Fabiano: “União e alegria fizeram toda a diferença”

Fabiano brilhou com a camisa 6 em 2001 [foto: Julia Abdul-Hak]

Ele se destacou pela regularidade, habilidade e rapidez. O lateral-esquerda Fabiano tinha essas principais características em 2001, ano em que fez parte do time que foi campeão brasileiro, o maior título da história do Atlético Paranaense. Vestindo a camisa 6, partia para cima das equipes adversárias e apoiava o ataque com precisão. Foi dele o chute de fora da área na final do Brasileiro, contra o São Caetano, no Anacleto Campanella, cujo rebote foi empurrado para o gol por Alex Mineiro, dando a vitória e o título ao Furacão.

Fabiano foi descoberto por um olheiro quando atuava no Nacional, de São Paulo, onde começou sua carreira no futebol, em 1997. Foi contratado pelo Atlético para atuar pelos juniores e em 2000 acabou sendo promovido aos profissionais. Sua participação na campanha do título foi uma ótima vitrine para o jogador. Após a conquista do Brasileirão, ele continuou no Atlético para a temporada seguinte, antes de se transferir para o São Paulo em 2003, onde não teve um rendimento tão memorável. Participou de 37 jogos, marcando apenas um gol, contra o Corinthians, na final do Paulistão.

De lá foi emprestado ao Perugia, da Itália, passou pelo Fenerbahçe, da Turquia, até chegar ao Palmeiras, em 2005. No ano seguinte esteve no CT do Caju para recuperar-se de uma lesão e foi cogitado para reforçar o time. Acabou indo para o Arezzo e foi tão bem que arrumou um contrato com o tradicional Genoa para a temporada seguinte. Em 2008 foi emprestado ao Reggina, mas não chegou a atuar. Passou pelo Celta de Vigo e Vicenza, seu último clube no exterior. Chegou ao Guarani em 2010 e seu último clube foi o Criciúma, neste ano.

Confira a entrevista exclusiva de Fabiano à Furacao.com:

O que representou o título brasileiro de 2001 na sua carreira e na sua vida?
Representou tudo. Foi o título de maior expressão que tive no futebol brasileiro, o qual me proporcionou a jogar na Europa e ter novas experiências no futebol.

Qual a melhor lembrança que você tem daquele Campeonato Brasileiro?
Ah, são várias. A união do grupo, a alegria que o grupo tinha de fazer um bom trabalho e jogar futebol. E os últimos jogos também são as melhores lembranças. Foi um campeonato muito importante para nós. Éramos um time forte e jogamos contra equipes de ponta como Fluminense e São Paulo, que eram totais favoritos para serem campeões. Mas fomos bem e conquistamos aquele título.

   

Qual foi o momento mais difícil na campanha?
Quando a gente estava mal no campeonato e aí o Mário Sérgio pediu demissão. Aí chegou o Geninho, assumiu no jogo contra a Portuguesa e a torcida estava nos xingando, falando um monte. Naquele jogo saímos perdendo, a torcida vaiando e o time sem conseguir jogar direito. Aí no intervalo o Geninho conversou com a gente, nos passou tranqüilidade e conseguimos reverter o placar. Dali arrancamos e acho que foi um passo importante no campeonato, justamente quando chegou o Geninho.

Na sua opinião, quem era o melhor jogador do time?
Todos jogavam muito bem e tinham destaque. O nosso ataque era muito importante. O Kléber e o Alex foram fundamentais naquela arrancada, fazendo muitos gols. Mas o time todo estava de parabéns porque foi uma equipe espetacular e tinha um banco muito bom também. Todos podiam ser considerados titulares e facilitava bastante quando o Geneinho quisesse ou tivesse que mudar a equipe conforme o decorrer dos jogos.

Qual foi o fator essencial para a conquista do título?
A união do grupo. Não tinha vaidade, esse negócio de eu sou isso, eu sou aquilo. A gente andava sempre juntos, em todos os lugares. Não importava quem ganhava mais ou quem ganhava menos, o tratamento era igual para e entre todos. As premiações eram divididas sem qualquer diferença também. A união e a alegria fizeram toda a diferença naquele ano.

Como você lidava com o descrédito da imprensa do eixo?
Naquele ano estávamos bem orientados. Concentramos um mês antes das finais e todo dia tinha conversa com a psicóloga, a estrutura que o clube nos oferecia era boa e não deixava entrar muita coisa no que diz respeito à críticas. Os mais experientes, como Nem, Gustavo, Flávio, Alex e Cocito, iam contornando e seguraram a onda, e também nos deixavam à vontade. O Geninho também sempre nos ajudou, ele era o nosso chefe.

Qual foi a importância da Arena e da torcida nos jogos decisivos?
Na verdade a torcida do Atlético sempre foi decisiva. Apesar de o time ser forte, a torcida também sempre foi exigente e cobrava empenho, o que é normal. Mas sempre fez a diferença, não só em 2001. Em 99 mesmo, ou em 95, 004 ou 2005. A torcida é a coisa mais importante que o clube tem e sempre terá. Espero que o ano que vem possa dar uma força maior ainda.

Antes da chegada de Geninho, o time realmente tinha problemas com a “noite”?
A gente sempre gostou de sair, mas a gente sempre jogou, não tinha como cobrar. Se acabar o jogo, você não pode tomar uma e sair, ouvir uma música? A gente é humano também, é normal isso. Mas a gente resolvia em campo. Se ainda não estivéssemos rendendo tudo bem. Mas tem as horas de sair e as horas de não sair.

Qual a importância dos outros integrantes da comissão técnica e funcionários do CT e da Arena na motivação do grupo durante a campanha?
Foi um trabalho muito importante naquele porque todo mundo se ajudou. O pessoal do CT e da Arena, nem se fala. Desde as cozinheiras, faxineiras, até o presidente. Todos estavam sempre junto com a gente, era muito legal. Devemos muito àquele pessoal.

O time mudou muito o jeito de jogar do Mário Sergio para o Geninho?
Na verdade o Mário Sérgio que montou o time no 3-5-2 naquela época e deu a base. Mas acho que ele mudava muito o time. O Geninho não. Desde a hora que assumiu, contra a Portuguesa, ele manteve o time até o final. E isso foi importante porque o time já era entrosado e ficou melhor ainda.

Como foi a preleção na final?
Ele nos disse que a gente já era campeão por tudo que passamos, toda a pressão, situações com a torcida e adversários, vencemos todas as dificuldades. E falou que independente do acontecesse, já éramos campeões, porque nosso time era forte e trabalhador. E assim tudo deu certo e conseguimos o título daquele ano.