22 de maio e a Curva da Laranja
Curitiba, 22 de maio de 1994. Depois de algum tempo perambulando por estádios que não deixaram saudade, (no máximo, saudade do mignon com queijo da antiga churrascaria do Couto) enfim voltamos à Baixada. No meu caso, aos 8 anos, não exatamente voltava. Mas sim, ia pela primeira vez à nossa casa.
Eu, meu pai e meu irmão chegamos cedo. Primeiro, fiquei maravilhado com o CAP da entrada. Depois, meu pai me apresentou a Curva da Laranja. Em seguida contou a história do Ziquita. Cruzamos a arquibancada e fomos para trás do gol da Madre Maria. Foi lá que vimos a apresentação festiva que contava a história da fusão de Internacional e América. E lá assistimos ao inesquecível Atlético x Flamengo. Não inesquecível pela qualidade técnica. Mas sim pelo significado do evento.
Na partida, fomos dominados pelos rivais. Perdemos pênalti. Tínhamos um elenco medíocre. Tudo o que hoje seria motivo para os mais estressados se descabelarem. Mas, naquela época, mesmo sendo de vacas magras, a gente sabia ser feliz. Com tudo contra, cantávamos até a garganta não aguentar mais. E fomos premiados pelo gol de bunda mais incrível do futebol mundial. O então desconhecido Ricardo Blumenau (que, aliás, se manteve desconhecido) fez 1×0 para o Atlético no apagar das luzes e encheu de alegria aqueles milhares de atleticanos presentes no cotejo.
De lá para cá, nossa casa cresceu, nos deu diversos momentos incríveis e ficou mais alguns anos longe da gente. Hoje, exatamente 20 anos depois daquele domingo inesquecível, entregamos as chaves para Fifa. Emprestamos a Curva da Laranja para a Copa do Mundo.