A Arena da Baixada é simplesmente deslumbrante, linda, espetacular, maravilhosa, mas extremamente perigosa. Ela é como a mulher bela que seduz a todos, atrai-os , mas assim que os prende na rede dos seus olhos, engole-os e os sufoca com toda sua maldade peçonhenta.
No jogo contra o Corinthians fiquei com pena dos garotos. A bola parecia estar em chamas, ninguém a queria por perto. Tratavam de se livrar dela o mais rápido possível.
Povo ansioso, com poucos minutos de bola rolando, aí já acostumados com a beleza da Arena, nem se importavam mais com os detalhes da obra magnífica. O que eles queriam ver mesmo era a bola rolando com qualidade.
à medida em que os desejos do povo não eram atendidos, a cobrança se intensificava mais. A proximidade da torcida tornava os nossos garotos assustados.
Amigos, vocês já viram alguém em tal estado emocional produzir maravilhas?
O que eles queriam mesmo é livrar-se da bola o mais rápido possível. Tocavam pros lados, pra trás, davam chutão, enfim, queriam se livrar da bola de qualquer forma.
Essa prática fazia aumentar ainda mais a ansiedade e a cobrança por parte dos torcedores implacáveis. Houve momentos em que me lembrei do clima de linchamento que tem seduzido o povo brasileiro, cansado de tantas injustiças sociais.
Nós teremos problemas sérios daqui pra frente. Em pouco tempo ninguém mais se lembrará da beleza da Arena. O povo é assim mesmo, ingrato por natureza. Não conseguirá ser diferente porque o futebol continua como era desde a sua criação. Ele está a todo momento nos dizendo: o negócio é bola na rede.
Precisamos aprender a respeitar os erros e a ansiedade dos meninos ou a diretoria precisará contratar jogadores que não se abalem com cobranças alucinadas. Problema à vista: onde encontrá-los e por qual preço?