Comecei a gostar deste time já com sofrimento. Morava na Rua Pasteur, que termina bem no meio da Arena. E nos tempos de piá, nem dava muita bola para futebol. Meu pai era Ferroviário e minha mãe coxa branca. Quase todo domingo ia ao Durival, mas nem assistia jogo. Gostava de ficar com alguns amigos, numa cancha de salão que tinha na Vila, no tempo ainda de Concha Acústica. Mas num domingo fui a um Cap-Caf la na vila com meu pai e meu tio, este sim, Atleticano doente até hoje, o grande Tio Otilio Capistrano. Ao entrarem em campo perguntei que time era aquele com a camisa do Flamengo. E ali nasceu meu Atleticanismo, ainda mais que foi sofrido, pois perdíamos de 2 x 0 e empatamos em 2 x 2 com gols do Valter, um centro avante baixinho, mas vigoroso.
Depois disso, nunca mais deixei de ir à Baixada, hoje Arena. Mas a maior alegria só podia ser 2001, pois morava em Brasília no dia do jogo com o São Caetano e assistia ao jogo com um amigo coxa. Quando eles fizeram 2 x 1, meu amigo comentou: “Fechou o caixão”. Fiquei indignado, mas depois ri por último. No último jogo, estava aqui com minha familia, assisti ao jogo, fiz festa, desfilei com minha familia com o carro todo embandeirado no Batel e, embora não goste de tumulto, fui tomar uns chopp na Arena, direto do caminhão da Brahma. Foi um dos dias mais felizes de minha vida e espero que não demore muito a acontecer novamente.