23 dez 2011 - 3h58

Ilan: “A Arena era o nosso porto seguro”

“Eu nunca trabalhei com 11 titulares. Tenho um grupo de jogadores titulares. Todos precisam estar prontos para quando forem chamados corresponderem dentro de campo”. O atacante Ilan devia estar bastante atento às palavras do técnico Geninho durante o Campeonato Brasileiro de 2001. Com a punição de Kléber por dois jogos após ser expulso contra o Guarani, coube a Ilan a missão de substituí-lo no primeiro jogo da final, contra o São Caetano, na Arena da Baixada.

Ilan estava pronto e não decepcionou. O jogo mal havia começado quando, aos quatro minutos, o atacante anotou o primeiro gol da partida, abrindo caminho para a vitória atleticana por 4 a 2. Após boa jogada de Adriano, Ilan dominou e bateu na saída do goleiro Silvio Luiz, fazendo a Baixada explodir em alegria. “Eu estava tão certo do nosso sucesso que entrei com vontade e a esperança de fazer pelo menos um gol para poder ajudar na conquista, mas não esperava que o fizesse tão rápido”, relembrou.

Em 2002, Ilan acabou atuando pouco pelo Atlético por causa de uma grave lesão, que o deixou afastado dos gramados por muito tempo. Porém, no ano seguinte, o atacante voltou a atuar bem, marcando muitos gols, o que rendeu uma convocação à Seleção Brasileira para a disputa da Copa das Confederações, junto com Kleberson e Adriano.

Em 2004, continuou marcando inúmeros gols pelo Atlético e chegou a se isolar na artilharia do Brasileirão, mas acabou sendo vendido no meio do ano para o Sochaux (FRA). Ainda passou pelo Saint-Etienne e pelo inglês West Ham (ING) até voltar ao futebol brasileiro para jogar no Internacional no ano passado, mas não teve sucesso.

Em entrevista por email à Furacao.com, Ilan, que atualmente defende o Ajaccio,

Como foi voltar a atuar no futebol paranaense pouco tempo depois de ter deixado o Paraná? Você temeu alguma retaliação da torcida paranista ou não ser bem recebido pela torcida do Atlético?
Não, nunca pensei nisso. Eu sou um atleta profissional e preciso defender as cores do clube em que estou. Além disso, fui muito bem recebido no Atlético e foi uma grande satisfação ter sido campeão brasileiro por um clube da minha cidade natal.

Você logo que chegou entrou bem e marcou um gol contra o Galo. Foi muito aplaudido pela torcida e se tornou um jogador querido. Mas depois deixou de marcar e foi vaiado em alguns jogos, como no empate contra o Paraná. Como foi conviver com essa mudança de comportamento da torcida?
Eu tive muita felicidade no Atlético e acredito ter proporcionado alguns momentos de felicidade para essa grande torcida. Porém, todo jogador de futebol vive de fases e, assim como a torcida, é movido por gols e paixão.

O que representou o título brasileiro de 2001 na sua carreira e na sua vida?
O título brasileiro foi um dos melhores momentos da minha carreira e abriu muitas portas no Brasil e fora também.

Qual a melhor lembrança que você tem daquele Campeonato Brasileiro?
O gol que fiz na final com a Arena lotada e a maneira como o nosso grupo vivia no dia a dia.

Qual foi o momento mais difícil durante a campanha?
A troca de treinador com certeza foi um dos momentos mais difíceis, pois gostávamos muito do Mário Sérgio.

E o time mudou muito o jeito de jogar do Mário Sérgio para o Geninho?
Acho que o time se encontrou, mas devemos muito ao Mário Sergio, pois ele formou a base deste time que acabou sendo campeão brasileiro. Gosto muito dele também.

Ilan: novato no grupo de 2001 [foto: FURACAO.COM]


Na sua opinião, quem era o melhor jogador do time?
Naquela equipe havia vários jogadores de um nível muito alto, porém, acho que o Souza era um dos que mais se destacava no plantel.

Qual foi o fator essencial para a conquista do título?
Vários fatores colaboraram para a conquista do titulo, mas acho que o principal era a coesão, a qualidade da equipe e a maneira simples e eficaz que Geninho nos dirigiu.

Qual foi a importância da Arena e da torcida nos jogos decisivos?
A Arena era o nosso porto seguro e a torcida era o 12º jogador. Nada podia nos parar lá dentro.

Antes da chegada de Geninho, o time realmente tinha problemas com a “noite”?
Acho que nunca tivemos problemas com a “noite”, pois se tivéssemos não seríamos campeões.

Qual a importância dos outros integrantes da comissão técnica e funcionários do CT e da Arena na motivação do grupo durante a campanha?
Todos tiveram sua importância, cada pessoa naquela hora contribuiu como podia.

Teve algum momento específico em que você pensou que o time não ia apenas fazer uma boa campanha, mas ia efetivamente ser campeã?
Acho que nenhum jogador tem a certeza de um título até conquistá-lo efetivamente, ainda mais em um Campeonato Brasileiro, onde existem vários times com condições reais de disputa. Nossa equipe lutava com esse objetivo e felizmente saímos campeões.

Comenta-se que no segundo jogo da final, o Geninho reuniu todos os jogadores no vestiário e entregou uma faixa de campeão a cada um, dizendo que vocês já eram campeões e só faltava confirmar isso e campo. Isso é verdade? Como foi a preleção do último jogo da final?
Essa foi a preleção, ele nos disse que nos tínhamos mais valor que tudo aquilo que acontecia ali e, mesmo se saíssemos de lá sem o título, para ele nós éramos campeões. Isso foi muito motivante.

O Kléber e o Alex Mineiro foram expulsos no jogo contra o Guarani e seriam julgados às vésperas da final conta o São Caetano. Com isso, o Atlético corria o risco de perder o ataque titular. O Kléber pegou dois jogos e o Alex foi liberado. Com isso, você foi titular, numa baita pressão. Como foi substituir o Kléber no primeiro jogo da final?
Eu estava tão certo do nosso sucesso que entrei com vontade e a esperança de fazer pelo menos um gol para poder ajudar na conquista, mas não esperava que o fizesse tão rápido.

Como era o seu relacionamento com os titulares Alex Mineiro e Kleber, e com o reserva Adauto? Havia muita disputa entre os quatro?
Era uma disputa sadia. Cada vez que um jogava o apoio era total.

O que passou pela sua cabeça ao marcar o gol logo nos primeiros minutos na decisão?
Muita alegria e orgulho de ver a Baixada vibrando com o gol.

Colaboração: Ricardo Araújo Dall’Igna



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