Minha casa, minha vida
Cresci numa casa modesta mas muito acolhedora e aconchegante. As arquibancadas eram de tijolos expostos, sem qualquer reboco. A social era pequena e o luxo eram os bancos em ripas de Madeira e sob elas estavam os vestiário. Os túneis, quase que invariavelmente se achavam alagados.
Ali foram foram plantadas as sementes de uma paixão que arrebata hoje milhões de pessoas.
Este era o cenário de momentos memoráveis como, por exemplo, os quatro gols de Ziquita em jogo que perdíamos para o Paraná por quatro a zero. O êxtase era total. A charanga desfilava dando a volta no anel das gerais entoando o hino. Esta imagem permanece viva na memória de que lá estava. Inesquecível.
Em várias ocasiões especulava-se a venda da Baixada, ameaça que atormentava quem amava aquela casa que abrigava o time que gerava tamanha paixão.
Quase fomos parar no grande e frio Pinheirão. Felizmente atleticanos da velha cepa que já estavam no céu intercederam e não permitiram que abandonássemos aquela casa que era a nossa vida.
Veio então uma revolução patrimonial. Nossa casinha modesta virou o mais moderno estádio do Brasil.
De repente, o Brasil será sede do maior evento futebolístico do Mundo. Obviamente o melhor estádio seria sede da Copa. Surpreendentemente as exigências da Fifa fizeram destruir aquela maravilha. Surge então uma grande obra que tem como maior alicerce a fé de uma torcida que mesmo na segunda divisão se manteve fiel pagando suas mensalidades. Contra tudo e todos lá esta uma casa luxuosa e magnifica.
Alguns fazem restrições a prevalência da cor cinza ,dentre eles eu, mas isso não tem a mínima importância, isso será superado com a montagem de um grande time que possa motivar a flamante e colorida torcida.
Para que toda essa beleza não se torne um espaço vazio e triste e preciso afastar a aura de beligerância ,intransigência e elitização que paira sobre nossa instituição.
Somos os detentores de recordes de publico em todos os estádios da cidade. Não podemos nos afastar do povão. A luxuosa mansão não pode deixar de reservar espaço popular. E inadmissível vermos o Furacão jogar para mil e poucas pessoas em jogo de mando seu.
A propósito as organizadas devem estar vendo o tamanho do prejuízo técnico e financeiro que causam ao clube.
Nossos diretores precisam mudar o enfoque. Ao invés de condicionarem um grande time a adesão de 40.000 sócios deveriam montar o grande time como mote maior para se atinja aquele número.
Os exemplos estão aí. As torcidas que mais cresceram foram aquelas que conquistaram mais títulos. Que as novas gerações possam fazer da suntuosa casa também uma semente de paixão para as que estão por vir. Assim seja.