Atlético vai ter caixa para fazer grandes times e nós vamos nos dedicar massivamente para a formação de craques, a nível nacional e internacional, com a consciência de que não precisaremos vendê-los.

GP: O senhor, como administrador, imagina esse período fora da Arena como negativo?
Não, positivo. Me cobrem. Chegaremos a 35 mil sócios.

GP: O que leva o senhor a acreditar no aumento no número de sócios?
Esperança, orgulho, credibilidade. Saber que o Atlético vai ser gigante. O legado que nós vamos deixar no futebol paranaense vai ser este envolvimento. Nós tivemos mais de mil candidatos voluntários ao Conselho. Teremos certamente seis mil sócios votando nesta eleição. Eu sempre tive uma visão muito macro das coisas. Sempre imaginei o Atlético para mais de um milhão de torcedores, não só para aqueles que vão à Arena. É para aqueles que não moram aqui, que não têm condição de ir ao estádio, etc.

GE: No mesmo ano, o Atlético disputa da Série B e joga fora da Arena. Como evitar para que o Atlético não perca muito em receitas?
Eu não vou evitar. Quem vai evitar é a torcida. Tenho recebido demonstrações de paixão pelo Atlético, e essa confiança que deposito na nossa administração. Todo mundo diz que vai continuar associado. Vamos aumentar. Temos um plano para chegarmos a 35 mil sócios ainda em 2012. A (cota de) televisão, no primeiro ano, não reduz. Então, em 2012, o Atlético receberá o mesmo valor. É o primeiro valor. Apesar que nos tomaram cinco milhões, gastando 20 milhões antecipadamente. Pegaram 20 milhões e disseram que eram luvas. Isso aí fazia parte do contrato e eles se anteciparam. Mesmo assim, teremos um caixa para fazer grandes times.

“Temos um plano para chegarmos a 35 mil sócios ainda em 2012” [foto: JORNAL DO ESTADO/Franklin de Freitas]


GP: O senhor se define como um centralizador?
O que vocês podem cobrar de mim é falta de comunicação. Acho que foi a minha maior falha como dirigente do Atlético. Eu vim muito de baixo da vida e muito cedo eu tive um relativo sucesso. Me tornei um grande empresário, um grande líder político e eu acabei virando um homem de gabinete. Nunca tratei com o povo. Eu não sou político, sou empresário. Durante muitos anos o Atlético era mais uma de minhas empresas. Eu cuidava do Atlético como cuidava das outras 40. Não tinha tempo para me dedicar exclusivamente. Deixei minhas empresas. O mundo dos negócios é gratificante, mas escraviza e eu não quis mais ser escravo de mim mesmo. A partir daí me dediquei quase que exclusivamente ao Atlético, mas da mesma forma. Eu nem ia ao clube. Nós organizamos uma forma de comando e de administração por internet, por relatórios, por web. No meu computador eu acessava todas as câmeras e sabia quem estava na sua mesa, quem estava trabalhando no CT. Um Big Brother, que é o mundo atual e moderno que vivemos. Nesses três anos, refleti, vi onde errei e diria que a minha maior falha foi na comunicação.

GP: O senhor chegou a fechar o CT para a imprensa enquanto esteve na presidência. Existe a possibilidade de isso ocorrer novamente, caso seja eleito?
Com certeza absoluta. Nós nunca fechamos o CT. Nós regularizamos os absurdos que aconteciam. Tinha setorista que chegava 8 horas da manhã e saía 8 horas da noite.

GP: O senhor acha que existem excessos hoje?
Não sei, nunca mais voltei lá. Faz três anos que não piso no CT e na Arena. Nós não inventamos a roda. O mundo inteiro age assim.

GP: Mas como vai ser o seu relacionamento com a imprensa?
Eu vou procurar que seja mais amistosa e mais amigável possível. Mas quando ouvir, ler, assistir, mentiras, tendências, desonestidade eu não vou ficar quieto. Quando o que for relatado for a verdade eu sou um homem democrático e completamente a favor da liberdade de imprensa. Eles falam da nossa honra e o juiz dá como indenização R$ 50 mil. Então vou comprar as honras dos outros, pago cinquentão e está tudo certo? É contra isso que eu luto. Porque depois do mal feito a maioria das pessoas vai acreditar. Mas se você falar bem de mim vão dizer que te comprei.

GP: O senhor sempre levantou a bandeira de que as torcidas organizadas rivalizam com o clube em receitas de produtos, por exemplo. O senhor continua com o mesmo pensamento? Acha que as organizadas têm que ter uma vida apolítica do clube?
Eu continuo com o mesmo pensamento. Ninguém mais do que eu combateu esse tipo de coisa. Mas nós evoluímos, crescemos, repensamos. O Estatuto do Torcedor está sendo revisto, o pessoal da nossa organizada, que é a única que tem representatividade, também evoluiu, estão dispostos a colaborar.

GP: Essa sua aproximação com a Fanáticos não é algo apenas eleitoral?
Eu nunca voltei atrás com a minha palavra.

GP: Mas o senhor não disse que não seria candidato?
Disse. Fui e estou sendo candidato porque eles [a situação] destruíram o clube. Eu fui obrigado a voltar atrás. Assim como estou acertando com os Fanáticos que haverá um modus operandi. Eles não podem ficar em pé, atrapalhando todo o estádio. Nós vamos fazer um local para eles, onde eles podem fazer o que quiserem. Não podem ficar xingando todo mundo.

GP: O senhor vai criar um setor só para a torcida organizada?
Isso. Nós trabalhamos em uma forma em que eles fiquem confortáveis e o clube também. Eu vou cumprir minha palavra, mas se amanhã eles não cumprirem a deles me permite que eu volte atrás na minha. Aconteceu quando eu disse que não seria mais candidato. Eles me permitiram da forma que conduziram o clube, na destruição, que eu voltasse atrás na minha palavra.

GP: O senhor sempre teve uma relação tensa com os Fanáticos. Chegou a ser xingado…
Horrível. Eu nunca xinguei, mas fui várias vezes. Mas o que mais me deixa triste são as mentiras, os factoides. Eles estiveram junto comigo por oito anos. Esse senhor que nos deixa com o clube na Segunda Divisão foi diretor jurídico remunerado por cinco anos. Aí vem dizer que eu sou centralizador, que isso, que aquilo… e o que eles ficaram fazendo lá nesses oito anos? Recebendo, como continua recebendo? Então seus interesses eram econômicos e financeiros e não o bem do clube.



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