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21 maio 2014 - 20h06

Entrevista Petraglia

Eu tenho uma imensa admiração e respeito pelo MCP, como todo atleticano, de certa forma, todos nós temos que reconhecer e sermos gratos por tudo que ele nos deu e realizou em prol do clube.
Eu já tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, troquei algumas palavras com ele e com o Holzmann, enfin, foi um prazer apertar a mão de uma pessoa que todos nós devemos gratidão. Negar isso é um erro.

Sou totalmente contra a radicalidade, de qualquer forma. Da mesma forma que a unanimidade é burra, a radicalidade também é. O CAP tem se tornado uma panela política perigosa nos últimos anos, onde divergir, mesmo que educadamente, tornou-se um ato de rebeldia e apologia a oposição, e da mesma forma agradecer e reconhecer tornou-se “puxassaquismo”.

Talvez por essa forma de ver a coisa politicamente, as coisas se acirraram mais do que deveriam, pois as críticas são cada vez mais acaloradas ao mesmo passo que as apologias se tornam também superdimensionadas.

Acho que futebol é mais que isso. Futebol é acalorado, é apaixonado, e se não for assim não é futebol. Nós Atleticanos, sócios ou não, de Curitiba e interior, temos sido quentes, mas apenas politicamente, e não para o futebol em si.

E isto é um reflexo. É ai onde temos que rever posturas e verificar onde está o erro.
Digo que é um reflexo pois a diretoria demonstrou muito mais energia, marketing, enfim, esteve muito mais interessada em concluir a Nova Arena do que com o futebol do Atlético.
E isso reflete na torcida, pois a torcida em sua essência, quer futebol, e como o futebol aparenta (eu disse aparenta) estar em segundo plano, parece que o apoio está sim diminuindo.

Discordo do MCP quando ele cita que vaiar o técnico é desdenhar ou não crer na diretoria. Afinal, não se pode manter no cargo de técnico uma pessoa que não apresentou padrão de jogo definido, uma jogada ensaiada visível, que não tinha o apoio sequer da minoria dos jogadores, e que ainda criticou MCP pela falta de reforços e por ofertar pouca condição de trabalho, deixando no ar que foi contra o afastamento de alguns atletas (talvez não todos). Enfim, a passagem de Portugal por aqui foi algo que nos ajudou em relação aos espanhóis, e mais nada. Num grupo jovem, a passividade dele incomodava a quem assistia.

Concordo com o Petráglia quando cita que o ritmo associativo está baixo. Particularmente eu creio que não conseguiremos atingir sociedade monstruosa na Arena. O fator nova casa gerará um impacto inicial forte, quando estivermos em casa teremos 30.000 por jogo no mínimo, mas temo que a falta de time a altura tire o brilho do espetáculo. Time de nível custa caro, assim como os títulos. A torcida precisa sim fazer mais, principalmente aqueles que moram em Ctba e RM, mas a diretoria também precisa fazer mais, pois senão até discutirmos se “vende mais por que é fresquinho, ou se é fresquinho porque vende mais”, perderemos semestres, anos, enfim, Será um circulo vicioso. A diretoria precisa criar um fato novo, mas não na arquibancada e sim dentro das quatro linhas. A Arena atrairá público, mas jogadores atrairão a torcida.

Não creio ser falta de respeito divergir. A Arena é espetacular, mas somos torcedores e torcemos pelo CAP, e não pela Arena. Ganharemos no grito muitos jogos como históricamente temos feito, mas eu creio que MCP não fez uma casa dessa pra ganhar jogos no grito apenas.

Quanto as vaias, essas não irão acabar, pois hoje temos um público elitizado, que paga caro, que tem conforto, e exige qualidade. Hoje não temos pão com bife e sim Madero. Hoje não temos mais os caras que lotavam os interbairros, iam tomar sua cerveja, cantavam pelo Atlético e não contra ou a favor de presidentes, muitas vezes nem viam os gols, mas apenas gostavam de ver a camisa jogar com raça, ficavam satisfeitos apenas com a entrega dos jogadores, pois os resultados por vezes não vinham.

Hoje a coisa evoluiu, e essa evolução gigantesca que o MCP fez, nos tirando da terceira linha do futebol e nos colocando num nível de respeito e destaque, acabou sendo radical demais. A elitização é necessária, pois futebol é caro e injusto, todos sabemos, mas ela inegavelmente alterou a essência do frequentador do estádio hoje.

Aquele público que emocionou MCP no fatídico atletiba da Páscoa, não existe mais. A administração de MCP é gigantesca e única no país, porém prega qualidade, e esta infelizmente é criticada por partes da torcida por ser vista apenas em patrimônio. A solução para isto é investimento em futebol, pois todos entendemos o projeto e que temos sim condições de ser o clube do futuro, mas talvez não pensemos como MCP, e queremos um imediatismo que não é injusto, e sim apenas de acordo com o próprio projeto. Afinal, nos individamos em tudo, menos dentro das 4 linhas. O presente se faz importante, é preciso investir nele no campo, trazendo jogadores, ‘reforços’, como disse Portugal, trazendo junto novos sócios. Caso contrário, ficaremos numa espécie de “média”, não condizente como o próprio projeto.

OBS- o plano de sócio- ausente (ou do interior, etc…) na minha opinião não foi bem elaborado, pois vai acabar sendo um “elas por elas”. Pagar pra ter direito a meia entrada não vai atrair sociedades novas. Porque não se faz 50% do valor para 50% dos jogos? Creio ser uma melhor opção.
Saudações e muito boa sorte a todos!

‘Perdoai nossa ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’



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