Em 2001 eu tinha 15 anos de idade. Lembro que fui ao meu primeiro jogo sozinho contra o Grêmio e fui o primeiro a entrar no estádio. Estava muito feliz, pois o Atlético tinha sido bicampeão paranaense e eu também estava lá. Foi o primeiro título que eu comemorei dentro do Caldeirão. Lembro que fui a muitos jogos, principalmente nos clássicos, tentava fazer de tudo pra ir cada vez mais e tenho os ingressos até hoje.
E lógico que da final eu não ficaria de fora. Pedi para minha Mãe para ir junto com uns amigos que dormiram na frente da Baixada, mas devido à minha idade ela não deixou, mesmo assim o meu amigo que foi o primeiro na fila comprou o meu ingresso. Eu estava muito confiante; que comprei uma faixa de por na cabeça de campeão e saía no bairro onde eu moro. Muitos riam de mim e tiravam sarro que o Atlético não tinha time pra ganhar do São Paulo, mas eu não estava nem aí. Dentro de mim eu sabia que o Título já era nosso!
Mas a minha avó teve três enfartes e foi para o Hospital uma semana antes do primeiro jogo da final. Eu lembro que fui visitá-la na UTI; não sabia se eu poderia entrar lá, mas talvez deixassem porque talvez fosse a última vez que eu estaria perto dela. Eu entrei na UTI e ela ficou muito feliz em me ver. Eu estava tão feliz porque o Atlético estava na final que talvez não tenha percebido o quanto ela estava fraca, mas ela estava tão feliz que o único neto dela ia numa final de um Brasileirão que falou para mim:’ Não importa o que acontecer; vá ao jogo que o seu time vai ser Campeão’.
Na sexta-feira ela faleceu. Eu lembro que minha irmã atendeu ao telefone e começou a chorar, eu estava no quarto abri a porta e ela me falou que a vó tinha morrido. Eu acho que não me dei conta do que ela estava falando porque eu não falei nada, não tive reação, não chorei, entrei no quarto e continuei vendo TV. De noite fomos para o velório e ficamos a noite toda lá. de manhã, no sábado, ela foi enterrada. Eu até nem queria ir ao jogo, mas eu lembrei que ela tinha me dito para ir. Então no domingo eu vesti minha camisa e esperei até a hora de ir para o jogo, fui de carro com uma vizinha que enfeitou o carro com papel crepom em vermelho e preto. Lembro que choveu um pouco e o carro ficou rosa. Depois do jogo fomos para a sede da Fanáticos para comemorar porque era impossível o São Caetano virar o placar. Voltamos fazendo a maior festa buzinando, buzinamos tanto que quando chegamos em casa a buzina não funcionava.
Esse foi o melhor ano da minha vida porque o Atlético me deu a maior alegria que poderia me dar naquele Natal, apesar deste ter sido muito ruim porque era minha avó que fazia a comida, então sem ela a minha família não tinha clima para comemorar. No ultimo jogo eu queria ir até a Baixada para assistir o jogo pelo telão, mas minha mãe não queria que eu fosse sozinho e ninguém que eu conhecia ia. Então eu fui à casa de uma namorada do meu pai, eles eram porcos e estavam fazendo um churrasco achando que iam comemorar a derrota do Atlético, mas eles nem assistiram ao jogo, nem meu Pai. Eu assisti sozinho junto com minha avó lá no Céu. No final do jogo meu Pai estava junto comigo na sala da casa dos parentes da namorada dele. Ele me deu um abraço forte e comemorou junto comigo. Eu queria ir até a Baixada para fazer a festa, mas ele tinha medo que riscassem o carro dele ou fazer algo pior e me levou para casa. A rua principal perto da minha casa estava cheia de Atleticanos e até uns coxas perdidos no meio da galera comemorando, fecharam a rua, tinha muita gente ficaram comemorando a noite inteira. Nossa, foi muito massa.