29 ago 2013 - 11h41

Sete anos depois, Matthäus pede desculpas à torcida

“Não fui correto.” Foi assim que Lothar Matthäus resumiu sua rápida e polêmica passagem como treinador do Atlético, entre janeiro e março de 2006. No Brasil para assuntos profissionais, o alemão abriu o coração e, pela primeira vez, reconheceu ter tomado atitude errada quando deixou o Furacão sem dar adeus à torcida. Mais: disse que essa foi a única decisão que gostaria de mudar em toda a sua carreira. E, sete anos depois, pediu desculpas aos rubro-negros.

Depois do Atlético, Matthäus passou pelo comando do Red Bull Salzburg (Áustria), do Maccabi Netanya (Israel) e da seleção da Bulgária, mas não trabalha como treinador desde 2011. Atualmente, é comentarista em uma TV alemã. Segundo o ex-jogador, que disputou cinco Copas do Mundo (1982, 1986, 1990, 1994 e 1998), ele foi obrigado a sair do país por problemas particulares e se arrepende até hoje.

– Não fui correto. No fim, eu realmente me sinto… Não digo que me sinto envergonhado. Mas eu deixei algo que não poderia ter deixado. Tudo foi tão bem em Curitiba, os jogadores eram talentosos. Dagoberto, Michel Bastos… Um time muito bom, um presidente bom (Mário Celso Petraglia), grande torcida. Se pudesse mudar uma decisão na minha carreira, como jogador ou técnico, seria essa. Gostaria de pedir desculpas aos torcedores do Atlético.

Em 28 de janeiro de 2006, a diretoria do Furacão surpreendeu ao anunciar, em um contrato que valia R$ 3 milhões, a chegada de Matthäus, até então a maior aquisição da história do clube. A torcida logo se empolgou. Recebeu o novo treinador com bandeiras da Alemanha na Arena da Baixada. Além disso, os dirigentes ofereceram gama de regalias ao ex-jogador, como escola para a enteada, dois carros e uma mansão em condomínio de luxo de Curitiba. Em sua apresentação, dois dias depois, chegou a dizer que "gostaria que a parceria durasse mais de um ano. Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que o presidente do clube me mantenha.”

A promessa ficou longe de ser cumprida. Menos de dois meses depois, oitos jogos, seis vitórias e dois empates, Matthäus reclamou de salários atrasados, mas o clube negou. No dia 7 de março, o site oficial do Furacão anunciou que o treinador se ausentaria do clube "por alguns dias para resolver assuntos pessoais na Alemanha". O treinador deixou o treino da manhã no CT do Atlético e viajou para São Paulo, onde fez voo de conexão para Frankfurt. No dia 20 de março, a diretoria anunciou o desligamento de Matthäus do cargo.

– Não aconteceu nada. Eu tive que voltar para a Alemanha por assuntos particulares. Não foi por mim, foi outra pessoa que me deu essa ideia de sair de Curitiba de um dia para o outro. Esse foi o meu maior erro. Se eu pudesse mudar algo na minha carreira, nos 35 últimos anos, eu gostaria de mudar essa decisão. Eu não mudaria a final da Liga dos Campeões de 1999 (Bayern perdeu por 2 a 1 para o Manchester United nos acréscimos). Quando você perde, você perde – explicou o alemão, no Rio.

Apesar de curta, a passagem de Matthäus por Curitiba teve algumas polêmicas. A imprensa paranaense noticiou que Marijana, então esposa do técnico, foi quem pediu seu retorno à Alemanha, com ciúmes do marido no Brasil. O treinador se envolveu ainda em uma briga com um fotógrafo no saguão do hotel onde morava na capital paranaense (Matthäus teria até levado um soco na discussão). Nove dias após o anúncio da saída do alemão, o Atlético publicou no site oficial as contas telefônicas que não foram pagas pelo ex-jogador, nos valores de R$ 3.068,71 e R$ 9.938,91.



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