6 maio 2013 - 12h32

Antônio Lopes: time brigará por G4 do Brasileirão

A aposentadoria como treinador, após 30 anos de sucesso na função – e mais dez em outras posições no futebol – não é sinônimo de descanso para Antônio Lopes. Aos 71 anos, o “Delegado“ deu o pontapé inicial na carreira de diretor de futebol (“após um ano de intensa preparação”) no Atlético, a convite do presidente rubro-negro, Mario Celso Petraglia.

Sua “jornada de trabalho” passou a ser de 12 horas diárias, no ousado projeto do Furacão em ter uma pré-temporada mais longa e no exterior ao elenco principal, e com o Sub-23 disputando o Estadual. Na entrevista (intercalada por uma reunião e interrompida por outra, para mostrar que Lopes anda mesmo atarefado) que segue, Lopes avalia as razões da garotada ter conquistado o returno, traz boas expectativas quanto ao time principal, e fala sobre o panorama da sua nova profissão no futebol nacional.

Como surgiu a oportunidade de ser diretor de futebol do Atlético?
Parei de trabalhar como técnico ao final de 2011 e tirei o ano de 2012 para seguir a carreira de gestor de futebol com tranquilidade e eficiência. Fiz um curso de três meses de gestão esportiva no Instituto de Administração Jurídica (IAJ) do Rio e participei de congressos e eventos ligados a gestão esportiva e de marketing. Petraglia soube que eu estava me preparando para esta função, fez o convite e aceitei.

O longo tempo no futebol ajuda muito você…
Sim. Tenho um período de 40 anos no futebol, como preparador físico, auxiliar-técnico, e 30 anos como treinador, que têm me ajudado a dar o suporte para que a comissão técnica faça o melhor trabalho possível. São muitas reuniões para ver o trabalho como um todo, desde a preparação dos goleiros até as equipes. Em paralelo, faço a parte administrativa, dos contatos com empresários para ver jogadores – que, logicamente, não faço sozinho. Há jogadores indicados, os treinadores participam da formação de plantel. Só não trabalho dentro das quatro linhas. A experiência como delegado também me ajuda na parte administrativa. Por ser advogado, sei interpretar a Lei Pelé, tenho conhecimentos da CLT e de contrato com os jogadores…

O período de trabalho é parecido com o de treinador?
Acho que como gestor você trabalha mais! Treinador se resume a campo, preparação, equipe, treinamentos. Mas trabalho de gestor, é bem mais forte. Trabalho em torno de 12 horas por dia. Isso, quando o presidente não me chama pra alguma reunião com ele. E todo mundo sabe como é o nosso presidente. Como ele trabalha pra caramba, a gente acaba saindo muito mais tarde.

Falando sobre a recente conquista atleticana (o segundo turno do Campeonato Paranaense) que você comemorou publicamente. felicidade fica maior por ser uma equipe Sub-23?
É lógico! O projeto que foi idealizado pelo nosso presidente tem muito a ver com o sucesso. O bom projeto que o Petraglia colocou, ao lado do trabalho da comissão técnica e dos jogadores, gestores e diretores influíram no bom rendimento do Atlético-PR para a conquista deste turno.

Além de todo o mérito atleticano para a conquista do segundo turno, houve também um enfraquecimento dos adversários?
Não, acho que neste ano grandes clubes participam do Estadual. O próprio Coritiba, com sua equipe principal, o Londrina, que fez um campeonato excelente, o J. Malucelli também estava com um bom time, o Paraná, que fez um bom primeiro turno. Não foi por fragilidades. Acho que foi pela competência do Sub-23. No primeiro turno, o Atlético ainda estava em formação. O Arthur Bernardes estava formando o time ideal no decorrer da competição. No segundo turno, encaixou tudo. E o nosso time foi bem.

A excursão à Europa que o Sub-23 do Atlético fará visa negociação de jogadores?
Não estamos visando negociação. Vamos continuar com o trabalho que iniciamos no Estadual. Pensamos na renovação do grupo, e na complementação da formação dos garotos. Queremos revelar jogadores, e fazer a transição à equipe principal. É este projeto que deu certo, e vamos prosseguir durante o transcorrer da temporada os mesmos objetivos. Temos dois torneios acertados para disputar no exterior, depois do final do Paranaense.

Pensando na equipe principal, qual deve ser a expectativa do torcedor para 2013?
Acho que a equipe fez uma pré-temporada que outros clubes não tiveram oportunidade de fazer, no exterior, disputando torneio com boas equipes da Europa, ganhando um torneio na Espanha. Assim como deu tudo certo para a equipe Sub-23, tem tudo para dar certo com o time principal. O time principal comprovou que é bom, com a conquista do torneio internacional e a passagem de fase da Copa do Brasil. Eu acho que o Atlético está com um bom time, tem bons jogadores. Seus resultados iniciais são o prenúncio de uma temporada muito boa. Na Copa do Brasil, a equipe tem todas as condições de lutar pelo título. Considerando que temos grandes equipes que vão disputar, acho que essa equipe comandada pelo Ricardo (Drubscky) tem condições de beslicar uma vaga na Libertadores no Brasileiro. Não vou dizer que será campeã, mas posso garantir que tem uma equipe que lutará pelos primeiros lugares.

Quando era treinador, você sentiu falta de um projeto como o que o Atlético faz este ano?
Senti, acho que o futebol brasileiro precisava disso há muito tempo, em decorrência do calendário estreito do nosso futebol. Esse projeto do presidente foi espetacular, e creio que vários clubes vão copiar. Principalmente, os grandes, que vão incrementar este projeto, para aproveitar a categoria de base do clube.

O Furacão passa por uma obra na Arena, e vem fazendo sacrifícios visando a Copa-2014. O investimento no futebol foi muito afetado?
Não. Acho que o (Mario Celso) Petraglia, que é um dos melhores presidentes de clube com os quais já trabalhei, está conseguindo equilibrar tudo. Todas as condições de trabalho que são exigidas para a equipe principal e a Sub-23 funcionarem bem, nós fornecemos. Tudo o que o Ricardo (Drubscky) quer, estamos fazendo. Não tem nenhuma influência negativa, eu acho que, pelo menos, nós estamos procurando tudo aquilo que o futebol quer para o Atlético fazer uma boa campanha em 2013. E estamos otimistas quanto à reforma da Arena, que tornará o Atlético uma das maiores potências do futebol mundial.

Está fechado o planejamento para o Brasileiro?
Tudo o que a gente podia dar para o elenco principal, já está feito. Só falta uma ou outra contratação, mas é segredo de estado.

E quais jogadores da equipe Sub-23 reveladas durante o Paranaense que você acredita que terão futuro na equipe principal?
Olha, tão logo termine o Campeonato Estadual, nós vamos fazer uma análise de todo o grupo que participou da Sub-23. Veremos os jogadores que serão guindados ao elenco principal, os que jogaram melhor, e os que permanecerão na Sub-23. Mas só depois do término do campeonato, vamos fazer a reunião para analisar a equipe e dar destino aos jogadores.

Como está a estrutura que o Atlético vem oferecendo para o seu trabalho?
No meu entender, o único clube em termos de estrutura que se compara ao Atlético é o Atlético-MG. O Furacão está acima dos grandes clubes do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Rio Grande do Sul, tranquilamente. Muito graças à visão do Petraglia, que é um administrador extraordinário.

Depois deste ano dedicado a estudar, acredita que a gestão é um bom rumo para nosso futebol?
Com este advento da função de gestor esportivo, o futebol brasileiro está requerendo uma profissionalização, e isto fez com que ele desse uma alavancada. Em termos de administração de clube e de gestões, o futebol está evoluindo muito.

A tendência dos técnicos é de se renovarem e também se tornarem gestores de futebol?
Depende da aptidão de cada um. Há treinadores como o Vanderlei Luxemburgo, que acho que têm chance de ser um bom gestor. Ou o (Carlos Alberto) Parreira, que, pela capacidade dele, dava para sentir que, ao deixar de ser treinador, pudesse ser um bom gestor. Na Seleção Brasileira, ele também está fazendo um trabalho dentro do que eu fazia em 2002, restrito à comissão técnica.



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